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TRATAMENTO PARA A COVID-19

Clima de apreensão nas UTIs: número de leitos disponíveis na região preocupa

Foto: Alencar da Rosa

Com o número crescente de internações hospitalares causadas pela infecção com o coronavírus, o tratamento intensivo da doença chegou ao nível de alerta na região. Um levantamento realizado pela Gazeta do Sul junto aos cinco maiores hospitais da região dos Vales que têm Unidades de Terapia Intensiva (UTI) mostra que nos centros de referência em tratamento à Covid-19 restavam, até a tarde dessa quarta-feira, 17, apenas seis leitos. Em algumas unidades, a lotação já ultrapassa 100% da capacidade.

Na região, o caso mais delicado está em Venâncio Aires. O Hospital São Sebastião Mártir já opera além da capacidade. O presidente da casa de saúde, Luciano Spies, explica que a UTI Covid do São Sebastião tinha, inicialmente, oito leitos para internação de pacientes com a infecção. No entanto, foi feita uma adaptação, com a retirada de dois leitos da UTI normal. “E está tudo lotado. Estamos atendendo com 125% da capacidade e isso vem ocorrendo há um bom tempo”, afirma.

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Spies alerta que nos últimos sete dias o hospital atingiu o pico da capacidade e a tendência é que os números se mantenham nesse patamar. O hospital é responsável pela gestão da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Venâncio Aires. “Na última segunda-feira bateu-se o recorde de atendimentos. A UPA foi projetada para atender 150 pacientes por dia. Nossa equipe realizou quase 300 atendimentos e mais da metade com pacientes com algum sintoma suspeito de Covid”, destaca.

Além da superlotação da UTI, a unidade clínica Covid, que conta com 13 leitos no São Sebastião Mártir, está com 11 internados. “Na sexta-feira passada estava lotada também. Tivemos algumas altas e acabou que sobraram vagas. Creio que estamos no momento mais delicado da pandemia em Venâncio Aires”, alerta Luciano Spies.

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Em Santa Cruz do Sul, o Hospital Ana Nery também atingiu 100% de lotação para Covid-19. Os cinco leitos de UTI e os nove leitos clínicos estavam todos ocupados nessa quarta. Há dez dias, o Ana Nery tinha apenas uma internação na UTI Covid. “Estamos com o máximo de nossa capacidade, porém percebemos uma estabilização no volume de atendimentos. Acreditamos que se mantenha assim, sem aumento na demanda a partir de agora”, avalia o diretor executivo do Ana Nery, Gilberto Gobbi.

Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, atingiu 100% de ocupação das vagas para pacientes com Covid, na UTI e em leitos clínicos | Foto: Alencar da Rosa

Dois hospitais com vagas

Restam vagas apenas no Hospital Santa Cruz (HSC) e no Hospital de Caridade e Beneficência (HCB) de Cachoeira do Sul. Em Lajeado, a UTI Covid do Hospital Bruno Born (HBB) chegou a 100% de ocupação na tarde dessa quarta-feira. O sistema de informações da casa de saúde mostra também um aumento considerável no número de atendimentos de casos suspeitos de contaminação com o coronavírus nos últimos dias. Em 4 de fevereiro, a média de atendimentos por dia era de 13 pacientes. Há uma semana, em 11 de fevereiro, o total de atendimentos em um único dia chegou a 78.

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No município de Cachoeira do Sul, a taxa de lotação nessa quarta era de 80%. A casa de saúde contava com apenas duas vagas na UTI Covid e já registrava a internação de pacientes de outras regiões. Entre os oito internados, uma paciente de Santa Catarina estava entre os doentes da UTI do Hospital de Caridade e Beneficência.

Já o Hospital Santa Cruz tinha quatro vagas de internação na UTI Covid. Com capacidade para 15 pacientes, até a tarde dessa quarta havia 11 internações na unidade. Conforme a assessoria de imprensa do HSC, dos pacientes internados, mais da metade era de outros municípios. Ao todo, seis leitos estavam ocupados por doentes encaminhados pelo governo do Estado.

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Momento é de alerta amarelo

Com dados dos 36 hospitais da macrorregião dos Vales, que engloba os vales do Rio Pardo, Taquari e Jacuí-Centro, a coordenadora adjunta da 13ª Coordenadoria Regional em Saúde (13ª CRS), Aline Lima, diz que a situação é de alerta. Na tarde dessa quarta, o sistema informatizado da Secretaria Estadual da Saúde contabilizava 67,9% das vagas de UTI Covid da região utilizadas em internações. “Estamos em uma faixa amarela, de alerta. Pior do que o período atual foi o mês de dezembro do ano passado, quando já haviam ocorrido superlotações na macrorregião.”

Aline diz que a situação está indo ao encontro do limite aceitável para o tratamento de doentes graves. A coordenadora-adjunta explica ainda que os leitos de retaguarda, para o tratamento não grave da Covid-19, seguem com baixa ocupação. Assim como eles, a oferta de equipamentos como respiradores também se mantinha em níveis razoáveis. Na tarde dessa quarta, 37,1% dos 140 respiradores listados para a macrorregião estavam em uso. “Temos também uma oferta grande de leitos clínicos, em municípios menores. Porém, nem todos hospitais têm UTI”, observa.

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Situação pode forçar transferências para outros pontos do Estado

A ocupação dos leitos em hospitais obedece à regulação estadual de internações, via Sistema Único de Saúde (SUS). Esse serviço é feito pela Secretaria Estadual da Saúde, alimentado com informações dos próprios hospitais. Assim, as vagas disponíveis via SUS integradas a essa regulação não são de um único município ou região.

Aline Lima, da 13ª CRS, conta que toda vez que um paciente necessita de UTI, e o hospital no qual ele está internado para o tratamento do coronavírus não tem vaga na unidade, é feita uma consulta ao sistema. “A gente tenta achar sempre um hospital mais perto, mas isso depende das vagas também”, esclarece. Neste sentido, as próprias vagas que estão abertas na região podem ser ocupadas por doentes de outras cidades. “E o inverso vale também. No caso de não haver vagas aqui na nossa região, os pacientes acabam sendo encaminhados para outros hospitais, de outras cidades.”

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