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Santa Cruz do Sul

Banalização do crime preocupa a Polícia Civil

“Hoje é muito fácil matar.” A constatação é de quem trabalha diariamente no combate ao crime. Delegado regional e titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Luciano Menezes falou à Rádio Gazeta sobre a preocupação da Polícia Civil em relação à criminalidade, em Santa Cruz do Sul e na região.

Desde o início do ano, dez pessoas já foram mortas de forma violenta no município. Isso é metade do total de homicídios registrado em 2015. Na região, conforme o delegado, a soma de assassinatos já passa de 20 – destes, sete somente em Candelária. Entre 80% e 90% dos casos, de acordo com o policial, estão ligados ao tráfico de drogas.

O comércio de entorpecentes e a disputa entre grupos que exploram essa atividade são abordados em outro ponto da entrevista. Facções rivais substituíram o que era chamado pela polícia de “sindicato do crime”. O envolvimento cada vez mais evidente de jovens com a criminalidade também desperta a atenção dos policiais. Menezes relatou ainda a preocupação com o combate aos roubos. Em 2015, foram 448 registros. Ações contra os furtos de veículos, com grupos especializados em vários bairros, também estão na lista de prioridades.

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ALGUNS PONTOS:

Mortes e o tráfico

“A gente pode dizer com segurança, que de 80 a 90% desses fatos que aconteceram estão de alguma forma ligados com a cinética do tráfico de drogas. É disputa por espaço de grupos rivais, são pessoas que se lançam nesse mercado ilegal e que conhecem as regras do jogo. Se não honrar os compromissos, se não cumprir com algumas questões inerentes a esse tipo de deliquência, as pessoas morrem.”

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“Hoje é muito fácil matar”

“O que nos deixa perplexos enquanto policiais é a banalização da violência em relação a isso. Temos um perfil dos deliquentes, que são pessoas de pouca idade. É preocupante na medida em que tu vê meninos de 18, 19 anos. Temos um de 14 que está internado na UTI de Canoas que também foi vítima da narcotraficância. Por conta desse episódio nós temos um morto, que foi aquele frentista no posto, nas adjacências da Delegacia de Polícia. Então hoje é muito fácil matar.”

Jovens no crime

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“A cabeça dos delinquentes jovens são absolutamente vazias no aspecto de não ter nenhum tipo de censura ou de pudor, de preocupação. Inclusive com as consequências que possam advir dos seus atos. Eu digo isso me reportando a aquele caso do posto em que a dupla foi presa logo em seguida e eu conversava com os dois na delegacia eles diziam ‘ô, delegado, eu matei mesmo, e se não estiver morto o senhor me larga que eu vou lá e vou matar. Porque esse indivíduo aí mandou meu irmão pra UTI’. Então eles falam abertamente sobre isso. Não tem mais a preocupação de censura por parte do Estado de cumprir pena. O troço está muito banalizado. Isso que nos assusta.”

Disputas e execuções

“Há um acirramento de ânimos entre as pessoas que exploram o tráfico, ao contrário do que chamávamos de sindicato do crime, antigamente que se respeitavam, hoje eles não se respeitam mais. Então, se alguém compra mercadoria do concorrente, o dono do esquema efetivamente pega o telefone de dentro da penitenciária e manda matar. O número crescente de homicídios vinculados ao narcotráfico é justamente por isso”.

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Metas para 2016

“O crime contra vida é uma questão que nos assusta porque a vida é o bem maior que nós temos. A polícia, enquanto órgão de investigação não tem muito o que fazer para diminuir os homicídios. Os homicídios, tanto esses de trafico como de violência familiar, esses crimes acontecem em locais inesperados, em momentos inesperados. Alguns deles movidos pelo dolo de ímpeto, especialmente de violência domésticos. Não temos como fazer uma ação concreta para prevenir esse tipo de delito. O que nos preocupa é de alguma forma combater o tráfico com mais intensidade, como viemos fazendo, no sentido de desorganizar ou desarticular esses grupos que estão explorando dentro de Santa Cruz.”

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