Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

CENÁRIO

Brasil entra em 2026 sob cautela econômica e polarização política

Foto: Agência Brasil

O período de fim de ano serve para renovar as expectativas, refazer promessas e estabelecer objetivos, a partir do planejamento. Isso vale para os cidadãos, para os representantes do poder público e empresas. Parece um senso comum e que se repete a cada 365 dias. A mudança no calendário na próxima quinta-feira, 1º, no entanto, vem coberta de incertezas, o que motiva cautela. Isso porque em 2026 os brasileiros voltarão às urnas para apertar a tecla verde e dar passagem para gestores dos estados e do País, além de deputados – estaduais, distritais e federais – e senadores. 

Ao ponto em que o mercado projeta um período com crescimento mais moderado, a aposta dos economistas é de que a inflação seja contida, os empregos sigam em aceleração – caso a taxa de juros básicos inicie uma sequência de queda – e o mercado cambial tenha leve valorização do dólar frente ao real. No tabaco, a produtividade pode ser reduzida, não interferindo significativamente no volume e no valor, que passa a ser definido no próximo mês. 

No futebol, o Santa Cruz fala em ano de união de esforços e trabalho para voltar à elite do Gauchão, enquanto o Avenida abrirá a temporada contra o Grêmio, mas o pensamento já está em  2027, na busca de um espaço em competição nacional. Na América do Norte, a atenção será para a seleção brasileira de futebol masculino e mais uma tentativa de buscar o hexa. 

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Orçamento de 2026 traz corte de quase R$ 500 milhões para universidades

Cada segmento da sociedade prepara-se para receber 2026 da melhor forma, fazendo com que 2025 tenha deixado lições de situações que devem ser evitadas. Entretanto, os olhos de boa parte da sociedade estão em outubro. É no décimo mês do ano que serão conhecidos os responsáveis por comandar estados e o País, que está dividido e assim deve continuar.

O Brasil termina 2025 com situação de contraste. Por um lado vive a euforia de patamares recordes na Bolsa de Valores, com a taxa cambial em recuperação no comparativo com o fim de 2024, além de índices de emprego formal nunca atingidos. Por outro, mantém-se o fantasma da taxa de juros, que assombra investidores e serve de alerta. O dinheiro é caro no País, sobretudo para quem tem menos – mais de um terço dos trabalhadores recebe até um salário mínimo. Assim, a dica é evitar dívidas a longo prazo. 

Publicidade

E esse cenário tem a adição do receio do mercado em relação à situação fiscal. Segue no norte dos investidores a ideia de que o discurso de austeridade precisa sair do papel e ser colocado em prática pelos gestores públicos. Com esse enredo, segundo o doutor em economia e coordenador de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Silvio Cezar Arend, a tendência é de um crescimento mais moderado, com expectativa de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 1,8% (em 2025 deve se confirmar 2,2%). 

LEIA TAMBÉM: Novo salário mínimo deve movimentar R$ 81,7 bilhões no país

Além disso, a taxa Selic poderá iniciar uma série de quedas, com possibilidade de chegar a 12% (atualmente está em 15%). A se confirmar, o mercado de trabalho poderá se manter em evolução. “Até agora tem sido o termômetro da economia, reduzindo sucessivamente a taxa de desemprego e alcançando, mês a mês, recordes históricos de menor taxa de desocupação”, frisa Arend. Caso a Selic mantenha-se nas alturas, ou demore para cair, o crédito continuará caro, fazendo com que exista uma interrupção nas vagas no segundo semestre de 2026.  

Publicidade

Com essa movimentação, para quem está no supermercado ou preocupado com o emprego, há uma boa notícia. A inflação, considerando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar dentro da meta, por volta de 4,1%. Mas se a área financeira parece trazer boas notícias e estabilidade, há um sinal de alerta aceso em relação à condição climática. A escassez ou o excesso de chuva pode fazer com que os preços dos alimentos sofram pressão.

