Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Conexão com a natureza

FOTOS E VÍDEO: uma aventura turística pelo Morro do Botucaraí

Foto: Rafael Siqueira Oliveira

Ele é o maior morro isolado, em altitude, no Rio Grande do Sul. Com quase 600 metros de altura e uma subida com 1,2 quilômetro de trilha pela mata nativa, a aventura no Botucaraí é, primeiro, um teste de resistência e de superação. Caracterizada como turismo de aventura, a atividade não parou durante a pandemia, desde que as expedições ao topo do cerro sejam feitas de forma individual ou em grupos reduzidos.

Para quem tem disposição e um pouco de preparo físico, pode ser uma opção de lazer neste feriado de Nossa Senhora Aparecida, uma vez que o clima promete colaborar. Ao fazer a mochila, lembre-se do filtro solar, repelente e água para hidratar. O passeio contemplativo dura pouco mais de duas horas, com boa parte desse trajeto em caminhada pelas trilhas do morro. Cercado de lendas e histórias, o desafio do Botucaraí pode ser uma oportunidade de conexão consigo mesmo.

LEIA MAIS: FOTOS: os tons de verde que colorem a primavera no Parque Witeck

Publicidade

Turismo, aventura e reflexão

O educador físico Rafael Siqueira Oliveira foi o guia da Gazeta do Sul na escalada do Botucaraí. Pelo menos 14 vezes ele subiu e desceu o morro. Anualmente, organiza grupos de alunos para participarem do desafio. Neste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus, as missões coletivas foram suspensas.

Porém, a caminhada individual, ou com duas ou três pessoas, é muito indicada, sobretudo pela característica do lugar. Oliveira explica que o desafio da escalada recompensa. “A sensação de satisfação é muito grande, após uma caminhada contemplativa como essa. Muitas vezes, a pessoa não consegue estar no ambiente fechado de uma academia de ginástica, por exemplo, e uma atividade igual a essa torna-se um ganho muito grande também”, recomenda.

Publicidade

LEIA MAIS: FOTOS E VÍDEO: há 15 anos, ninguém toca na Reserva Particular do Patrimônio Natural

Para quem tem disposição e um pouco de preparo físico, pode ser uma opção de lazer neste feriado | Foto: Alencar da Rosa

O educador é coordenador no Brasil, na área de estudos, da Federação Internacional de Profissionais de Educação Física (Fiep). Segundo ele, a geografia do Morro Botucaraí permite a contemplação da natureza e o tipo de atividade ofertada no local é classificada como de lazer e superação. “Não é tão simples. Muitas vezes, a gente presencia a subida de pessoas que não conseguem concluir a caminhada e precisam ser incentiva das”, ressaltou Oliveira.

Rafael fala no ganho mental, acima do benefício à saúde física. A liberação de endorfina, que gera a sensação de bem-estar após o esforço, e a conexão com a natureza fazem com que a mente se estabilize e os pensamentos sejam direcionados à reflexão. Por isso, a subida ao morro pode ser considerada uma aventura reflexiva.

Publicidade

LEIA MAIS: FOTOS: Gaia está protegida no rincão de Lutzenberger

O educador físico Rafael Siqueira Oliveira foi o guia da Gazeta conexão com a natureza

Esporte recomendado, mas não a todos

A subida ao topo do Morro Botucaraí é um grande exercício físico. Em três trechos do percurso, a subida torna-se difícil. O tempo médio para percorrer o trajeto é de 45 minutos, no entanto, quando o fôlego falta, a indicação é parar, respirar fundo e apreciar a natureza.

Publicidade

Por causa da facilidade de acesso, a trilha é sempre um local procurado por quem gosta de aventura. Não existem obstáculos, além das raízes que saem para fora da terra e se transformam em “pega-mão”.

Nessa aventura, a máxima de que “para baixo todo santo ajuda” não cola. Em determinados trechos, descer o Botucaraí exige força e paciência. Às vezes é necessário descer quase sentado para não derrapar e cair. As condições climáticas também interferem. “Com chuva aqui em cima, dá medo. A natureza trabalha, a água da chuva movimenta solo e pedras, é bem complicado”, contou o guia, Rafael Siqueira Oliveira.

O clima ideal é tempo seco. Se a chuva cai forte na véspera da aventura, também fica difícil escalar o morro. Não é um passeio indicado para crianças pequenas, nem aventureiros com problemas de saúde. O esforço cardiorrespiratório é alto, assim como a importância de ter joelhos bem preparados. A aventura também não é indicada para quem não conhece o local. “Recentemente, um grupo de meninas se perdeu. Tivemos que pedir ajuda até dos bombeiros de Santa Cruz do Sul para realizar o resgate, que levou quase uma hora”, alertou Oliveira.

