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“A literatura é fundamental para qualquer profissão”, diz Martha Medeiros na Feira do Livro de Santa Cruz

Foto: Rodrigo Assmann

Em um bate-papo no auditório central da Universidade de Santa Cruz do Sul, Martha compartilhou histórias do início da carreira

A 35ª Feira do Livro e 1ª Festa Literária Internacional de Santa Cruz do Sul receberam nessa quarta-feira, 6, a patrona Martha Medeiros. A escritora e jornalista visitou brevemente a Praça da Bandeira e passeou pelas bancas, elogiando a estrutura em torno do chafariz. Deixou também uma mensagem no mural presente no Espaço Sesc – Erico Verissimo 120 anos. 

À noite, ela subiu ao palco do auditório central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e participou de um bate-papo com a comunicadora Paula Blass, responsável pelo projeto Meus 20 Minutinhos, que conta com dez clubes de leitores em Pelotas. De acordo com a organização, 600 pessoas haviam se inscrito para o evento.

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Martha compartilhou com o público histórias de sua trajetória na literatura, que em 2025 completa 40 anos. Iniciou falando da catástrofe climática que afetou o Estado no ano passado e levou à suspensão da Feira do Livro de Santa Cruz, na qual ela estava confirmada como patrona. 

Conforme a escritora, ver o auditório lotado demonstra que o Estado está se recuperando. Ressaltou o quanto essa situação despertou nos gaúchos a solidariedade. “Quando estamos passando por um momento difícil, parece que nunca vai acabar. E tudo acaba se ajeitando. Claro, as mudanças climáticas estão aqui e as coisas podem voltar a acontecer. O que importa é que estamos reconstruindo.” 

Escritora Martha Medeiros visitou a Praça Getúlio Vargas e falou para o público no auditório central da Unisc | Foto: Rodrigo Assmann

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Também refletiu sobre o início da carreira, em 1985, quando aos 23 anos publicou um livro de poemas. Moradora de Porto Alegre, enviou seu trabalho datilografado, em uma pasta, a uma editora de São Paulo, que acabou lançando a obra. “Nem nos meus delírios mais alucinados eu imaginava que a minha carreira ia tomar o rumo que tomou. Achava que era um golpe de sorte, mas nos impulsiona a repetir e tentar melhorar”, admitiu.

Martha salientou que quem trabalha com arte não pode ter medo de se expor. “Não adianta criar e não mostrar. Seja o que for, uma música ou um quadro. Te exponha. Se gostarem de ti é bom e se não gostarem, faz parte do jogo.”

Reiterou ainda a importância da leitura e da literatura na sociedade, algo que considera fundamental para qualquer profissão. “É uma questão de formação como cidadão e ser humano”, afirmou.

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Preocupação com o impacto da inteligência artificial na sociedade

Antes de visitar a Feira do Livro e posteriormente participar do bate-papo na Unisc, Martha conversou com a imprensa no Aquarius Flat Hotel. Em seu “momento Lady Gaga”, como classificou, refletiu sobre sua carreira e, entre outros assuntos, as consequências da inteligência artificial.

Foto: Rodrigo Assmann

Sobre ser inspiração

“O retorno que eu tenho diz que sou representativa para a sociedade. Mas eu procuro não pensar nisso, sabe? Isso não é uma coisa que me mobilize, que as pessoas me levam a sério. Até porque eu não gosto de ter nenhuma pressão na hora de escrever.

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Pressão de prazo é uma coisa. Mas a pressão de corresponder, procuro me liberar disso porque daí eu perderia a naturalidade e a espontaneidade. Daqui a pouco você está querendo passar mensagem e não é essa a questão. Você tem que traduzir o que você pensa. Eu sou mulher, a minha vivência é feminina, então, naturalmente, dialogo com as mulheres, mas não propositadamente. Isso é natural por termos uma experiência de vida familiar. O que não significa que eu não tenha um grande público masculino também, porque eu procuro falar sobre emoções e sobre as relações humanas. E isso não tem gênero. 

Quando eu falo de solidão, de infinitude, da nossa relação com a tecnologia, sobre os nossos desesperos, os mistérios da vida. Tudo isso é comum a todos. E eu sei que eu chego muito nos homens também, além de jovens e das pessoas mais velhas. Isso é talvez o meu grande patrimônio, não ser tão segmentada nesse ponto.”

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A formação de escritores e as novas tecnologias

“É fundamental isso agora, porque alguém que queira escrever num mundo de ChatGPT é um milagre. Temos o dever de ainda promover uma luta praticamente perdida, mas que as pessoas produzam do zero, de dentro de si, alguma coisa original.

Porque os recursos agora são inúmeros, é um caminho sem volta e eu estou muito preocupada com isso.

Então, claro, a gente tem que incentivar leitores – mais leitores até do que autores –, mas escritores também para continuarem dando a versão que eles têm do mundo. Mas nós sabemos que a inteligência artificial veio com tudo. Acho que corremos um grande risco de sermos colonizados pelos algoritmos. Daqui a pouco ninguém mais sabe o que quer mesmo assistir, o que pensa mesmo. Daqui a pouco você está induzido a tudo, o que você sente, o que pensa, o que você quer ouvir e quer ver. Porque tudo passa a ser entregue conforme um desejo que não é mais teu, mas uma manipulação de algo muito maior.

Não quero ser alarmista aqui, mas acho que estamos vivendo um momento muito difícil. E eu vou defender sempre que a gente tenha regulação das redes digitais, porque, senão, vamos ficar à deriva, totalmente na mão das big techs.”

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