O Hospital Santa Cruz (HSC) convive com um déficit financeiro que soma cerca de R$ 150 milhões em endividamento bancário, reflexo de anos de defasagem nos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS). O dado foi confirmado pelo diretor-geral da instituição, Rolf Fredi Molz, ao detalhar a situação financeira do hospital e as perspectivas para reduzir o desequilíbrio nos próximos anos.
Segundo Molz, embora alguns procedimentos tenham passado por atualizações pontuais, os valores pagos pela tabela SUS seguem insuficientes para cobrir os custos reais da assistência. “Esse endividamento não é de agora. É crescente e decorre da defasagem da tabela SUS. Nem todos os procedimentos conseguem dar conta dos custos envolvidos”, afirmou.
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Atualmente, o HSC paga cerca de R$ 2 milhões por mês apenas em juros, valor que compromete diretamente o caixa da instituição. “É um número que realmente drena um recurso importante do hospital e traz dificuldades no dia a dia”, ressaltou o diretor.
Para 2025, a projeção é de fechamento do exercício com déficit entre R$ 15 milhões e R$ 16 milhões. No entanto, Molz destaca que, sem o peso dos juros, o cenário seria outro. “Se considerarmos os juros, estamos falando em R$ 24 milhões ao ano. Sem isso, o hospital seria superavitário em cerca de R$ 7 milhões”, explicou.

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O diretor também observou que 87% dos atendimentos realizados pelo Hospital Santa Cruz são via SUS, enquanto apenas 13% correspondem a convênios e atendimentos privados. Essa proporção, segundo ele, torna inviável compensar a defasagem da tabela pública. “Os procedimentos privados não conseguem cobrir o custo necessário para equilibrar a defasagem do SUS. Por isso, o déficit tende a aumentar se nada for feito”, alertou.
Diante desse cenário, a direção do hospital aposta em medidas estruturantes, como a proposta do SUS Gaúcho, que prevê uma tabela complementar estadual, e a securitização das dívidas hospitalares. Para Molz, a atualização da tabela estadual pode reduzir o déficit anual, enquanto a securitização permitiria renegociar o endividamento com juros menores. “Conseguindo um dinheiro mais barato, automaticamente o hospital passa a respirar melhor mês a mês, chegando no fim do ano com déficit menor”, avaliou.
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Mesmo com os desafios, o HSC projeta uma redução gradual do desequilíbrio. A meta para 2026 é fechar o ano com déficit em torno de R$ 9,4 milhões, o que representaria uma diminuição de quase R$ 7 milhões em relação a 2025. “Só isso já é uma vitória muito grande, mas ainda precisamos avançar. Esse trabalho precisa ser feito de forma paulatina, ano a ano.”
Melhorias estruturais incluem áreas como a transformação digital
Outro apoio para o equilíbrio financeiro vem das emendas parlamentares. Em 2025, o hospital captou entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, valor considerado significativo pela direção. Parte desses recursos já começa a se refletir em melhorias estruturais, como a emenda de R$ 1,135 milhão destinada à reestruturação elétrica e à futura instalação de sistemas de climatização na Ala São Francisco, que atende pacientes do SUS. O valor ingressou nesta semana nos cofres do hospital, e os trâmites para contratação das empresas já estão em andamento.
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Além do ajuste financeiro, o Hospital Santa Cruz projeta investimentos para os próximos anos. Entre eles, a transformação digital, com a adoção de novas ferramentas para otimizar rotinas assistenciais e tornar o desempenho mais ágil nas atividades administrativas. Outro projeto é a construção de um novo prédio ligado ao centro cirúrgico. Serão duas salas para ampliar a realização de procedimentos. O contrato da obra já foi assinado e o início dos trabalhos está previsto para março. O prazo de finalização é de até dois anos.
Molz também destacou a ampliação de atendimentos pelo programa Menos Filas, Mais Saúde, com cirurgias de média complexidade em cirurgia geral e traumatologia, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde.
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Postos de Rio Pardo
O Hospital Santa Cruz passou a ser responsável pela gestão das horas médicas, além de serviços administrativos de apoio das unidades básicas de saúde e das Estratégias de Saúde da Família (ESFs) de Rio Pardo. Especialistas como cardiologistas, pediatras, psiquiatras, clínicos e cirurgiões-gerais da instituição de Santa Cruz devem qualificar o serviço no município vizinho. “É um movimento muito importante, tanto para o hospital como para Rio Pardo, visando a qualificação do serviço”, salienta Rolf Molz. “Até porque nós temos toda uma questão de residência médica, de um curso de Medicina vinculado à Unisc. Há enormes possibilidades de parceria junto com o município.”
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