Publicidade

Há também riscos nos mirantes do Botucaraí. Em pelo menos três lugares, no topo do morro, é possível ver tudo de cima. Em uma das faces, a RSC-287 e o famoso Cerro Branco, que empresta o nome ao município vizinho, ficam na frente do visitante. Outro ponto, onde fica a Pedra do Chaminé – uma formação rochosa que se desprendeu do morro –, também exige cuidado. No local, visitantes se arriscam para fazer a foto perfeita para redes sociais, saltando de um lado para outro. A prática é muito perigosa, assim como o acesso muito próximo às margens dos mirantes.

LEIA MAIS: FOTOS: jardim suspenso no Bairro Avenida é exemplo de cuidado com o meio ambiente

Instalação de escadas deve melhorar acesso

O secretário Municipal de Turismo, Cultura e Esporte de Candelária, Jorge Mallmann, revela que o projeto para revitalização do turismo no município avançou, com a finalização da primeira etapa. O estudo topográfico do morro foi concluído, e os dados seguem em análise na Prefeitura.

A Secretaria Municipal de Planejamento deve concluir ainda este ano os orçamentos para instalação de escadas nos pontos mais difíceis do acesso. “São escadas de metal vazadas, para causar o menor impacto ambiental. A instalação delas irá atrair ainda mais visitantes”, projetou Mallmann.

Ele confirma que o acesso individual, ou em pequenos grupos ao morro, está liberado, mesmo durante a pandemia. O Botucaraí é um dos espaços mais característicos de Candelária, reconhecido como patrimônio natural da região e um bem material dos candelarienses.

Além de receber o turismo de aventura, o lugar é palco de manifestações religiosas. O nome Botucaraí deriva da expressão em tupi-guarani “Ybyty Caray”, que significa “Morro Santo”. O ponto alto da devoção ocorre durante a Semana Santa, quando são realizadas várias peregrinações de cristãos ao local. “Na Sexta-Feira Santa, desde 1996 é encenada a Via Sacra. Nesse dia, muitos fiéis participam dos eventos religiosos no morro.”

LEIA MAIS
Cabeleireira produz horta reciclável no Bairro Várzea
FOTOS: recicladora cria horta e pomar só com doações

Lendas, curas e mistérios

O Morro Botucaraí é cercado de histórias e crenças. Uma delas está ligada a uma fonte que brota do morro. A água é geladinha, sempre correndo em grande quantidade. Visitantes afirmam que essa água teria propriedades mágicas. “Pessoas acreditam que ela pode curar doenças”, acrescentou o secretário.

O educador físico Rafael conta uma história divertida. Segundo ele, na década de 1970, um santacruzense teria lavado uma Brasília com a água da fonte. O veículo estava à venda, mas encalhado na mão do proprietário, que teve a ideia de usar o suposto poder mágico do local. Conta-se que após o banho, aos pés do morro, o carro foi vendido. “A proposta veio no caminho para Santa Cruz do Sul, ele nem chegou em casa com a Brasília.”

Há também a história de um monge, que teria vindo de Rio Pardo, perseguido em razão de curas e rituais mágicos. O monge veio habitar o morro, elevando ainda mais a aura de santidade do local. Além de ter um altar nos pés do Botucaraí, quem sobe até o topo encontra um altar, perto do mirante, para fazer suas orações e agradecimentos.

LEIA MAIS: FOTOS: casal implanta horta em formato de mandala em Rio Pardinho

O Morro Botucaraí

O Botucaraí é considerado o morro isolado – separado de cadeias de montanhas – mais alto do Rio Grande do Sul, a 569,63 metros acima do nível do mar. Ele é formado por dois tipos de rocha, que são o basalto e o granito. A formação ocorreu graças à erosão do solo, durante milhares de anos. De cima é possível ver em toda a encosta a mata nativa preservada, mesmo em propriedades rurais que circulam a área. Ele fica na localidade de Sesmaria do Cerro, distante três quilômetros do centro de Candelária. O acesso ao morro se dá pela RSC-287. Da estrada até o ponto onde começa a subida, são três quilômetros de estrada de chão. Algumas expedições de aventura na área partem desse local, fazendo com que os participantes caminhem até dez quilômetros entre a ida e a volta.

LEIA MAIS: FOTOS: casal de aposentados mantém horta sustentável no Arroio Grande

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.