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Literatura

A esperança em forma de poesia

Foto: Bruno Pedry

A jornalista santa-cruzense Paola Severo apresenta ao público seu primeiro livro

“Toda esperança na ponta do anzol”. Parece enredo de pescador. Mas é uma imagem lírica forjada na poesia: a imprescindível esperança de dias felizes. É como uma poeta pescadora que a jornalista santa-cruzense Paola Severo, 27 anos, apresenta-se ao público com seu primeiro livro, Melodia perversa, a ser lançado na próxima sexta-feira, dia 22, com sessão de autógrafos no Empório Pisar Bem, em Santa Cruz do Sul. Sob o selo da Editora Gazeta, o volume de 92 páginas traz 53 poemas, num recorte de mais de uma década de produção, embora a maioria dos textos tenha sua construção concentrada entre 2016 e 2017.

A literatura produzida no Vale do Rio Pardo ganha assim a companhia de mais uma jovem autora, cuja habilidade na lida com a linguagem, com a palavra, já pode ser medida há vários anos junto às unidades da Gazeta Grupo de Comunicações. Paola integra a equipe do Portal Gaz e é colaboradora assídua das áreas de Geral e Variedades do jornal Gazeta do Sul. Formada em Jornalismo e pós-graduada em Cinema e Linguagem Audiovisual, revela e explora em sua poesia a linguagem da cultura pop contemporânea, em especial os elementos Geek, essa vertente profundamente atual dos aficionados por recursos tecnológicos, eletrônicos, e pelo universo do cinema, da música, da fotografia (a obra agrega inclusive fotos elaboradas pela autora), das HQs e das séries.

Com essa bagagem de formação e de leituras, Paola brinda os leitores com poemas nos quais reflete sobre questões existenciais dos jovens, e dos já nem tão jovens. Se o título remete a uma suposta (e apenas suposta) perversidade, há muita suavidade e muita ternura nos versos, que devem agradar a todas as idades, e a homens e mulheres indistintamente, embora seja necessário considerar que Paola dá voz a um público feminino em permanente e crescente empoderamento – o que, nunca é demais salientar, passa também pela coragem e pela capacidade de se dizer e de demarcar seu espaço no mundo atual.

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Melodia Perversa foi lançado sob o selo da Editora Gazeta

Serviço:
O quê: Lançamento do livro de poesia Melodia perversa, de Paola Severo, sob o selo da Editora Gazeta
Quando: Sexta-feira, dia 22, a partir das 19 horas
Onde: No Empório Pisar Bem (Rua Sete de Setembro, 80, ao lado do Shopping Germânia), em Santa Cruz do Sul
Quanto: O livro estará à venda no local, por R$ 25,00, e pode ser adquirido diretamente com a autora, pelo fone WhatsApp 51 9 9750 2527, bem como em livrarias da cidade
Repare: Na sintonia que Paola estabelece com a cultura contemporânea, numa linguagem que comunica com autoridade e segurança as questões existenciais nesse princípio de século 21.

ENTREVISTA
PAOLA SEVERO
Poeta e jornalista

Portal Gaz – Paola, em que momento começou a se firmar para ti a decisão de lançar esse livro de estreia, o que motivou essa decisão e qual a tua expectativa em relação à experiência de compartilhar tua poesia com o público?
Desde a adolescência, quando a ideia de ser uma escritora já rondava minha mente, tinha a ideia de publicar o que escrevo. Mas acabei esperando até sentir que os meus poemas estavam melhores, mais maduros, antes de cogitar com seriedade a publicação. Há cerca de dois anos, quando achei que já possuía material adequado e suficiente, foi que comecei a correr atrás desta publicação, porque me parecia que os poemas já estavam bons o bastante para compartilhar, estava mais confiante na minha produção. A expectativa é grande, e estou ansiosa para conferir como vai ser a recepção a partir de agora. Das experiências que tive lendo ou declamando meus poemas em eventos, saraus e manifestações, acho que algumas pessoas com certeza vão se identificar. É um momento de grande vulnerabilidade para mim, expor uma produção tão pessoal ao público, mas acredito que isso deve ser feito e espero que os leitores consigam se reconhecer nas minhas alegrias e angústias.

