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CONTRAPONTO

Advogado do diabo

Advogado do diabo? Trata-se de realizar a defesa de fatos e pontos de vista aparentemente indefensáveis. Ou, então, apresentar argumentos para provocar o aprofundamento do debate, de modo a testar sua qualidade e legitimidade.
A expressão teria surgido durante os processos de canonização realizados pela Igreja Católica, quando essa designava um promotor da fé para contestar argumentos e provas apresentados em favor do “canonizável”. Daí a expressão “advogado do diabo.”

Essa guerra Rússia versus Ucrânia é uma tragédia humanitária. Não há como não se comover com o sofrimento alheio. Logo, a propósito do que direi, não se trata de defender Putin. Com certeza, haveria alternativas diplomáticas para superar as divergências geopolíticas em questão. Agora, reflita comigo. Haveria a Segunda Guerra Mundial, e um fenômeno Hitler, se não houvesse o Tratado de Versalhes (em 1919, pós Primeira Guerra Mundial 1914–1918), cujos termos humilharam a derrotada Alemanha, retirando-lhe territórios e população, entre outras duras punições?

À época, diplomatas e historiadores revelaram suas preocupações com o futuro da Europa. Também em divergência às punições, o então ministro britânico David Lloyd George (1863–1945) teria dito: “Estamos humilhando o povo mais disciplinado e tenaz da Europa.” E não à toa, ironicamente, dizia-se que fora “a paz dos vitoriosos”!

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Voltemos ao presente. Se com o fim da União Soviética (URSS), sua dissolução territorial, o advento de inúmeros países e o fim do Pacto de Varsóvia, por que haveria de permanecer o Tratado do Atlântico Norte (Otan)? Dissolvida a ameaça do bloco comunista, razão de existir da Otan até então, por que promover e aceitar o ingresso (na ainda Otan) das repúblicas originárias da delicada e histórica região?

E com notória militarização regional, para muito além de questões comerciais e culturais da agora ascendente comunidade europeia? E sob a liderança geopolitica e militar dos Estados Unidos(!!!), até então tradicional e “ideológico” adversário? Encerro com literatura. É famosa a obra do economista britânico John Maynard Keynes (1883–1946), sob o título As Consequências Econômicas da Paz (1919). Keynes fez parte da equipe britânica que determinou as condições do Tratado de Versalhes.

Mas Keynes retirou-se antes dos termos finais do tratado por discordância com a severidade imposta à derrotada Alemanha. Nessa obra, Keynes parecia prever o que viria acontecer logo após. O advento do nazismo. E de Hitler!
Em resumo. Nunca humilhe um adversário. Nunca deixe um perdedor sem saída digna. Vale para todas as relações humanas. Às nações, principalmente. Pense antes, mil vezes. E se for à Rússia, pense antes um milhão de vezes!

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