Leio mais de cinco jornais e revistas diariamente, sobretudo seus textos de política e economia. Respeito e admiro as empresas e os profissionais de imprensa. Todavia, lastimo observar que há frequentes submissões às narrativas e uma notória autocensura. Exemplos.
1 – Tem-se repetido notas e notas sobre a “a tal da queda do desemprego”. Como o IBGE apenas contabiliza pessoas que tenham procurado emprego nos últimos trinta dias, trata-se de uma “construção e conclusão artificial”.
Afinal, ignora que há mais de 20 milhões de famílias no Bolsa-Família. Ainda que louvável e necessária política pública, são milhões de pessoas. Alguns com ocupações informais e/ou “pejotizadas”, é verdade, mas a maioria é desempregada. E gostaria de carteira assinada e direitos previdenciários!
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Questão colateral, pouco associada ao tema “desemprego”, é o não crescimento industrial, histórico empregador. E o próprio comércio tem queda de empregabilidade face ao fechamento de lojas físicas em profusão.
Em resumo, seria correto, ao menos, que toda menção “ao tal do indicador de queda de desemprego” fosse acompanhada de observação que identificasse alguns parâmetros da pesquisa, a exemplo do acima mencionado.
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Várias vezes tratei desse tema, a irrealidade resultante dos parâmetros adotados. Finalmente, alguém foi mais contundente. Refiro-me à última edição da revista Veja, sob o título: Números oficiais não mostram situação precária do mercado de trabalho do Brasil.
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2 – Isenção do Imposto de Renda. É incrível como foi “aceita” com naturalidade a deliberação e o modus operandi. O que deveria ter sido uma atualização da tabela de deduções do IR (ignorada anos após anos), em ato legislativo periódico , em síntese, virou um ato político-eleitoreiro. Com alto investimento em publicidade e em tons populistas e oportunistas.
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3 – Nos últimos sete anos, especialmente, talvez os casos mais graves de submissão e autocensura jornalística digam respeito ao Supremo Tribunal Federal (STF), pródigo no festival de invasões de competências, ações ilegais e inconstitucionais. São inúmeros os casos relativizados pela imprensa, e outros tantos, pior, “abençoados e lacrados”.
Ironicamente, nos últimos dias, inúmeros jornais e programas televisivos têm afirmado que chegara a hora de o STF conter-se nos seus excessos. E encerrar tal conduta. Logo, deduz-se que estaria perdoado das ilegalidades e das injustiças cometidas. Hipocrisia explícita.
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O jornalismo profissional é essencial em qualquer sociedade, notadamente naquelas que se autoafirmam como democráticas e de direito. Sim, é verdade que são tempos diferenciados, complexos e delicados social e politicamente, mas resistir às narrativas tribais e governamentais é mais do que uma obrigação profissional, é tarefa cívico-social!
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