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Nesta quinta

CVV completa 15 anos em Santa Cruz

A mantenedora do Centro de Valorização da Vida (CVV) completa nesta quinta-feira, 3, 15 anos de atividade em Santa Cruz do Sul. Administrado por meio de doações da comunidade e recursos dos próprios voluntários, pela Associação Amigos da Vida, a unidade local integra o serviço nacional que atua diretamente no acolhimento e amparo emocional, na luta contra o suicídio. Em todo o país, por dia, o número 188, de ligação gratuita recebe cerca de 10 mil ligações.

O CVV é uma franquia social que atua em mais de 120 mantenedoras no Brasil, auxiliando no apoio emocional a quem necessitar. “É um trabalho de forma voluntária e estamos atendendo durante 24 horas mesmo na pandemia. A solidão, medo, ansiedade e outras questões causaram um certo desconforto nas pessoas, mas os voluntários do CVV ficaram e continuam disponíveis”, explica a porta-voz do CVV em Santa Cruz, Naira Lisane Zanette.

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A porta-voz conta que o trabalho executado pelos dez voluntários do posto santa-cruzense ocorre por meio do atendimento ao telefone, no número 188, no qual as pessoas ligam de forma gratuita e sigilosa. O atendimento se dá também por meio do chat, no site cvv.org.br. “Nosso trabalho é de forma muito cuidadosa e amável a quem nos procura, pois nunca sabemos como a pessoa está se sentindo do outro lado. É preciso estar atento ao que nos é relatado, pois quem liga quer é ser ouvido, afinal, falar todos falam, então nós voluntários estamos ali atentos para escutar, sermos empáticos para com o outro”, destaca Naira.

A porta-voz do CVV ressalta que o mais gratificante, que mobiliza todo voluntário que participa do serviço é quando alguém fala, durante uma das ligações anônimas, comentando que está feliz com o atendimento que recebeu, com a atenção que teve. “É recompensador também quando ficamos sabendo que foi por meio do atendimento recebido no CVV que a pessoa que está do outro lado da linha continua viva. Isto é um presente para nós voluntários”, pontua.

O desafio aos efeitos nocivos da depressão é a maior batalha de quem atende ao telefone do CVV. “Às vezes a pessoa está tão deprimida que não consegue nem expressar o tamanho de sua dor. Então o voluntário busca palavras de compreensão e conforto para sustentar a situação, sem contar o tempo passar, mas continua dando atenção o tempo que for preciso”, revela Naira. 

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Mais de 100 atendimentos mês 

Os dez voluntários do CVV Santa Cruz trabalham em turnos semanais, de quatro horas cada. Antes de dar início a este atendimento por telefone, passam por um treinamento de 40 horas e um estágio de três meses, com palestras presenciais e formação pela internet. Em média, o posto santa-cruzense, que faz parte da rede nacional de atendimento realiza mais de 100 atendimentos. “Todo o processo é sigiloso e dificilmente uma ligação local vem para nós. Recebemos chamadas de todo o país, pessoas de todas as idades nas mais variadas situações e também nos relatam assuntos agradáveis, alguns querem apenas conversar”, relata Naira. Já o CVV Nacional registra, em média, dez mil ligações por dia, conectadas aos mais de 120 postos instalados no Brasil.

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Para ser voluntário é necessário ter 18 anos completos e ter disponibilidade de 4 horas semanais e mais 2 horas no mês para a reunião mensal. Além disso, são organizados eventos para angariar recursos para sustentabilidade da mantenedora. “No momento não temos data provável para um novo treinamento, estamos em adaptações devido a pandemia. Mas quem tiver interesse poderá deixar seu contato junto ao Corpo de Bombeiros em Santa Cruz, ou na página do Facebook do CVV Santa Cruz do Sul, pode entrar em conta por mensagem”, convida a porta-voz. 

Setembro Amarelo 

Durante o mês de setembro, ações em todo o sistema de saúde pública do país focam na prevenção ao suicídio. Geralmente nesta época, o CVV Santa Cruz do Sul intensifica sua atuação com eventos presenciais, como palestras, rodas de conversa e outros. “Tínhamos previsto um evento às comemorações dos 15 anos de CVV em Santa Cruz do Sul, mas a princípio será adiado devido a pandemia. Assim que estiver normalizado com certeza iremos comemorar, afinal os voluntários e a comunidade são merecedores de uma confraternização”, pontua. 

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Linha do Tempo – CVV 15 anos Santa Cruz do Sul 

Sonia Eliete Nepomuceno, junto de outros dez voluntários firmam os primeiros passos para instauração do posto de atendimento do CVV, em Santa Cruz do Sul. Com o apoio da comunidade da região e de entidades públicas e privadas, nasce o posto na cidade santa-cruzense. Em maio do ano seguinte, após muitos encontros, reuniões, captação de voluntários, aprimoramento de técnicas de atendimento e curso de capacitação dos aspirantes à nobre tarefa de ser Voluntário do CVV, o grupo original, com apoio da Coordenação da Regional de Porto Alegre, dá partida aos atendimentos telefônicos.

