Um gesto de solidariedade em meio à dor foi capaz de transformar e salvar vidas. Nessa sexta-feira, 19, o Hospital Ana Nery voltou a realizar captação de órgãos após cinco anos. A doação foi autorizada pela família de uma mulher de 55 anos, vítima de acidente vascular cerebral (AVC). Ao todo, três pacientes foram diretamente impactados, recebendo o fígado e os rins captados.
O coordenador da Emergência e CTI do Hospital Ana Nery, Rafael Foernges, salienta que foi um dia ímpar para instituição. “No momento de maior dor de uma família, surge a bondade, uso essa palavra porque foi exatamente assim que os familiares definiram.” Ele citou as manifestações feitas pelos irmãos da doadora. Ambos disseram, segundo Foernges, que ela teria ficado feliz com o gesto. “Essas são as palavras que nós, profissionais da UTI, que convivemos diariamente com essa tênue linha entre a vida e a morte, esperamos ouvir: o sim. O sim que salva vidas, mesmo em meio à dor.”
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Foernges esclarece que para o CTI do Hospital Ana Nery foi mais do que um sim, é a representação de uma retomada. “Nossa última doação de órgãos havia ocorrido em 2020, antes da pandemia. A pandemia mudou tudo e, de certa forma, ainda deixa marcas.”
Segundo ele, as causas de morte encefálica continuam acontecendo, mas as doações haviam deixado de ocorrer. “Hoje vivemos um dia de retomada, que desperta sentimentos conflitantes, porque compartilhamos a dor da perda de uma família. Mas a caridade, o amor ao próximo daqueles que dizem sim, nos enche de esperança. Que essa retomada se reflita em toda a sociedade”, vislumbra.
A captação reforça a importância da conscientização sobre a doação de órgãos e do diálogo familiar, já que a autorização dos familiares é fundamental para que o processo aconteça. O Hospital Ana Nery conta com um serviço de Psicologia disponível para acolher e apoiar pacientes internados e seus familiares, especialmente no contexto da internação no Centro de Terapia Intensiva (CTI).
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Durante todo o período de internação, a família recebeu acompanhamento psicológico contínuo, como detalha a psicóloga hospitalar Tauane Schroeder. “Atuamos com foco no acolhimento e no suporte emocional frente ao adoecimento, à hospitalização e ao processo de luto, bem como no apoio às etapas relacionadas à doação de órgãos, quando pertinente.”
Para saber
A instituição contou com o apoio da Comissão Intra-hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott), coordenada por Jaqueline Toillier, em conjunto com Organização de Procura de Órgãos (OPO 6), de Lajeado, que auxiliou em todos os protocolos e orientações necessárias. A captação ocorreu no centro cirúrgico do Ana Nery, por médicos e profissionais de enfermagem da instituição. Após, os órgãos foram levados pela equipe da Central de Transplantes de Porto Alegre, em um avião da Brigada Militar, e reimplantados em pacientes que estavam aguardando na lista de espera.
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