A primeira vez que Beatriz Albers viu um saxofone, ainda menina, não sabia o nome do instrumento, mas sentia que era ali que algo vibrava. A vibração voltou anos depois, inspirada pelas apresentações de bandas de bailes. Hoje, aos 28 anos, ela atravessa pistas de dança, palcos e cerimônias com a mesma certeza que teve quando criança: a música é sonho que pulsa dentro do peito.
A saxofonista santa-cruzense construiu uma carreira que combina técnica, ousadia e reinvenção. Começou nos bailões, encarando horas de palco que exigiam ensaios e resistência. E foi justamente ali, no ambiente tradicional das bandinhas, que ela encontrou a primeira chance de subir ao palco da Oktoberfest, um anseio de menina.
Depois de anos tocando em bailes, veio a pergunta que mudaria sua trajetória: como transformar o sax em instrumento de cerimônias e eventos sociais sem perder a alma do que a fez começar? A resposta veio: “Vou misturar.” Pegou o instrumento clássico e o levou para as atmosferas modernas: do jazz ao pop, do bolero ao soft house, do lounge à música eletrônica que envolve a pista inteira.
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Hoje, Beatriz faz o sax brilhar no meio da balada, acompanhando DJs e animando festas de 15 anos, casamentos, eventos corporativos e festivais. No entanto, a história com o sax começa antes dele.
Beatriz perdeu o pai aos 10 anos e, com isso, também quem a levava às aulas de violão – seu primeiro instrumento. A música ficou guardada até que, na adolescência, durante um show, ela viu o sax brilhar por alguns segundos. Foi o suficiente. O instrumento custava R$ 1.050,00. O avô, Gerold, deu o dinheiro.
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Ela foi à loja e voltou com o sax nas mãos e uma pergunta: “Quem vai ser meu professor?”. Beatriz começou com aulas particulares, passou por um projeto de música e entrou na banda marcial da Escola Estadual Santa Cruz antes mesmo de dominar a leitura musical.
O ponto de virada veio antes da pandemia. Após gravar um videoclipe de sertanejo instrumental para testar a aceitação do público, Beatriz percebeu que havia espaço para o sax fora dos bailes. E mais: as pessoas esperavam por algo diferente. Na pista, ela dança e vibra com o público. “É o que cansa mais.” São 60 minutos de apresentação e um fôlego que treinou por anos. Beatriz também cursa licenciatura em música, preparando o caminho para dar aulas, projeto que amadurece com calma.
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Mistura que deu certo
A empresária por trás da artista Beatriz criou três repertórios. Um romântico, para cerimônias e recepções; um soft house, para sunsets e eventos corporativos; e um eletrônico, para pista de dança. A música é o palco, mas há um bastidor que exige tanto quanto o sax. Beatriz edita vídeos, gerencia redes, organiza agenda, cuida do marketing, negocia contratos, produz conteúdo, cria versões, testa repertórios. “Vivo em torno da música.” O trabalho de artista é também de empreendedorismo. Beatriz testa entregas, cria tendências, observa o mercado, acolhe quem a procura para pedir conselhos. E o reconhecimento veio: mesmo nova, tornou-se referência.
As raízes que sustentam
Quase tudo na vida de Beatriz esteve entrelaçado à família. O avô, Gerold, foi quem colocou o primeiro instrumento em suas mãos. A avó, Valmi, embora desconfiada no início, passou a acompanhá-la em festas, shows e eventos. “Estava sempre no meio da música, mas com ela”, lembra, emocionada. Valmi faleceu há quatro meses. A mãe, Teresinha, é rotina e afeto. Chimarrão pela manhã, almoço juntas, vida compartilhada em torno da música. E é nesse vínculo que Beatriz encontra chão para crescer: entre a saudade, a responsabilidade e a promessa que ouviu sobre o pai: “Um dia vou ter um filho músico.” Ela só soube da frase anos depois da morte dele, mas é como se ele soubesse antes dela.
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Quando o som vira assinatura
O palco também tem marcos. A apresentação na escolha das soberanas da Oktoberfest, há cerca de dois anos, foi um deles. A Banda Magia também lhe deu uma das primeiras grandes oportunidades. E a festa Carpe Vita, em Bento Gonçalves, marcou de vez seu repertório eletrônico. Na Oktoberfest deste ano, vibrou com as origens. Tocou todos os dias, junto às bandinhas itinerantes, com a banda Estrela de Ouro. Beatriz quer incorporar novidades em seus shows e já estuda para isso. A música, para ela, não é só profissão. É uma forma de existir. E, quando sobe com o sax à pista, é como se dissesse, sem palavras, que o sonho que almejou finalmente aconteceu.
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