Sorriso sempre aberto, boas histórias para contar, amor e carinho para cada um que se aproxima e uma vontade enorme de contribuir para a democracia. A aposentada Briliandi Telcia Brixner Paulus, de 94 anos, moradora de Estrela Velha, não precisaria ir às urnas no próximo dia 15. Mas como toda grande guerreira, além de ir até o local de votação e depositar suas esperanças em um candidato, ela vai comemorar os 95 anos exatamente no mesmo dia.

“É importante incentivar a todos, principalmente os mais jovens, para termos uma cidade melhor e para elegermos pessoas justas e honestas, que saibam governar, administrar e poupar”, alerta dona Landi. Sim, ela é a voz da razão, de mulher que exerce seus direitos e cobra honestidade. “Votar, para mim, é algo muito importante. Vou tomar todos os cuidados, mas não deixarei de ir”, conta, alegre.

Landi, como é conhecida, nasceu em 15 de novembro de 1925 em Dona Francisca e mudou-se para Pitingal, em Passa Sete (na época pertencente a Sobradinho), com 7 anos. Votou pela primeira vez no ano de 1943 em Sede Passa Sete. E engana-se quem pensa que ela é uma eleitora passiva. Não, ela já participou de muitas decisões e ainda quer ajudar a melhorar a vida de todos.

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Além de ser uma cidadã atuante, casou-se em 1946 com Ficêncio Paulus (já falecido), com quem teve 13 filhos. Desses, dois são falecidos. Mudaram-se em 1959 para São Luiz, em Estrela Velha, na época pertencente ao município de Sobradinho. Participou da votação para emancipação de Arroio do Tigre e, após, de Estrela Velha.

Seu filho Elias Paulus, também falecido, foi candidato a vereador em 2004, chegando a ocupar uma cadeira no Legislativo de Estrela Velha como suplente. “Votem em pessoas justas, que saibam se organizar e que lutem por um município em que todos são vistos e lembrados e suas opiniões são levadas em consideração. Não deixem de ir votar, pois é um momento em que podemos decidir o que é melhor para nosso povo”, diz.

Direito concedido só em 1932

Quem acompanha a importância da luta das mulheres por direitos e o quanto essa discussão tem espaço nos dias atuais muitas vezes não imagina quão recentes são algumas das conquistas para o gênero feminino do ponto de vista histórico. Há 88 anos, as mulheres nem sequer participavam da vida política do País, uma vez que eram proibidas de votar.

Somente em 24 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral passou a assegurar o voto feminino; todavia, esse direito era concedido apenas a mulheres casadas, com autorização dos maridos, e para viúvas com renda própria. Essas limitações deixaram de existir apenas em 1934, quando o voto feminino passou a ser previsto na Constituição Federal.

Esse cenário não era exclusividade do Brasil. Na França, por exemplo, o voto feminino se tornou realidade em 1944 e, na Suíça, em 1971. No Brasil, no entanto, a bandeira das mulheres pelo direito de votar e de serem votadas teve início décadas antes, pelo menos desde 1891, quando foi apresentada proposta de emenda à Constituição que trazia essa prerrogativa. A proposta, contudo, foi rejeitada.

O tema ganhou ainda mais força no início do século 20, a partir da militância política feminina na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Essa atuação organizada e estratégica inspirou outras mulheres no mundo todo. A internacionalização do movimento, conhecido como sufragista, favoreceu a conquista do voto feminino em diversos países. O Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil passou a ser comemorado a partir de 2015, com a promulgação da lei 13.086.

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