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OPERAÇÃO TAVARES

Caminhoneiro de Santa Cruz seria integrante de grupo que fabricava cigarros piratas

Alvo da operação em Santa Cruz era caminhoneiro e foi preso na BR-471. Policiais federais apreenderam carreta que ele conduzia

Passava pouco das 6 horas da manhã dessa terça-feira, 19, quando três equipes da Polícia Federal (PF) de Santa Cruz do Sul, coordenadas pelo delegado Mauro Lima Silveira, cumpriram ordens judiciais daquela que é considerada uma das maiores operações de combate ao contrabando de cigarros da história do Rio Grande do Sul. Denominada “Tavares”, a ação contou ainda com desdobramentos no Paraná e em São Paulo.

O objetivo da ação, que envolveu 250 policiais federais, além de 60 servidores da Receita Federal, e contou com apoio da Brigada Militar, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e Previdência Social, foi desarticular uma organização criminosa dedicada ao contrabando e à produção clandestina de cigarros. A investigação apurou ainda os crimes de uso de mão de obra em condições análogas à escravidão, contra o meio ambiente e corrupção de menores.

Durante a operação, foram cumpridos 40 mandados de prisão e 56 mandados de busca e apreensão, e executadas ordens judiciais para sequestro e arresto de 56 veículos, 13 imóveis e valores em contas vinculadas a 23 pessoas físicas e jurídicas, até o valor de R$ 600 milhões. Na região, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão temporária em uma residência do Bairro Esmeralda, em Santa Cruz do Sul.

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Agentes encontraram valores em dinheiro

O morador desse imóvel é um caminhoneiro investigado como integrante da organização criminosa. No entanto, ele não estava em casa e foi localizado pelos agentes circulando na BR-471, próximo ao Distrito Industrial, em uma carreta Volvo branca. O caminhão foi apreendido e o motorista preso. Seu nome e idade não foram revelados.

Já em Vera Cruz, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão temporária. Um homem de 42 anos, acusado de integrar o mesmo grupo criminoso, foi preso em sua residência, no Bairro Industrial. Ele não teve seu nome revelado. No local, ainda foram apreendidos documentos vinculados aos fatos investigados, bem como o veículo do acusado.

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Conforme o delegado Mauro Lima Silveira, os dois presos foram ouvidos na delegacia da PF e depois conduzidos ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul. As mesmas equipes ainda cumpriram outras ordens judiciais em cidades sob circunscrição da PF de Santa Cruz, como Lajeado e Anta Gorda. Na primeira, foi um mandado de busca e apreensão. Já na segunda, além de um de busca, houve o cumprimento de um mandado de prisão temporária.

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Cigarros paraguaios foram apreendidos

Adolescente era líder de organização

A investigação que culminou na operação teve início há mais de um ano, ainda em 2020, para apurar a prática de contrabando de cigarros na Região Metropolitana de Porto Alegre. Diligências identificaram a existência de uma organização criminosa estruturada para a produção clandestina de cigarros de marcas paraguaias em cidades do Rio Grande do Sul.

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Um adolescente de apenas 17 anos seria um dos principais líderes da organização criminosa. Parte dos cigarros produzidos abasteceria o mercado clandestino do Uruguai e pontos de venda no Rio Grande do Sul vinculados à facção criminosa. A estimativa é de que as fábricas clandestinas, localizadas em Cachoeirinha e Triunfo, produziriam cerca de 10 milhões de maços de cigarros por mês, com faturamento mensal de R$ 50 milhões. Conforme projeção da Receita Federal, os impostos, se recolhidos, atingiriam R$ 25 milhões ao mês, somente em tributos federais (IPI, PIS e Cofins).

Segundo o delegado da PF de Porto Alegre, responsável pela investigação, Wilson Klippel Cicognani Filho, o grupo criminoso buscava trabalhadores na divisa do Brasil com o Paraguai, nas proximidades de Foz do Iguaçu, para realizarem a produção em massa dos produtos. “A organização operava em ciclos. De tempos em tempos, esses trabalhadores paraguaios eram cooptados pela organização criminosa e levados ao local de trabalho, onde ficavam cerca de seis a oito meses”, disse o delegado, em entrevista coletiva.

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Conforme Klippel, quando findava esse prazo, os funcionários eram mandados de volta ao Paraguai, e os líderes do grupo davam uma pausa de alguns meses nas ações. “Aí, eles trocavam de carros e recomeçavam a operação em um novo local, seguindo outros protocolos, alterando a logística”, complementou o delegado.

Ao todo, 17 trabalhadores paraguaios e um brasileiro foram resgatados, enclausurados no subsolo da fábrica de Triunfo, em uma espécie de bunker, que era acessado através de um elevador hidráulico. Quando chegavam ao Brasil, os seus celulares eram apreendidos pelos líderes do grupo. De acordo com Klippel, os integrantes da organização conheciam apenas parte da operação, para que fosse preservada toda a cadeia do contrabando. “Mais de 20 mil caixas de cigarros foram apreendidas, o que eleva essa apreensão para a maior do Estado e talvez até do País”, finalizou o delegado.

A operação foi denominada “Tavares” em alusão ao local onde foi identificado o primeiro depósito do grupo, na entrada do município de Cachoeirinha. Ainda durante a coletiva, o superintendente regional da PF no Rio Grande do Sul, Aldronei Antônio Pacheco Rodrigues, revelou que as máquinas usadas na fabricação dos cigarros contrabandeados eram, inicialmente, de grandes empresas idôneas. Contudo, no momento de renovação de parques industriais, essas máquinas antigas terminavam nas mãos dos criminosos. “Se houvesse as cautelas necessárias no descarte correto desses equipamentos, esse tipo de crime seria impossível no Brasil”, frisou Rodrigues.

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Máquinas industriais, que já foram de grandes empresas do ramo, estavam dentro de fábricas clandestinas

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