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O que significa escrever poesia para ti?
Engraçado que muitos dos meus poemas do livro são sobre escrever poesia, e nem neles eu consigo explicar muito bem este processo. Mas, com certeza, escrever poesia, pra mim, significa passar para o papel sentimentos e pensamentos que estejam me perturbando, ou até mesmo registrar de uma forma mais duradoura alguma cena que tenha presenciado ou imaginado. Vejo a poesia como uma forma de transcrição da realidade em palavras, para guardar memórias, ideias e sensações.

Quais temáticas sentes que estão mais presentes e recorrentes em teu livro? É uma forma de olhar para aspectos importantes do mundo atual?
Acho que abordo muito as dualidades. Seja o embate entre a modernidade da vida tecnológica e a busca pelo bucólico, seja a conectividade digital e a solidão, ou até o dever e as vontades. Também acho que escrevo bastante sobre escrever, sobre encontrar seu lugar no mundo e se conectar com as outras pessoas, sobre feminismo, arte e sentimentos. Acredito que todos estes temas, apesar de serem muito particulares, são também reflexos de uma geração que está dividida entre todos estes mesmos questionamentos. Uma das palavras que mais pode definir nosso mundo atual é a polarização, e grande parte dos meus poemas reflete essa consternação.

Que autores, de poesia ou mesmo de prosa, foram mais importantes em tua formação, e por quê?
Tenho uma lista gigante de autores favoritos e dentre todos que li destaco os trabalhos de dois britânicos: Jane Austen e J.R.R. Tolkien. Ela, com um realismo romântico e uma visão muito crua da sociedade, mas sem abandonar um tipo de otimismo. Ele, com a fantasia e todas as terras distantes cheias de criaturas mágicas que nenhum de nós jamais conheceu. De certa forma, gosto da realidade em Austen, assim como admiro a criatividade para o irreal de Tolkien. Na poesia, meu gosto varia dos mais clássicos desde Fernando Pessoa, Pablo Neruda e Emily Dickinson, até Rimbaud, Keats, e.e. cummings e Jim Morrison. Meus favoritos absolutos são T.S. Eliot e Federico García Lorca. Entre os brasileiros gosto muito de Cecília Meireles, Drummond, Paulo Leminski, Ferreira Gullar. Entre os contemporâneos admiro Bráulio Bessa e as poetas feministas Rupi Kaur, Amanda Lovelace e Ryane Leão.

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Entendes que o leitor deveria sempre olhar com poesia para o mundo que o cerca? Como achas que devia ser esse olhar?
Acho que é fundamental observar tudo com poesia. No meu trabalho com jornalismo diário há seis anos, vejo uma porção de situações abomináveis, e tive de lidar com elas com a objetividade esperada de minha profissão. Mas, de forma lateral, alguns desses crimes e das histórias difíceis que tive de contar se transformaram em poemas e esta foi a forma que encontrei para trazer o meu sentimento para essas narrativas, já que o texto jornalístico não me permite fazer isso. Acho que toda poesia é válida e todo mundo pode ser um poeta, por isso não acredito na fórmula rígida das métricas e rimas. Acho também que o mundo seria um lugar muito menos sombrio se tivéssemos mais pessoas se dedicando à arte e a ver o mundo com os olhos de um poeta, que não vê apenas o bem e o mal, consegue ir além e capturar outras nuances.

Por fim, topas selecionar um poema de teu livro, por teus próprios critérios de gosto ou preferência, para compartilhar com o leitor do Portal Gaz?
Claro que sim!

Aniquilada

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E tu não tem como saber
Que pelas costas ela só pensa em ti
E fala como se esse amor
Fosse redimir a humanidade

Como se cada beijo matasse a sede desértica
Criasse sombras pras costas queimadas do sol

Como se cada melodia na terra
Tivesse saído dos teus instrumentos

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Divaga como se as estrelas
Fossem tua criação em tela
Com tinta a óleo

Ela nunca vai te dizer
Mas tu deveria saber
Que pra ela tu é um imenso mar

Ela segue confiante a passos largos
Pro fundo
Pronta pra se afogar

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