E todas essas possibilidades ficam atreladas a duas questões que devem seguir em pauta no próximo ano. A primeira delas é a taxação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. As tarifas de até 50% logo ganharam exceções – diferencial aplicado inicialmente em 700 itens e ampliando-se conforme a atuação da diplomacia nacional. 

LEIA TAMBÉM: IPTU 2026: Prefeitura define prazos e descontos para o imposto em Santa Cruz

Publicidade

Quanto ao principal produto regional, o tabaco, segundo o economista, a situação pode ganhar um fôlego pelo fato de que o tabaco  brasileiro é muito importante para a indústria norte-americana. “Há dificuldade dos americanos em substituir o fornecedor brasileiro”, explica Arend. 

A outra questão é o fato de ser ano eleitoral. Há tendência de aceleração dos gastos em obras públicas, no curto prazo, o que impacto imediato no consumo. No entanto, o mercado trava os investimentos pela incerteza sobre quem pode vencer a eleição.

Chuva abaixo da média pode prejudicar o setor rural

A safra 2025/2026 pode ter perdas e resultados afetados em consequência do estresse hídrico. A afirmação é do gerente da Regional Soledade da Emater/RS-Ascar, Rotiere José Busatto Guarienti. Ele explica que novembro e dezembro tiveram chuvas mal distribuídas na área de atuação do escritório, o que acarretou prejuízos nas culturas de verão que ainda não foram computados.

Publicidade

“Os extensionistas da Emater em cada município, assim como o Escritório Regional de Soledade, estão atentos para que na necessidade seja realizado laudo de levantamento de perdas”, antecipa o gestor da unidade de auxílio técnico aos produtores gaúchos.

LEIA TAMBÉM: Calendário do Bolsa Família em 2026 está disponível; confira as datas

Tendência é de que a eleição mantenha-se polarizada

O Brasil vive, nos últimos anos, um cenário de “grenalização” na política, protagonizado por representantes dos segmentos conservador e progressista. Assim, explica José Carlos Sauer, diretor do Instituto Methodus, especialista em comportamento político e graduado em Filosofia Política, há uma erosão do campo moderado. “Não se trata da ideia de um centro, em que se reúnem vozes e pessoas mais equilibradas de política voltada para as pessoas. Essa realidade não é vivida em nenhum espectro”, alerta. 

Há a tentativa de construção de uma força política capaz de se opor ao governante atual, que é de centro-esquerda, segmento representado pelo presidente Luiz Inácio Lula a Silva (PT), e, do outro lado um esforço para compor algum nome. Recentemente, confirmou-se o do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL). Sauer explica que a eleição que Bolsonaro perdeu para o petista evidencia uma disputa quase pessoal. 

“Nesse sentido, é interessante reconhecer a força e o histórico do atual presidente. Quando entra na disputa, ele reúne cerca de 60 milhões de eleitores. É um número importante, porque com 55 milhões já elegem um presidente”, destaca o especialista. Ressalta que ao ter esse potencial – e se a direita aparecer fragmentada –, há possibilidade de vencer no primeito turno, caso Lula mantenha o desempenho. 

LEIA TAMBÉM: Prazo para pagamento antecipado do IPVA 2026 termina na próxima terça-feira

“Não acredito que vamos ter concorrentes com candidatura moderada ou ao centro competitivos, se a direita conseguir organizar um candidato capaz de fazer enfrentamento quase pessoal com o presidente Lula”, acrescenta. 

A definição “lulobolsonarista”, com o indicativo de qual deve ser o posicionamento do eleitor, tem sido mais bem identificada nos levantamentos referentes à eleição presidencial. No Estado, os cidadãos ainda não estão atentos à questão política. E isso torna-se evidente quando, em pesquisa divulgada em novembro, 70% dos entrevistados disseram não saber em quem votar. Na resposta espontânea, muitos ainda colocam o nome do atual governador Eduardo Leite (PSD) como escolhido para reeleição. A legislação eleitoral inviabiliza essa situação.  

