Os debates em torno dos efeitos do tabagismo sobre a sociedade chegam ao seu final nesta quarta-feira, 26, em Genebra, na Suíça. É o último dia da 4ª Reunião das Partes (MOP-4) do Protocolo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco, uma espécie de extensão da COP-11, que ocorreu ao longo da semana passada, voltada a avaliar meios de inibir o consumo de tabaco no mundo.
A quarta reunião iniciou-se na segunda-feira, 24, tendo como local a sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo em vista que o centro internacional de convenções hospeda um evento em outra área.
Na abertura da MOP, o chefe da Convenção-Quadro, Andrew Black, apontou que o esforço dos países é no sentido de colaboração internacional para enfrentar quem atua com produto ilegal. O cálculo atual é de que esses produtos ilícitos ocupam fatia de 11% a 12% do comércio no planeta, o que representaria uma evasão de divisas na casa dos US$ 47,4 bilhões.
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No Brasil, o mercado ilegal hoje chega a deter em torno de 32%, isso considerando o cigarro convencional, introduzido no território a partir do Paraguai ou oriundo de fábricas clandestinas.
No primeiro dia de debates da MOP, houve a participação de representação da Interpol, a Organização Internacional de Polícia Criminal, com relatos do trabalho que tem sido feito nessa área. E ainda houve depoimentos pontuais de autoridades do Gabão, na África Central, e Letônia, situada na região do Báltico, na Europa, sobre as iniciativas que implementaram na repressão ao comércio ilícito de tabaco. O fato é que são atores muito periféricos nesse contexto, pois o problema teria de ser atacado (com ações que servissem efetivamente de exemplo) em mercados maiores, e não em locais inexpressivos no conjunto do comércio global de produtos de tabaco.
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Até que ponto haverá algum avanço prático no combate ao ilícito, isso dependerá muito menos de alguma recomendação que possa vir da MOP. Será necessário empenho do governo brasileiro e dos organismos de repressão ao contrabando em nível nacional, bem como um rigor maior na fiscalização dentro do País.
Enquanto a COP mira o mercado legal, não tem havido qualquer possibilidade de convencer o ilícito a deixar de atuar. Isso traz enormes prejuízos tanto à saúde, com produto sem controle (inclusive cigarros eletrônicos, não regulamentados no Brasil), quanto ao erário público.
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Mercado
Os riscos relacionados ao mercado ilícito de produtos de tabaco vão além dos impactos econômicos para as indústrias, diante da expansão de um comércio desafiador. Este é o consenso entre os participantes da MOP-4. Foi nesse sentido que o chefe da Convenção-Quadro, Andrew Black, ressaltou a importância da cooperação internacional para enfrentar a atividade. “O comércio ilícito de produtos de tabaco em todo o mundo prejudica a saúde pública, alimenta o crime organizado e priva os governos de receitas vitais”, afirmou.
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Quando se fala em produtos ilícitos ligados ao tabaco, está a venda de eletrônicos, que no Brasil são proibidos, mas entram com facilidade trazidos de outros países. Prova disso é um levantamento da Anvisa que apontou crescimento de 153% nas apreensões de cigarros eletrônicos nas rodovias brasileiras ao longo de 2024.
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Uma pesquisa da Escola de Segurança Multidimensional (Esem) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Ipsos, revelou ainda que o Rio Grande do Sul deixa de arrecadar R$ 552,9 milhões por ano em impostos em função do comércio ilegal desses produtos.
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