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171 ANOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ

VÍDEO: tradição dos cânticos natalinos é preservada na região

Foto: Alencar da Rosa

Durante celebração, pastora Adriane Sossmeier interpretou tradicionais canções, com a participação do músico Régis Gralow

Uma das marcas da identidade germânica é a fé religiosa. O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e os pastores, padres e religiosos tiveram forte influência nas famílias descendentes dos europeus. E o ritual das celebrações preserva até hoje muitas músicas que vieram com os antepassados e são cantadas e tocadas nas igrejas ou nos encontros de familiares.

Nas atividades para lembrar do legado dos antepassados na semana de comemoração da chegada dos primeiros imigrantes alemães na região de Santa Cruz do Sul, há 171 anos, a pastora Adriane Sossmeier, da paróquia Monte Alverne, fez uma pequena celebração na Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Alto Linha Santa Cruz na semana passada, juntamente com o músico Régis Gralow. Eles interpretaram hinos utilizados na época de Advento e de Natal. O repertório dos cultos nas comunidades luteranas segue com forte influência de autores germânicos.


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O período que antecede o Natal sempre foi uma época de celebrações especiais, também com muitas canções que vieram com os imigrantes ou pastores que chegaram depois para atender as comunidades locais. A pastora Adriane lembra que em nenhuma época do ano se canta e ouve tanto música como no período natalino. “Eu imagino que as primeiras famílias que aqui chegaram cantavam e também ouviam a história de Natal com o livro de canções e a Bíblia que trouxeram na bagagem”, diz.

A pastora explica que Martin Luther deu forma às celebrações de Advento e de Natal, pois o reformador foi bem-sucedido há 503 anos com suas canções. “Luther fez da música um pilar central de sua concepção da fé cristã. A canção de Natal mais famosa do reformador é, sem dúvida, Do alto céu eu venho aqui.” Adriane observa que, a exemplo das bolachas natalinas, estas músicas fazem parte das tradições deixadas pelos antepassados descendentes dos imigrantes alemães.

Músicas sempre presentes

Na pequena celebração na Igreja Evangélica de Alto Linha Santa Cruz para lembrar aspectos do legado dos imigrantes alemães, a pastora Adriane Sossmeier, com o acompanhamento do músico Régis Gralow no trompete, apresentou um hino tradicional do período do Advento: Macht hoch die Tür. A letra foi escrita em 1623 por Georg Weissel, com melodia composta por Johann Stobäus e Johann Anastasius Freylinghausen. Em português, o significado mais próximo é “Erguei os arcos triunfais”.

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A segunda interpretação da pastora com acompanhamento no trompete do músico Régis Gralow foi Vom Himmel hoch da komme ich her, traduzido como “Do alto céu eu venho aqui”. A música foi criada por Martin Luther, em 1534, para celebrar o nascimento de Cristo no ambiente familiar. Para encerrar, Adriane cantou O du Fröhliche, uma canção natalina também destinada às crianças, composta por Johannes Daniel Falk e Heinrich Holzschuher entre 1815 e 1826. Pode ser traduzido como “O jubiloso”, comparado com o popular Noite Feliz.

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Para completar, como um bônus, a pastora Adriane cantarolou o hino Morgen kommt der Weihnachtsmann, escrito em 1835 por Hoffmann von Fallersleben. A canção pode ser traduzida como “Papai Noel está vindo”. A música consta no livreto de Natal Weihnachtslieden mit Noten und Bilden, distribuído em 1968 pela Federação dos Centros Culturais 25 de Julho, muito usado pelas famílias reunidas no período de Natal em volta da mesa para cantar. Conforme a pastora, muitas famílias ainda têm o livrinho, que acompanha diversas gerações.

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Pioneira e berço dos cultos religiosos

Várias igrejas luteranas foram criadas com a chegada dos imigrantes e o próprio ritual católico adquiriu certas especificidades nas comunidades alemãs. As congregações implantaram diversos trabalhos no Rio Grande do Sul, ligados principalmente às áreas de educação, saúde e economia.

Os cultos seguem um esquema litúrgico e ritual, com variações semanais, dependendo do pastor, e influenciado pelo calendário litúrgico e da paróquia, o qual reflete igualmente eventos e assuntos do momento. Por isso, todas as celebrações são similares, mas nenhuma é igual a outra.

Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Alto Linha Santa Cruz foi a primeira a ser formada no início da colonização | Foto: Alencar da Rosa


A comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Alto Linha Santa Cruz, localidade antigamente chamada de Geissenberg, foi fundada em 1855 e é a mais antiga de Santa Cruz do Sul, atualmente pertencente à Paróquia de Monte Alverne.

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A construção da igreja ocorreu em um lote cedido pelo colono Christoph Bender. Inicialmente feita de madeira, a obra exigiu intenso trabalho braçal para extração e transporte da matéria-prima da mata nativa. Com isso, ficou pronta em 1858, quatro anos depois da consolidação do núcleo urbano da Kaiserstraße (Estrada do Imperador).

O primeiro líder religioso da comunidade foi o pastor H. Bergfried, habilitado em 1866. Posteriormente, em 1887, o templo foi reformado e feito de pedras maciças. Ainda hoje, o prédio permanece íntegro e conservado conforme o projeto original da época. As paredes com mais de 60 centímetros de espessura ajudam a explicar a durabilidade da edificação.

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No mesmo espaço foi erguida a primeira escola da localidade, em 1882. Atualmente o prédio é utilizado e preservado pela Juventude Evangélica de Alto Linha Santa Cruz (Jealisc). Embora não seja a igreja evangélica mais antiga do município (que é a Igreja Imigrante, em Rio Pardinho), é a comunidade pioneira e berço dos cultos religiosos em Santa Cruz do Sul.

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