Uma canção folclórica italiana é amplamente conhecida: “Mèrica, Mèrica, Mèrica”, entoavam milhares de pessoas, quase como mantra. Mèrica. Era o sonho, o destino, a esperança. Tudo de bom estaria do outro lado do Atlântico, nas lonjuras da Mèrica. Muitos rumaram para os mais diferentes quadrantes, sendo que centenas de milhares se dirigiram para o Sul do Brasil.
Na próxima terça-feira, completam-se 150 anos desde que os primeiros chegaram ao seu “destino” no interior do Rio Grande do Sul, nas alturas da Serra. “Cosa sara lo sta Mèrica?”, perguntavam-se, ainda na terra de origem, nos deslocamentos até os portos de saída ou em meio à longa viagem em navio. Aqui descobriram, com um tanto de inquietação, que, definitivamente, não estava tudo pronto, esperando por eles. Estava tudo por fazer.
E, no entanto, uma vez que aqui estavam, não havia outro consolo que não pôr mãos à obra e realmente fazer o que tinha de ser feito. “A América é um lindo ramalhete de flores”, divagavam, com a imaginação solta e a esperança plena, à distância. Aqui viram que ela era, isso sim, formada por florestas densas, habitadas por povos originários não exatamente amistosos, e por feras e ameaças as mais diversas.
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Mas persistiram, empreenderam, lançaram mão de sua energia, de sua determinação e vocações para, em família e em comunidade, fazer surgir do nada localidades, vilas, cidades e uma pujante economia diversificada. Na próxima terça-feira, o Estado terá muito a rememorar e a comemorar. Afinal, assim como haviam feito os habitantes originários dessas terras, depois os portugueses, os africanos, os açorianos, os alemães e outras etnias e povos, os italianos vieram para compor um mosaico étnico que faz dos gaúchos um caso raro de identidade na realidade mundial contemporânea.
Nesta edição, referimos o romance de estreia da jornalista Rosane Tremea como leitura oportuna para refletir sobre a saga da imigração italiana no Sul do Brasil. Cecilia, Antonio e eu, que será apresentado neste sábado em Porto Alegre e terá lançamento em Santa Cruz do Sul no dia 28 de maio, oferece uma visão, entre memória e ficção, de como ocorreu o processo de colonização das regiões nas quais se fixaram imigrantes italianos.
Em Santa Cruz, também está em cartaz no Centro de Cultura Jornalista Francisco José Frantz, antiga Estação Férrea, uma exposição que proporciona vislumbre sobre o legado dos italiani. Ainda nesta edição, na página 2 do suplemento Magazine, a santa-cruzense Beatrice Dummer contribui com um conteúdo enviado a partir de Torino, onde está radicada. E, na terça-feira, a data será marcada com reportagem especial na Gazeta do Sul.
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São estratégias para, desde já, conformar o clima no qual o Rio Grande do Sul e o Brasil devem celebrar as valiosas contribuições desse querido povo. Tutti buona gente! Ótimo final de semana!
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