“Isso demonstra desconhecimento do eleitor sobre os candidatos. De imediato se vê Edegar Pretto (PT) aparecendo como player, seguido do Luciano Zucco (PL)”, detalha José Carlos Sauer. Ele ressalta que não é que o eleitor ainda não tenha decidido, ele nem sequer está pensando sobre esse tema. Apesar disso, as pesquisas mostram uma disputa dos dois grandes partidos, PL e PT, reforçando o alinhamento com representantes dos dois. Assim, aqueles que não têm representação nacional tendem a enfraquecer. 

Sauer frisa que, no Rio Grande do Sul, PDT e MDB se colocam como oposição ao PT, mas no âmbito federal, participam do governo. “Há uma conta a ser cobrada desses candidatos”, aponta. O especialista recorda a eleição de 2022, que teve o crescimento de Onyx Lorenzoni (à época no PL), encaminhando para a eleição no primeiro turno, com o enfraquecimento de Eduardo Leite (à época no PSDB). “A eleição de Leite é uma contingência, consequência do resultado do primeiro turno.” Para Sauer, o governador não foi reeleito por ter o melhor projeto, mas pela rejeição de Onyx somada à marca da polarização. “Todos fazem esforço para levar Leite à reeleição e impedir a vitória de Onyx. O que se vê é a atuação da polarização, com espectro de rejeição atuando na disputa”, comenta. 

LEIA TAMBÉM: Inscrições para o Sisu 2026 começam em 19 de janeiro

Diante desses cenários, partidos tradicionais, como MDB e PP, têm sofrido modificação. “Os campos progressista e conservador vêm ocupando um espaço muito grande em todas as regiões”, afirma. A divisão ideológica forma o novo mapa brasileiro. No Norte predominam os conservadores. Já o Nordeste tem hegemonia progressista, sobretudo pela questão político/social. O Centro-Oeste, com influência do agronegócio e da moral religiosa, é conservador. 

Essa tendência tem sido percebida no Sudeste, com destaque para São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. No Sul houve uma virada para o conservadorismo, consolidando-se em Santa Catarina e no Paraná, com resistência progressista no Rio Grande do Sul. “Não acredito em uma terceira via obtendo vitória por mérito. Ela pode acontecer, mas muito parecido com o que se viu em 2022”, pondera o diretor do Instituto Methodus.  

No futebol

O presidente licenciado do Avenida, Jair Eich, reforça o otimismo com as contratações e a confiança total na comissão técnica. “Acredito que conseguiremos fazer um bom campeonato, apesar da dificuldade que é esse Gauchão”, afirma. O clube projeta buscar a classificação para a fase mata-mata, podendo conquistar vaga no calendário nacional de 2027. “Talvez seja o grande objetivo do ano”, resume. Fora do campo, destaca o apoio dos patrocinadores tradicionais e dos novos e convoca o torcedor para a partida inicial contra o Grêmio, no Estádio dos Eucaliptos, no dia 10 ou 11 de janeiro.  

LEIA TAMBÉM: Câmara aprova Lei de Diretrizes Orçamentárias de Santa Cruz para 2026

Já no Santa Cruz, o presidente Henrique Hermany confirma que a expectativa para 2026 é positiva e passa, antes de tudo, por fortalecer mais o vínculo com a comunidade e a torcida. “Estamos trabalhando para ter um Santa Cruz cada vez mais organizado, sustentável e competitivo. Um dos pilares desse projeto é o investimento contínuo nas categorias de base, que são o futuro do clube”, frisa. Acrescenta que, ao mesmo tempo, o objetivo é montar uma equipe forte e competitiva para a Divisão de Acesso, “com responsabilidade, planejamento e objetivo claro de recolocar o Galo no lugar que ele merece no futebol gaúcho”.

LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ

QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.