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ASTOR WARTCHOW

Autoescolas, CNH e o relativismo

Não, não é sobre a teoria da relatividade do físico alemão Albert Einstein (1879–1955), e nem em torno da compreensão dos demais conceitos de espaço, tempo e gravidade. O artigo trata indiretamente do nosso relativismo habitual e diretamente das condutas relativistas do Estado brasileiro.

Afinal, não faltam indicadores sociais que confirmam o relativismo em torno de vários e delicados temas de interesse público, por exemplo, como a criminalidade, a corrupção, a (in)segurança pública, a (in)segurança jurídica, os feminicídios, a superficialidade das políticas penais, etc.

Vamos ao fato recente e, pasmem, festejado. E relativizado. Extinção da obrigatoriedade de aulas em autoescola. Motivação do governo: haveria redução de 80% dos custos de obtenção da CNH(Carteira Nacional de Habilitação).

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O ministro dos Transportes, Renan Filho, foi além e disse que “temos milhões de pessoas que querem dirigir (..), baratear e desburocratizar a CNH significa trabalho, renda e autonomia”. São boas hipóteses, mas são relativas!

Um rápido olhar sobre informações e dados da Polícia Rodoviária Federal(PRF), do Registro Nacional de Sinistros e Estatísticas de Trânsito(Renaest) e do Atlas da Acidentalidade do Transporte Brasileiro não sugere otimismo em torno dessa “inovação”.

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Vejamos. 2024. Mais de 1 milhão de acidentes de trânsito. Fatores principais: falta de atenção, desobediência à sinalização, velocidade incompatível e ingestão de álcool, principalmente. Defeito mecânico, apenas em 3.748 casos. Faltou apurar o uso do celular. Uma obviedade assustadora e trágica!

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Nas rodovias federais, dados do anuário de 2024 da PRF informam o registro de mais 9,5 milhões de infrações, 73 mil acidentes e 84.526 mil pessoas feridas. E 6.160 mortes!

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Também em 2024: 227.656 internações hospitalares no SUS foram registradas por sinistros de trânsito. Nos últimos dez anos, o SUS contabilizou 1,8 milhão de internações. Mais de 10 mil atropelamentos (os registrados).

Ainda que números não definitivos, em 2025 já foram contabilizados 453 mil acidentes de trânsito, segundo a Renaest. E com 8,4 mil ocorrências fatais, entre janeiro e maio.

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Entre 2011 e 2016, as mortes no trânsito oscilaram entre 43 mil e 37 mil ocorrências anuais. Entre 2017 e 2023, entre 35 mil e 33 mil ocorrências anuais. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, nove em cada dez acidentes são causados por comportamento humano.

Considerando as reflexões inerentes aos números de acidentes e mortes, a inevitável associação político-eleitoral dessa “generosidade governamental”, e a naturalidade com que essa deliberação foi aceita social e publicamente, confirma-se a hegemonia do relativismo. À beira da irresponsabilidade, eis que “atropelados” o Código Nacional de Trânsito e a Constituição Federal.

Dito isso, aos futuros motoristas resta apostar em pais, tios, amigos e instrutores autônomos, aptos e competentes, para cumprir a tarefa de bem ensinar e demonstrar o exercício da correta condução de veículos, sobretudo na prática da direção defensiva!

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