Os brasileiros ficam em sétimo lugar entre as nacionalidades que mais assistem vídeos longos (com mais de cinco minutos) no celular: 43% do público consome esse tipo de produção regularmente. Mesmo assim, apenas 18% dos pesquisados concordariam em pagar pelo conteúdo, o que coloca o país no 17º lugar da lista, empatado com a Áustria. Nesse quesito. o Brasil ainda fica, no entanto, à frente de países como Itália, França e Portugal.
Os dados fazem parte de pesquisa do International Advertising Bureau (IAB) feita neste ano em 24 países com 200 pessoas que possuem smartphones e têm mais de 16 anos. Para Cristiane Camargo, diretora-executiva do IAB Brasil, o gosto por vídeos longos vem da força que a televisão tradicionalmente tem na cultura brasileira. “Canais de vídeos na internet vão muito bem no Brasil, o que é uma continuidade dessa cultura da novela, do programa de auditório nas plataformas móveis”, afirma.
Segundo Camargo, essa transição é em parte mérito das emissoras de TV, que em sua visão exploram bem os vídeos mobile, com chamadas do tipo “acesse o site e continue assistindo o programa”. Os dados da pesquisa mostram que as emissoras acertam no investimento: 22% do público brasileiro afirmou estar assistindo menos televisão por causa do maior uso do celular para chegar ao conteúdo audiovisual. “A TV aberta ainda obriga o usuário a assistir o conteúdo em uma hora estabelecida, o De Volta Para O Futuro no meio das férias, às 15 horas. Isso faz cada vez menos sentido”, diz Camargo.
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Nos 24 países incluídos na pesquisa, o vídeo mobile é consumido através de canais como Youtube (62%), plataformas de mídias sociais (33%), resultados de pesquisa (20%) e publicidade (14%).
PAGAMENTO
A força do modelo da TV ainda contribui, no entanto, para a aversão a pagar pelo conteúdo. De acordo com a pesquisa, 83% dos brasileiros preferem assistir conteúdo de graça, mas com anúncios, e apenas 15% já pagaram por algum conteúdo de vídeo assistido no smartphone.
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Dos que concordariam em pagar pelos vídeos, 13% adotariam o modelo de comprar um pacote mensal de vídeos, e 5% prefeririam pagar por cada vídeo assistido, sem propagandas. A essa questão cultural se soma também um fator econômico, afirma Camargo. “As pessoas não têm tanto dinheiro no país. A maior parte da telefonia do Brasil é pré-paga, e o público sabe que, se somados, pequenos aumentos em assinaturas e planos de dados acabam significando um impacto grande no orçamento”, diz.