A dois meses do fim de 2025, o Rio Grande do Sul superou o total de vítimas por síndrome respiratória (Srag) do ano passado. Entre o dia 1º janeiro e 31 de outubro, 1.578 pessoas morreram em decorrência da doença, 106 a mais que nos 12 meses de 2024 (1.472 ao todo). Do total de óbitos, 758 (51,49%) eram homens e 707 tinham de 60 a 79 anos.
Dados do painel da Secretaria Estadual da Saúde, que monitora a Srag, apontam que as internações também aumentaram. O Estado apresentou 18.155 hospitalizações em 2025, enquanto no ano anterior foram 16.425.
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Na área da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (13ª CRS), 76 pessoas faleceram em razão da doença, enquanto em 2024 o total de mortes chegou a 63. A coordenadoria abrange os municípios de Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz. Até o fim de outubro, ocorreram 712 hospitalizações, 89 a mais do que o total de 2024.
Um estudo da 13ª CRS sobre a Srag indica que o maior percentual de casos está associado a vírus respiratórios – adenovírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório (VSR) e metapneumovírus. Segundo o documento, eles circulam amplamente na comunidade e, em geral, são responsáveis por quadros de menor gravidade – por exemplo, o rinovírus é o principal agente do resfriado comum. No entanto, pode evoluir para condições mais graves (como pneumonia complicada), sobretudo em grupos vulneráveis, incluindo recém-nascidos, crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas.
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Nos casos de internações em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), foram frequentes os quadros provocados pelo VSR (que ataca os pulmões e vias respiratórias, sendo comum em bebês e crianças pequenas), seguido pelos pacientes diagnosticados com rinovírus.
Segundo a coordenadoria, isso reforça a gravidade potencial desses agentes em populações vulneráveis. Entre as crianças de 0 a 4 anos, foram 232 casos, enquanto entre idosos com 60 a 79 anos chegaram a 164. Santa Cruz lidera os indicadores da região, com 308 internações e 30 mortes. No ano anterior, foram 317 e 25, respectivamente.
Maior parte das vítimas de gripe não tinha vacina
O estudo realizado pela 13ª CRS evidencia o impacto da baixa procura pela vacina contra a gripe (influenza). Os municípios atendidos pela coordenadoria apresentaram 169 internações por influenza, um aumento em relação aos anos anteriores. A curva epidêmica caiu a partir da primeira quinzena de julho, mantendo queda até o final de outubro.
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Além disso, aconteceram 32 internações por Covid-19 em 2025, uma redução expressiva em comparação com os últimos dois anos. As hospitalizações e óbitos estão concentrados entre as pessoas de 60 a 79 anos e 80 anos ou mais, o que evidencia a maior vulnerabilidade desses grupos.

Conforme a análise, 40 pessoas, a maioria com idade entre 60 e 79 anos, morreram por influenza. A mortalidade foi maior entre os casos de H1N1, assim como no ano anterior. Destes, 75% não estavam imunizados. Apenas 25% receberam a vacina.
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Em Santa Cruz do Sul, a 13ª CRS apurou que o vírus influenza é responsável por 60% das mortes no município, apesar de representar somente 18,2% das hospitalizações – o que indica maior gravidade clínica. Já os casos de Covid-19 ainda mantêm relevância na mortalidade, embora haja baixa proporção de internações.
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A partir dos dados, a coordenadoria ressalta que a influenza mantém alta gravidade, com letalidade significativa entre os idosos, além de estar fortemente associada à ausência de vacinação. Além disso, o predomínio de H1N1 reforça a necessidade de vigilância e estratégias de imunização.
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A responsável pela 13ª CRS, Mariluci Reis, avalia que o aumento de casos deve-se à ampliação de diagnóstico e dos vírus que são analisados, que passaram de quatro para sete. Ela observa que isso será cíclico, a depender do tipo de doença que mais circula, assim como a quantidade de pessoas suscetíveis e vacinadas.
Taxa de imunização permanece baixa e eleva o risco de contaminação
Clauceane Venzke Zell, diretora médica da Atenção Básica em saúde, avalia que há vários fatores que podem estar relacionados ao aumento de casos. Mencionou, por exemplo, a sazonalidade. Como apresentamos um clima mais frio, úmido e chuvoso, isso faz com que as síndromes respiratórias se prolonguem mais tempo.
Tais condições, segundo ela, fazem com que as pessoas fiquem mais próximas, em ambientes fechados, o que favorece a disseminação de doenças virais. E diante da crescente taxa de hospitalizações por síndromes respiratórias, ressalta que é preciso uma atenção maior às populações de risco.
Clauceane aponta que a cobertura vacinal dos grupos prioritários (crianças, gestantes e idosos) em Santa Cruz do Sul é de 50,83%, abaixo da meta de 90%. Segundo ela, o baixo índice de imunização e a queda na procura pela vacina não apenas aumentam a quantidade de casos, mas os tornam mais graves, de modo a exigir mais tempo de recuperação.
“A busca pela vacina é importante para evitarmos justamente os casos graves. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, menor a circulação desses agentes patológicos, aumentando a imunidade da população. E a pessoa que pegar esse quadro respiratório vai acabar tendo um quadro mais leve, evitando que precise hospitalizar ou que evolua para o óbito”, salienta a diretora médica.
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