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PELO MUNDO

Catedrais inglesas: entre a fé e a opulência

Vista da quase milenar Abadia de Westminster, em Londres

A primeira visão da nave principal de grandes catedrais causa uma reação quase física. Uma pausa na respiração e um silêncio contemplativo se tornam necessários para absorver a carga artística, histórica e, principalmente, o simbolismo espiritual das milenares estruturas góticas e romanescas. Líderes políticos e religiosos as construíram, porém, bem mais do que esguios pilares de pedra, elaborados vitrais e esplêndida ornamentação, a piedade e a fé as solidificaram.

Colunas, arcos e contrafortes se abraçam para sustentar o peso de altas torres e paredes. Independentemente de crença ou espiritualidade, é natural que locais aclamados como centros de peregrinação e templos históricos transmitam, no mínimo, perplexidade e reflexão. Preces, agradecimentos e adoração são componentes da intangível catedral da riqueza humana.

Abadia de Westminster, ano 1042

Westminster foi concebida como um palco ricamente decorado para os rituais da monarquia. Construída pelo rei Eduardo o Confessor (1003-1066), a Abadia de Westminster só foi consagrada uma semana antes de sua morte. O monarca, canonizado pela igreja católica em 1161, não foi coroado na abadia, mas está sepultado na igreja que idealizou.

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Desde Guilherme o Conquistador, em 1066, foram realizadas 40 coroações de soberanos ingleses e britânicos, afora 16 matrimônios reais. Além das tumbas de 18 reis e rainhas ingleses, escoceses e britânicos, há mais de 3 mil pessoas enterradas no templo gótico. O entorno da nave principal (ambulatório) e as magníficas capelas formam um conjunto de túmulos e memoriais de celebridades políticas, culturais e históricas.

A capela de Henrique VII, posterior ao altar principal, é considerada uma das maiores realizações arquitetônicas do Reino Unido, com extravagantes abóbadas em leque, pendentes e uma decoração inesquecível para homenagear os vários monarcas que ali jazem. Impactou-me ver, frente a frente, os túmulos e as efígies de Maria I (1533-1603), rainha dos escoceses e herdeira de direito do trono de Henrique VIII, e de sua algoz, a “Rainha Virgem” Elizabeth I (1558-1603), que sancionou a decapitação da prima escocesa após aprisioná-la por 19 anos.

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Embora tenha sido uma catedral por um curto período, a Abadia possui hoje o status de Royal Peculiar na Igreja Anglicana, diretamente sob a jurisdição do monarca e fora de uma diocese. As coroações se dão sobre o estupendo pavimento Cosmati, um tapete feito com 90 mil pedaços de vidro colorido e pedras construído por artistas italianos no século 13.

A tradição de enterrar celebridades de fora da realeza na abadia iniciou no século 18. Destacam-se as tumbas dos cientistas Isaac Newton, Charles Darwin e Stephen Hawking, dos artistas Laurence Olivier e George Frideric Handel, dos escritores Charles Dickens e Rudyard Kipling, entre tantas outras. O único túmulo sobre o qual é proibido pisar é o do soldado desconhecido, situado na entrada da igreja desde 1920.

Em frente ao monumento de Isaac Newton, está enterrado o almirante Thomas Cochrane, Marquês do Maranhão no império brasileiro e fundador das Marinhas do Brasil e do Chile. Em visita oficial ao Reino Unido, o então presidente José Sarney pisou sobre o túmulo e exclamou: “Corsário!”. O maranhense aludia ao saque de São Luís, em 1824, promovido pelo comandante escocês pouco antes de retornar ao Reino Unido.

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Catedral de York (York Minster), ano 1230, sobre templo original de 627

Além de ter inspirado o nome de um estado e da cidade mais populosa dos Estados Unidos, York se orgulha de seu religioso palácio perpendicular, a maior catedral do norte da Europa. O templo gótico é a principal atração da cidade murada de 180 mil habitantes. Fundada como Eboracum pelos romanos no ano 71 d.C., York foi ocupada no século 9 pelos vikings, que a rebatizaram como Yorvik.

Nave da York Minster, a maior catedral do norte da Europa | otos: Acervo pessoal de Aidir Parizzi Júnior

Após a invasão normanda, York tornou-se a segunda maior cidade inglesa e o porte da catedral deriva desse período de abundância. O termo “Minster”, usado em vez de “catedral”, tem origem anglo-saxã, como no caso da Abadia de Westminster. Imerso na esplêndida decoração, marcaram-me os espetaculares vitrais medievais, os mais antigos do mundo.

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