A tarde ensolarada de sábado, 31, foi propícia para a realização da 3ª Jane’s Walk em Santa Cruz do Sul. A iniciativa, mundialmente conhecida por incentivar seus participantes a conhecer partes da cidade por meio do caminhar, observar e pensar, teve como roteiro os bairros Várzea e Navegantes. Os dois locais foram os mais atingidos no município pelas enchentes de 2024. Por esse motivo, o tema deste ano foi Cidade e Rios, com objetivo de relembrar a relação entre os rios e a urbanização, a história e a resiliência da comunidade.
A organização esteve a cargo do Grupo de Pesquisa e Estudos Urbanos e Regionais (Gepeur) do Programa de Pós-graduação – Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Um dos coordenadores, o professor Rogério Silveira, lembrou que a ideia surgiu em 2021, durante um encontro do grupo de pesquisa formado por alunos e professores.
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A primeira edição ocorreu já no ano seguinte, em 2022, e teve como roteiro a Rua Marechal Floriano, destacando a importância do Túnel Verde. A segunda, em 2023, foi realizada ao longo da Rua Ernesto Alves e evidenciou o patrimônio industrial da cidade.
A exemplo das duas anteriores, essa terceira caminhada oportunizou momentos de encontro, integração e conscientização. “Foi possível dar visibilidade para esses bairros que reiteradamente têm sido atingidos por eventos climáticos. Além disso, conscientizar sobre a importância de uma urbanização mais sustentável para todos”, comentou o professor.
O percurso, com saída da Escola Municipal de Ensino Fundamental Guido Herberts, totalizou 3,6 quilômetros (ida e volta). Durante o trajeto, os participantes fizeram paradas em pontos estratégicos e receberam orientações sobre cada um desses locais.
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A 3ª Jane’s Walk teve vários apoiadores e parceiros, entre eles o Instituto Binemac, de Santa Cruz do Sul, que já promoveu ações de cunho ambiental no Bairro Várzea, como os mutirões para recolhimento de lixo no Arroio Lajeado e arredores.
Moradoras apontam que ainda há muito depósito de lixo e entulhos na região

Mais de 130 caminhantes participaram. Entre eles, o jornalista Mauro Ulrich, 60 anos, que já havia marcado presença nas duas edições anteriores. Para Ulrich, a proposta é maravilhosa, pois incentiva as pessoas a conhecerem a cidade e também as pessoas que nela habitam. “Só vamos conhecer a cidade, efetivamente, como pedestres”, observou, acrescentando ter intensificado sua prática de caminhadas há mais de um ano, como ação benéfica para a saúde.
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Diferentemente dele, as artesãs Marceli Blank Rodrigues, de 50 anos, e Fabiane Schedler, 49, moradoras do Bairro Várzea, estrearam na Jane’s Walk. As duas destacaram a importância da caminhada para os participantes, vindos de diversos locais da cidade, conhecerem as demandas e necessidades dos bairros Várzea e Navegantes, especialmente após as enchentes.
Elas, que moram há mais de 40 anos no Várzea e em 2024 tiveram pela primeira vez suas casas inundadas, ressaltaram a necessidade de seguir chamando atenção, especialmente do poder público, para as dificuldades enfrentadas por quem mora nos dois bairros.
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Segundo Marceli e Fabiane, ainda há muito depósito de lixo e entulho e também falta conscientização. Ao destacarem que a região precisa de mais atenção, salientaram que o sentimento da maioria dos moradores é de exclusão.

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