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ECONOMIA RURAL

Agricultores buscam saídas para dívidas, mas cresce número de recuperações judiciais

Foto: Alencar da Rosa

A situação econômica do agronegócio gaúcho tem motivado a busca por alternativas. São anos de prejuízos acumulados, sobretudo em função da situação climática, que tem variado de extrema falta de chuva a enxurradas e enchentes.

Em meio a isso, o setor intercede pela aprovação do projeto que viabiliza a securitização, com possibilidade de pagamentos em até 20 anos. Esse horizonte é mais distante, mas outras hipóteses têm sido trabalhadas pelo governo federal. Enquanto isso, surgem mecanismos que servem de alento e garantem a manutenção produtiva. Um deles é o pedido de recuperação judicial.

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De acordo com consultorias especializadas, o número de produtores rurais que recorreram ao Judiciário para evitar a falência cresceu até 500% em 2024 em alguns estados. É o reflexo direto de quebras de safra, juros altos, queda nos preços de commodities e dificuldades de gestão em propriedades altamente endividadas.

Para o advogado André Fernandes Estevez, sócio do escritório Estevez Advogados, professor de Direito Empresarial da PUC-RS e diretor executivo da Câmara de Arbitragem da Federasul, a recuperação judicial tem sido o último recurso de muitos produtores para manterem suas atividades.

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“Esse procedimento suspende temporariamente cobranças, bloqueios e leilões de bens, permitindo uma negociação coletiva com os credores em melhor ambiente. Com isso, o produtor consegue tempo e proteção para reorganizar seu caixa e evitar perdas maiores”, explica Estevez, que também atua como administrador judicial em casos complexos no Estado.

Estevez: é necessário buscar profissionais

Segundo ele, 22 pedidos de recuperação judicial provenientes do agronegócio foram acolhidos em 2024 no Rio Grande do Sul. Isso totaliza cerca de R$ 633.274.084,81 de passivo declarado, excluídos créditos como alienação fiduciária, arrendamento mercantil e endividamento fiscal.

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Os números consideram apenas recuperações judiciais em que o foco seja 100% no agronegócio, desconsiderando passivos nos quais o agro é uma entre outras atividades exercidas. Desse universo de pedidos de recuperação, 86% correspondem a produtores de soja, distribuídos na sua maioria nas Varas Regionais Empresariais de Santa Rosa e Passo Fundo. Só no primeiro semestre deste ano foram aceitas ações que, somadas, chegam a R$ 207.161.931,58.

Lei possibilita pedidos de pessoas físicas

A partir de 2020, a legislação passou a permitir expressamente que produtores pessoas físicas também ingressem com pedido de recuperação. Isso ampliou o acesso ao mecanismo, especialmente no interior do Estado.

No entanto, o advogado alerta que a medida exige estratégia e acompanhamento técnico qualificado. “Entrar com o pedido sem planejamento ou projeto para capital de giro pode levar à falência. A recomendação é procurar apoio especializado logo nos primeiros sinais de crise, buscando, sempre que possível, alternativas financeiras e extrajudiciais, focando soluções menos impactantes aos negócios.”

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Segundo Estevez, a tendência é que os pedidos sigam crescendo nos próximos anos, especialmente diante de um cenário de instabilidade climática e financeira. Para evitar esse caminho, recomenda atenção aos sinais de alerta e busca precoce por assessoria técnica. “Assim como cuidamos da saúde com exames de rotina, é preciso monitorar a gestão financeira dos negócios desde os primeiros sintomas de crise.”

Medida atenderá parte do setor

A expectativa dos produtores rurais, sobretudo da agricultura familiar, que encontram maior dificuldade de acesso a mecanismos como a recuperação judicial, é pelo andamento da legislação que facilita o pagamento das dívidas. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Carlos Joel da Silva, ontem o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, estava na Expointer e foi chamado a Brasília para discussão, com o Ministério da Fazenda e o Banco Central, sobre a medida provisória que deve beneficiar o setor.

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O dirigente da entidade explica que a iniciativa não deve atender a todos os produtores e eles devem continuar a luta. “O que vier de bom a gente aceita, mas não significa parar a luta. Vamos continuar cobrando para atender a todos”, antecipa.

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