A declaração feita pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, nesta sexta-feira, 23, ao jornal “Financial Times”, de que o modelo brasileiro do seguro-desemprego está “completamente ultrapassado” foi mal recebida pelas centrais sindicais. Para Miguel Torres, presidente da Força Sindical, Levy mostrou desconhecer a realidade brasileira. “Ultrapassadas são as ideias do Levy, que acredita que ajustes devem ser feitos cortando direitos e implementando políticas restritivas que penalizam apenas os trabalhadores.” Torres diz que Levy tem se curvado ao mercado e perseguido os trabalhadores.
“Por que o ministro não taxa as grandes fortunas? Será que a presidenta Dilma Rousseff concorda com ele?”, questiona o presidente da Força Sindical. O clima entre as centrais sindicais e o governo ficou delicado desde o anúncio feito no fim do ano passado sobre as regras mais rígidas para concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários. Reação semelhante veio da CUT, que também avaliou a fala do ministro da Fazenda como “desconhecimento”. “Isso mostra que ele desconhece a realidade brasileira e, principalmente, o alto índice de rotatividade que existe no Brasil, de até 39% da mão de obra anual”, disse o secretário nacional de administração e finanças da CUT, Quintino Severo.
Segundo Severo, enquanto o país não reduzir a rotatividade, o seguro desemprego será um instrumento fundamental na vida do trabalhador. Para Ricardo Patah, presidente da UGT, a equipe econômica usa a imprensa internacional para tratar de uma questão dos trabalhadores. A declaração de Levy ocorre dias após um encontro, sem acordo, entre as centrais e o governo para debater o assunto.
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