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Conferimos o documentário Coração selvagem, sobre Belchior

Belchior

Belchior, um dos maiores nomes da MPB, seja como compositor, seja como cantor, com a sua inconfundível voz, despediu-se da vida há quase seis anos, no dia 30 de abril de 2017. A notícia de seu passamento pegou a todos de surpresa ainda mais porque revelava, ali, o seu paradeiro, que ficara desconhecido do grande público, dos fãs. Ele estava em Santa Cruz do Sul, onde vivera, praticamente anônimo (a não ser para alguns poucos que sabiam de sua presença na cidade e o mantinham em sigilo), os últimos anos de sua aventurosa existência.

Se Bel morreu, sua obra segue muito viva e pulsante. Uma produção que, aliás, arde intensamente, nas rádios, no mercado fonográfico, com releituras e homenagens; nas livrarias, com sucessivas biografias e variados relatos memoriais de pessoas que com ele conviveram ou sobre ele pesquisam; e, claro, no cinema.

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Camilo Cavalcanti falou com a Gazeta do Sul por telefone

No ano passado mais uma cinebiografia foi concluída, produção que agora chega às telas em diversas casas de cultura. Belchior – Apenas um Coração Selvagem tem a direção do pernambucano Camilo Cavalcanti (que falou com a Gazeta do Sul por telefone) e da paulista Natália Dias, ambos vinculados à Clariô Filmes, do Rio de Janeiro, que liderou o projeto. Embora ainda não tenha sido exibido em Santa Cruz, o filme está em cartaz em Porto Alegre, na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana, onde pode ser conferido em sessões diárias, às 17 horas.

Em 1h30, recupera trechos de entrevistas, com declarações esclarecedoras do cearense desde o seu surgimento para a música. Refere, por exemplo, situações e circunstâncias que o guiaram para a música desde a mais tenra infância, em Sobral, onde nasceu, apontando as rádios-poste como uma das primeiras aberturas para a comunicação, a cultura e o grande mundo. Como não poderia deixar de ser, sua formação em colégio de padres (o que fortaleceu o contato com o religioso e com a espiritualidade), seguida dos estudos de Filosofia, foi determinante para alguns temas que viriam a se acentuar em sua poesia, que é como deve ser conceituado o seu cancioneiro.

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E essa poeticidade, essa musicalidade de seus versos, fica patente no documentário, no recurso da declamação que o ator cearense Silvero Pereira faz de textos de Bel, e que são intercalados entre os depoimentos do cantor e de recortes de entrevistas que concedeu, ou de shows. Quando Bel deixou Fortaleza, para onde se mudara, e rumou para o Sul, ao Rio e depois a São Paulo, foi uma gaúcha a grande incentivadora de sua obra: Elis Regina, que gravou Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida.

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Depois, ninguém mais seguraria Belchior, que seguiria com sua própria voz e seus próprios discos, firmando-se como fenômeno ao lado da própria Elis, e de Caetano, Gil, Chico, dos demais baianos e da turma do Nordeste que pedia passagem (Fagner entre eles). A cinebiografia não chega a avançar com maior pretensão ou preocupação até o período derradeiro de Bel, mas sua obra está devidamente documentada e celebrada.

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ENTREVISTA – Camilo Cavalcanti, Cineasta

Magazine – Como foi o teu contato com a obra de Belchior e como surgiu o projeto do filme?

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Em 2015, tive a oportunidade de ir a evento que contava com pocket-show de uma cantora chamada Daira Saboia, de Niterói, que, na ocasião, cantou três músicas de Belchior. Uma eu não conhecia, e fiquei atravessado por essa música, de uma poesia ímpar, lindíssima; fiquei fascinado. Perguntei: quem escreveu isso? Era do Belchior. Princesa do Meu Lugar, é a música. Que a gente escolheu para encerrar o filme, e que curiosamente ele não gravou, não está em nenhum disco dele. Claro que eu já conhecia o Belchior como cantor, cantava músicas dele, embora não fosse um grande fã. Naquele dia falei: tem alguma coisa diferente aqui que eu ainda não tinha visto. Na sequência, conversando com a Natália Dias, cocriadora, corroteirista, codiretora do filme, decidimos ir juntos ver o pocket-show. E ali decidimos que a gente tinha de fazer alguma coisa com isso, que era muito forte a obra desse cara.

Começamos a pesquisar a partir da obra, das letras, A gente tinha um chão cheio de papéis, de letras espalhadas, e via ligações entre elas, histórias que continuavam. A gente começou a estudar a obra. E se fascinar cada vez mais. Foi muito por essa potência, da obra, do artesanato da palavra, da força da mensagem, de uma mensagem que é atemporal, que atravessa gerações, enfim, foi por conta disso que a gente precisava fazer um filme, contar essa história. E, ao mesmo tempo, havia um movimento naquela época nas redes, que pedia Volta Belchior, com cartazes espalhados na rua, muros pichados. Não existia pedido de volta para nenhum outro artista, era Volta Belchior; existia esse grito. E a gente se sentiu mais uma faísca desse movimento. A gente quis usar a possibilidade audiovisual de contar histórias, para somar a esse grito de Volta Belchior. Foi assim que começou. E então em 2017 ele faleceu. Tomamos uma ducha de água fria, mas ao mesmo tempo houve uma responsabilidade ainda maior com essa história. O desejo era de jogar luz sobre a obra, a força da obra, a força da poesia de Belchior, a singularidade e a potência dessa obra.

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