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Nessa história de preservação da vida é importante registrar um ponto que foi e é fundamental para a manutenção das atividades do posto, entre outras prioridades. O apoio recebido desde o início deste projeto, por parte do poder público, em cedência do espaço onde os voluntários praticam as atividades vinculadas ao apoio emocional e prevenção ao suicídio, junto ao Corpo de Bombeiros da cidade. Esta condição é básica e decisiva, pois todos os custos para a garantia desse trabalho são absorvidos pelos próprios voluntários, que, desde sempre, estiveram à frente de movimentos solidários para custeio do financeiro da instituição por meio de sua mantenedora, a Associação Amigos da Vida de Santa cruz do Sul.

Após 15 anos percorrendo este caminho, sendo considerado a um “ombro amigo”, trabalhando junto à comunidade da região do Vale do Rio Pardo de maneira presencial, atendimento telefônico e também em atividades no meio escolar, empresarial, público e principalmente através de palestras e rodas de conversa. “Muitas pessoas contribuíram para a mantenedora manter-se ativa, a estes voluntários que dedicaram sua atenção antes de nós até esta data 2020, nossa imensa gratidão”.

Nos últimos anos o CVV local passou por grandes desafios, dentre eles destaca-se a captação de voluntários. Os anos de 2018 e 2019 foram marcados pela busca de novos integrantes e, em 2019 sob ameaça de encerramento das atividades, aqueles que abraçavam a causa, mais uma vez, fizeram um chamado à sociedade, com apoio valioso dos meios de comunicação. Assim, recebendo, ao final do período de estágio, mais sete cevevianos, como se intitulam. Atualmente a equipe conta com dez integrantes.

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Relato de voluntários CVV

Maiquel Vogt
“Quando preciso falar do CVV, faltam palavras que sejam capazes de expressar tudo o que representa. Posso afirmar que trouxe uma mudança profunda na minha vida, em relação a enxergar os outros, e de tudo que cada pessoa carrega.  Ao CVV tenho gratidão, que começa por aquelas pessoas que se disponibilizaram para desenvolver este trabalho, e que o trouxeram para mais perto de nós e que não mediram esforços para manter este nosso espaço atuando. Gratidão por poder fazer parte deste grupo. Essa gratidão, que recebemos muitas vezes da outra pessoa que liga em nossos plantões e que nos enche de motivação para continuarmos. E, quem sabe no futuro, esse modo de ser do CVV, seja um modo ao qual todas as pessoas possam desenvolver, e que, seja normal nos preocuparmos uns com os outros, e estarmos presentes quando alguém precisar, com acolhimento, sem julgamentos.”

Mercedes Ramos
“E o CVV se encaixou perfeitamente para minha vida. Hoje, há aproximadamente 8 anos, lamento não conseguir render mais… porém, de qualquer forma, estou servindo. Parabéns CVV Santa Cruz do Sul.”

Roseli Bartikosky 
“O mundo está doente e o CVV é parte da cura, pelo amor ao próximo, pela prática de fazer o bem sem olhar a quem, pela sua filosofia de acolher sem julgar, por sua presença amiga nos momentos de mais profunda dor da alma humana. Ser voluntário do CVV traz um aprendizado humano que escola alguma seria capaz de traduzir, pois estar ao lado de alguém que não quer mais viver e perceber essa pessoa retornar da escuridão profunda onde estava e sentir que ela, por pelo menos mais um dia, está disposta a seguir, isso realmente não tem como passar pelo atendente do 188 sem mexer em nosso espírito e nos causar a sensação de missão cumprida. Parabéns pelos 15 anos dessa estrada de lutas e de vitórias inenarráveis.”

Naira Zanette 
“A mantenedora do CVV em Santa Cruz do Sul, apesar de suas dificuldades em manter-se ativa, conta com a disponibilidade de voluntários e todos em prol de Valorizar a Vida. Doar nosso tempo e atenção ao próximo, sem esperar nada em troca, modifica nossa vida profissional e pessoal. Defino que ser um voluntário no CVV é um passo para o autoconhecimento, pois acreditamos na causa, assim sendo, temos uma visão do mundo das pessoas e ainda desperta e aprimora o sentimento de sensibilidade e empatia.”

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O CVV no Brasil 

O CVV foi fundado em São Paulo, em 1962, constituído por meio de uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção do suicídio.

A linha 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, sendo concluída em 30 de junho de 2018, com a integração de todos os estados.

Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188 (24 horas e sem custo de ligação), pessoalmente (nos 120 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e e-mail. Nestes canais, são realizados mais de 3 milhões de atendimentos anuais, por mais de 4 mil voluntários, localizados em 24 estados mais o Distrito Federal.

Além dos atendimentos, o CVV desenvolve, em todo o país, outras atividades relacionadas a apoio emocional, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhor convivência em grupo e consigo mesmo. A instituição também mantém o Hospital Francisca Julia que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos, em São Paulo.

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