Em artigo anterior, sob o título Inteligência Artificial, discorri sobre os seus aspectos positivos, mas também destaquei que crescem as preocupações acerca de possíveis ameaças à condição e ao controle humano face à inevitável evolução e a interação das máquinas/softwares. E ocorrência de muita leitura, livros, filmes e documentários, científicos ou não, desde muito jovem mantenho um fascínio com a desenvoltura humana quanto ao futuro tecnológico da humanidade.
A propalada ameaça e a insegurança que a Inteligência Artificial poderá causar, segundo a percepção e a avaliação dos menos otimistas, ao ensejarem uma provável incapacidade humana de controlar e conter o autodesenvolvimento cognitivo dos dispositivos, fez lembrar o grande escritor russo Isaac Asimov (1920–1992). Entre suas inúmeras obras literárias e científicas destacou-se o clássico Eu, Robô (1950), em especial a passagem em que descreve as três “leis da robótica”, prescrevendo premonitoriamente, em modo otimista, a relação entre robôs e humanos. Atualíssimo tema.
As três “leis da robótica” são: “1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal; 2ª lei: Um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei; 3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Leis.”
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Depois, bem depois, em 1985, Asimov criou a quarta lei, a Lei Zero, que dizia o seguinte: “Um robô não pode fazer mal à humanidade e nem, por inação, permitir que ela sofra algum mal.” Evidentemente, tais anotações de Asimov têm um caráter de repercussão e eficácia ética, como se fossem alertas acerca de regras e comportamentos futuros necessários.
Afinal, já há consenso acerca da infinidade de possibilidades de ação e intervenção da Inteligência Artificial, inclusive sobrepondo-se à capacidade humana, ensejando tanto atos positivos quanto potencialmente negativos. Repito o que já dissera no artigo anterior. “Afinal, a IA reage aos pré-determinados comandos e algoritmos criados, definidos e aplicados pela vontade humana. Em outras palavras, a criatividade, a intuição, a inteligência e a capacidade cognitiva ainda são privilégios humanos! Porém, a mesma inteligência humana que amplia horizontes humanitários e colaborativos, também transita por desejos, medos e reações atávicas, muitas vezes temerárias e violentas”.
Concluindo, e enaltecendo o genial Asimov, provavelmente tenhamos que ampliar as leis da robótica, em modo cautelar e preventivo, mas possivelmente mais destinadas aos humanos do que às maquinas!
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