Um santa-cruzense está lutando pela liberdade de um povo. Thiago Forster, 40 anos, é um dos integrantes do Exército da Ucrânia que desde fevereiro de 2022 está em guerra para defender seu território do avanço da Rússia. O conflito, uma continuidade de tensões que se intensificaram em 2014, segue de forma intensa, sem previsão de paz ou cessar-fogo.
Em entrevista exclusiva à Gazeta do Sul, o militar, que há 15 anos atua como contratado em operações e combates pelo mundo, dá detalhes sobre a guerra no Leste Europeu e dos momentos de tensão que viveu após ser atingido em um ataque a tiros.
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Forster conta que iniciou a carreira no Exército Brasileiro, onde ficou por dois anos. Após servir em outros países, passou a exercer a profissão de militar contratado e a trabalhar na defesa e proteção de pessoas no exterior que necessitavam de segurança privada.
“Foi onde conheci outros militares contratados e surgiram oportunidades. Fui indicado e passei a atuar na segurança privada de empresas internacionais”, conta o santa-cruzense.
Em fevereiro deste ano, Forster passou a integrar as forças de segurança da Ucrânia, onde é o comandante do grupo de militares brasileiros que integra o Batalhão Cartier da 13ª Unidade do Exército. Ele passou por momentos de tensão ao ser ferido em um ataque a tiros do exército russo. “Isso foi há três meses. Estávamos há sete dias em combate e recebemos uma informação errada. Caímos dentro da trincheira dos russos”, conta.
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No confronto, Forster foi atingido por quatro disparos. “Dois tiros pararam no pente, um no quadril e outro no maxilar, saindo na nuca. Fiquei paralisado por algum tempo e fui voltando devagar. Consegui ir rastejando até meu colega, que me auxiliou no atendimento. Juntos, percorremos 8 quilômetros a pé.”
O militar foi levado para um hospital de campanha e, quatro horas depois, para o hospital de Karkiv. Forster conseguiu se recuperar e não teve lesões ou sequelas do ataque. “Já estou operando novamente, da melhor forma possível”, garante.
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Sem expectativa de paz
Sobre o conflito na Ucrânia, Thiago Forster afirma ser o combate mais pesado e moderno do mundo. “A guerra é caos, inferno e tempestade o tempo todo”, testemunha. Ele salienta que o povo ucraniano é guerreiro e resiliente e que o exército do país não ataca civis, somente militares adversários.
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“Na região de Karkiv, a Rússia mandou mísseis para uma escola e drones para atormentar e retirar os moradores das cidades, com o objetivo de promover uma invasão em massa. O povo entendeu a estratégia e se mantém apoiando as forças armadas. A Ucrânia é uma nação unida”, destaca o santa-cruzense.
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Sobre o fim da guerra, acredita que independe de qualquer entendimento político entre os países. O combate não para. “Na nossa região, temos uma média de 15 a 20 homens abatidos por dia, seja inimigo ou amigo. É um massacre diário, as pessoas não fazem ideia do que acontece”, explica. “Não existe tramitação de paz ou de cessar-fogo na minha região de confronto. Essa guerra ainda vai durar mais alguns anos.”
Em junho, polícia localizou e apreendeu armas do militar
Em ação da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Santa Cruz do Sul no dia 18 de junho, um arsenal de propriedade de Thiago Forster foi apreendido em um imóvel desabitado do militar no Bairro Arroio Grande. Na época, o delegado Robinson Palominio, titular da DPPA, informou que a ação era resultado de investigação sobre suposta ameaça de Forster contra um homem, com uso de arma de fogo. Os policiais obtiveram informações sobre o armamento, o que levou ao pedido de busca e apreensão deferido pela Justiça.
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Sobre essa operação, Forster conta que se encontrava em combate na Ucrânia quando teve conhecimento. Acredita que houve um equívoco. “Todo o armamento que estava em minha posse é registrado de acordo com as normas do Exército e da Polícia Federal. Tudo estava legalizado.”
Ele salienta que atua como instrutor de combate, armamento e tiro no Brasil, na Ucrânia e em outros países. “É um material de trabalho que utilizo para instrução de civis e militares.”
O militar permanece na Ucrânia até a próxima semana. De férias, retornará ao Brasil para rever a família. Deve ficar na cidade até 15 de janeiro, quando voltará ao exterior para seguir em combate.
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