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A aurora da minha vida

Aos 17 anos, deixei Arroio do Meio – no Vale do Taquari –, que à época tinha cerca de 5 mil habitantes, para tentar a sorte em Porto Alegre. Fui acolhido em uma “república” de conterrâneos que moravam há anos na metrópole que assustou a este alemãozinho em busca de um lugar no mercado de trabalho do Jornalismo. 

É preciso confessar que a adaptação foi penosa. No final da noite, cansado da rotina de emprego e da faculdade (Unisinos) em São Leopoldo, chorava de saudades de casa. Nestes momentos, cobria o rosto com um travesseiro para não ser ouvido e zoado pelos parceiros de apartamento.

Éramos oito jovens que dividiam dois quartos equipados com beliches de madeira e um roupeiro surrado com portas que não fechavam. Para manter um mínimo de organização, elaboramos uma escala para lavar a louça e limpar o banheiro. Tudo sob a liderança do grande amigo Vicente Petry, o mais experiente do grupo. Longe de casa aprendi a arrumar a cama, lavar e passar roupa, manter tudo em dia para acordar – com o dia ainda escuro – e me vestir para não chegar atrasado ao trabalho.

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Depois de alguns anos, mudei para Santa Cruz do Sul, em 1983, ainda na faculdade. Isso me obrigava a viajar três vezes por semana a São Leopoldo. Aqui eu morava numa pensão de madeira, com apenas um banheiro no final do corredor. O chuveiro raramente tinha água quente.

Já formado (1985), retornei a Porto Alegre, onde casei, tive filhos e fixei residência e fiz minha vida profissional. Desculpem a breve biografia, mas o objetivo é mostrar que as agruras da vida servem para forjar princípios e valores que servirão de bússola ao longo da vida.

Atualmente, as premissas que inspiram a criação dos filhos estão distantes da trajetória que milhões de jovens – como eu – cumpriram, com ênfase àqueles que saíram de pequenas cidades. O básico, no entanto, deveria ter como base o respeito aos mais velhos, a disciplina e determinação na busca dos sonhos. O êxito não é imediato. Tudo é construído lentamente, através do esforço em resistir ao apelo fácil do desânimo.

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O império do consumismo, da cultura do descartável, da ostentação a todo custo, da afronta à ordem estabelecida e o descaso com os direitos alheios transformaram a educação dos filhos numa luta repleta de obstáculos. Com certo exagero, comento com amigos que sinto pena de pais de filhos pequenos:
– Pobres pais! Não imaginam o que enfrentarão quando esta gurizada chegar à adolescência! Aí sim os problemas irão aumentar! – repito.

Filhos se constituem no maior tesouro que se possa almejar na vida.

É uma riqueza cada vez mais difícil de criar, preservar, encaminhar e orientar para uma vida digna. Mas todo esforço vale muito a pena!

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