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EM ALERTA

Nuvens de gafanhotos ainda são motivo de preocupação

Inseto que ameaça as plantações é diferente daquele mais comum nos quintais

Se alguém disser que uma lavoura está sendo atacada por Schistocerca cancellata Serville, serão poucos os que vão compreender o tamanho do problema. Esse é o nome científico da espécie de gafanhotos que vem assombrando países da América Latina e ameaçando entrar no Brasil desde, pelo menos, junho deste ano. A praga é responsável pela destruição de pastos e lavouras, e é monitorada tanto pelas autoridades internacionais quanto brasileiras.

Os insetos são uma das poucas espécies de Schistocerca que formam densas “nuvens” migratórias. Eles não são parecidos com aqueles que vemos nos quintais da cidade, de cor verde. As asas dos gafanhotos que ameaçam avançar sobre as fronteiras brasileiras são rendadas e a coloração tem diversos tons de marrom. A maior concentração dos insetos é na Argentina, também com presença no Paraguai e Uruguai. Conhecido na língua vizinha como langosta voladora, trata-se de um polífago, que se alimenta de quase todos os vegetais, incluindo cultivos, pastos e flora nativa.


Eles têm grande habilidade de migração, com capacidade de dispersão de cerca de 150 quilômetros por dia. Conforme o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa), apesar dos prejuízos às plantações, os bichos não causam danos aos seres humanos e outros animais, já que não transmitem doenças nem provocam lesões. O principal impacto é econômico.

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E é justamente essa consequência uma das mais temidas pelos produtores do Rio Grande do Sul, motivo de uma preocupação que continua: afinal, depois de mais de um mês sem risco iminente de chegada às fronteiras, quais são as chances do aparecimento dos gafanhotos em território gaúcho? Segundo o professor Andreas Köhler, do Departamento de Biologia e Farmácia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), os produtores gaúchos terão que se preocupar com a situação ainda este ano, mas não imediatamente.

“No inverno, o vento vem do Sul e vai ao Norte, empurrando as nuvens dos gafanhotos para longe do território gaúcho. Estamos protegidos pelo próprio clima”, explicou. Já com a chegada do verão, a partir de novembro – ainda que a estação comece oficialmente em 21 de dezembro –, o vento deve mudar de direção e, aí sim, há risco de que os insetos sejam direcionados ao Brasil.

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O maior alerta é para a região de fronteira gaúcha, especialmente Missões e Uruguaiana. Com a safra de algumas das principais culturas em risco – como arroz, feijão, soja, tabaco e áreas frutíferas –, o prejuízo seria incalculável caso eles atingissem as lavouras.


Monitoramento

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) não só monitora a situação como também elaborou um manual para controle da praga no Brasil. O acompanhamento das nuvens de gafanhotos é feito pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) e pelo Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes do Paraguai (Senave). Além disso, o Mapa mantém equipes de vigilância, que estão em alerta para atuar na região fronteiriça do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

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À Gazeta do Sul, o ministério afirmou que, “numa eventual entrada de nuvens de gafanhotos no Brasil, deverão ser adotadas as ações de controle”. As normas são previstas no Plano de Supressão da praga estabelecido por cada órgão estadual de Sanidade Agropecuária, a partir do Manual de Procedimentos Gerais para controle da Schistocerca cancellata no Brasil.

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No documento, que pode ser acessado online, são descritas as características do inseto e também as melhores formas de combate à praga nas três fases da sua vida: ovos, ninfas (jovens) e adultos. Esta última é bastante ameaçadora na formação de nuvens, considerando que os gafanhotos em estágio juvenil não têm capacidade de voo, o que facilita o monitoramento ainda no solo.

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Na atualização mais recente do mapa de controle do Senasa, os locais próximos ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão em situação de “calma” e “precaução”. Enquanto isso, as principais nuvens se concentram na região Central da Argentina, como na província de Córdoba, um dos lugares mais afetados pela ação dos gafanhotos, como mostra o mapa abaixo.

E a região?

Por estar localizada mais ao Centro do Estado, a região dos Vales não está sob tão grande ameaça quanto municípios próximos dos limites com países vizinhos. “Para a região praticamente não há risco, porque o Ministério da Agricultura já afirmou que vai combater os gafanhotos quando chegarem à fronteira. Assim, eles não devem deixar a nuvem avançar tão para dentro do Estado, até porque as perdas na agricultura seriam muito significativas aqui”, disse o professor Andreas Köhler.

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