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Enart

Acampamentos revelam histórias de quem ama a cultura gaúcha

Caminhe um pouco pelo Parque da Oktoberfest e reserve o seu tempo para a cultura gaúcha neste fim de semana. A promessa é que você jamais irá esquecer – da mesma forma que qualquer pessoa que tenha uma bagagem de edições do Enart jamais esqueceu. O local, que em outubro toma as cores e detalhes da maior festa germânica do Rio Grande do Sul – a Oktoberfest, passa a ser o palco para uma bela prenda com flores no cabelo, para um guri bem novo que busca pela experiência para um grande trovador e para famílias que dividem um chimarrão.

Se antes, em outubro, passear pelo Parque da Oktoberfest é sinônimo de encontrar jovens e adultos usando trajes germânicos, agora, em novembro, é tempo de caminhar e sentir um cheirinho que todos nós amamos. Impossível não sentir aquela fome de domingo! Mesmo que não seja o horário do almoço, sempre há algum grupo preparando churrasco.

No entorno da churrasqueira, pais, mães, filhos, primos e amigos dividem opiniões em uma roda de conversa. E olhe só – se você chegar a qualquer acampamento vai descobrir algo que, as vezes, nem gaúcho reconhece. Um povo hospitaleiro, que além de valorizar a sua cultura, valoriza uma boa recepção. Está na dúvida? Pergunte. Com certeza, irá receber uma resposta em bom e alto tom de um grupo unido e animado. É o final de semana mais esperado para pessoas que vem de longe e não se arrependem de vir para mais um Enart – mesmo que tenham passado por alguns problemas em outras edições.

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Público lotou o Parque da Oktoberfest na tarde deste sábado
Foto: Lula Helfer/Gazeta do Sul 

E entre problemas, vale listar o tempo que nem sempre colabora. Neste sábado, pudemos presenciar um belo dia de sol. Mas nada como relembrar, que, um dia, os acampamentos que ficam no Parque da Oktoberfest já sofreram com chuva. E bota água nisso – “eu jurei que nunca mais vinha! No outro ano, tava aqui de novo,”relembra Silvana Bulling Mendes, de 46 anos. No seu primeiro Enart, Silvana viveu um terrível pesadelo. Com dois filhos pequenos, enfrentou um grande temporal e pensou ter cansado de participar do acampamento.

Mas que nada. O primeiro temporal foi há dez anos. Silvana, que começou a participar da cultura tradicionalista por causa dos filhos, não se arrepende. Pensou que não viria mais, mas até hoje, aguarda por novembro para a festa. Seus filhos, Lorran, de 16 anos e Wesley Bulling Mendes, de 13 anos enfrentam a estrada desde então. Eles são membros do Piquete Tradicionalista Gaúcho João Miguel, de São Borja. Para chegar até aqui, são 437 quilômetros. Chega a dar mais de cinco horas. E olhe só, o segundo temporal veio em 2013 – o grupo, que gritou com vida que tinham inúmeras histórias para contar, teve que segurar as barracas para não voarem.

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Silvana Bulling Mendes, ao lado de companheiras de São Borja, enfrentou uma longa história
Foto: Lula Helfer/Gazeta do Sul

Nesta tarde, Wesley se preparava para participar da Mostra. Segundo sua mãe, ele iria apresentar um trabalho sobre o resgate da juventude tradicional. Iria contar histórias de prendas e peões. Com certeza, daqui a alguns anos terá as suas histórias para contar. As suas, e de mais de 20 pessoas que dividiam a tarde em baixo de uma lona preta, sob uma estrutura de metal, pintada de verde água.

Dê alguns passos e vai dar de cara com outro grupo. Desta vez, de uma cidade mais próxima – Porto Alegre. Em meio a inúmeras barracas, cerca de dez pessoas aguardam pelo churrasco que está quase pronto. Basta perguntar de onde vieram, que os membros do Centro de Tradições Gaúchas Tiarayú vão se identificar prontamente.

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Paola Azevedo da Silva, ao lado da filha, Kimberly
Foto: Lula Helfer/Gazeta do Sul

Participam do Enart desde a primeira edição. Mesmo que já tenham sido desclassificados no Feggart, o CTG Tiarayú, de 54 anos, mantém a postura e a força para contar a história. Foi em 1997, quando, colocaram um piano no tablado, e, por não haver uma gaita tocando junto da dança, acabaram sendo eliminados. Ainda que a história seja polêmica – o grupo relembra com orgulho.

Logo depois, afirmam ter chamado o Nico Fagundes para explicar a proposta. No grupo, a tradição de participar do tradicionalismo passa de família em família. Paola Azevedo da Silva, de 34 anos, começou a dançar no Tiarayú quando sua mãe passou a trabalhar na copa. Agora, leva os seus filhos para os acampamentos. Com amor, repassou a arte gaúcha para Kimberly e Yuri. Kimberly não nega ser apaixonada pela cultura desde cedo – muito menos, pelo CTG que carrega na camiseta. É logo chegar, que, sem timidez alguma, grita: “É o melhor do Estado!”.

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Membros do CTG Tiarayú aguardavam pelo churrasco
Foto: Lula Helfer/Gazeta do Sul

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