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BASTIDORES

Da fuga à captura, os passos de Martinazzo

Foto: Rodrigo Assmann/Banco de Imagens

Martinazzo foi preso em 2012 pela Defrec

A prisão de Marcus Leandro Martinazzo, de 41 anos, na noite da última quinta-feira, em Cachoeira do Sul, pôs fim a uma caçada. Apontado pelas forças de segurança como foragido número 1 do Vale do Rio Pardo, ele havia rompido a tornozeleira eletrônica em 4 de dezembro de 2023. Em 5 de fevereiro deste ano, um mandado de recaptura foi assinado pelo juiz Diego Cassiano Lorenzoni Carbone, da 2ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre.

A decisão da ordem judicial, com pena imposta de 39 anos e 15 dias, considera que Martinazzo não atendeu às tentativas de contato da Divisão de Monitoramento Eletrônico (DME) da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Ele foi preso quinta em uma propriedade rural na localidade conhecida como Bosque, no interior de Cachoeira do Sul, por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) daquele município.

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Durante o tempo em que ficou foragido, ele acabou identificado pela Polícia Civil como o suspeito de ser o autor dos homicídios de Vinicius Kochenborger Silva, o Fetto, de 36 anos, e seu pai, Luis Alberto da Silva, o Beto do Oliveirense, de 60 anos, no dia 10 de março. Os dois foram mortos a tiros pouco depois das 23 horas na Lancheria Amsterdam, que é da família e fica na Rua João Antonio Müller, Bairro Marina, Zona Norte de Cachoeira do Sul.

No momento da prisão, foram apreendidos uma pistola calibre 9 milímetros municiada com sete munições, um carregador de pistola, 49 munições de calibre 9 milímetros, três munições de calibre 32 e um telefone celular. Ainda foram localizados calçados e roupas. A motocicleta encontrada no local havia sido roubada em uma residência de Linha Travessa, Rio Pardinho, interior de Santa Cruz, no dia 12 de janeiro.

“Acreditamos que essa motocicleta foi a utilizada no duplo homicídio. As vestes que apreendemos também conferem com as que foram usadas no crime”, comentou o delegado Rodrigo Marquardt da Silveira, da Draco de Cachoeira. Segundo ele, houve resistência por parte de Martinazzo na hora da prisão, mas a equipe que foi até o local conseguiu detê-lo.

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“Ele estava se escondendo em mais de uma propriedade no interior de Cachoeira do Sul. Havia rompido a tornozeleira e é um indivíduo com muito antecedente por roubo e até por homicídio”, detalhou o chefe da Draco de Cachoeira à Gazeta do Sul. Marquardt afirma que a investigação continua para identificar outros envolvidos nos assassinatos. Pai e filho que morreram no caso investigado eram figuras conhecidas no município e tinham forte ligação com o futebol amador.

Para a Polícia Civil, o autor da execução pretendia matar outra pessoa, ainda não identificada. “A linha mais consistente que vínhamos trabalhando é que as vítimas não eram os alvos iniciais”, detalhou o delegado. Nessa segunda à tarde, Martinazzo foi transferido do Presídio Estadual de Cachoeira do Sul para a Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC), onde permanecerá recolhido.

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Pistola, munições e vestes foram apreendidas em Cachoeira do Sul

Vítima agradece à polícia pela recuperação de moto

Não é apenas em Cachoeira do Sul que Martinazzo é investigado por crimes graves. A Draco de Santa Cruz do Sul também o tem como suspeito por assaltos ocorridos nos últimos meses no Vale do Rio Pardo. O delegado Marcelo Chiara Teixeira confirmou que há um inquérito em andamento em que se apura a eventual participação do acusado, que tem sua moradia em Linha Alto Dona Josefa, no interior de Vera Cruz, quase na divisa com Rio Pardinho.

O trabalho policial apura seu envolvimento no roubo da moto de um casal em Rio Pardinho, em 9 de dezembro do ano passado. Em outro fato posterior, há uma pista maior de sua participação. No dia 12 de janeiro, por volta de 22h15, dois criminosos armados, usando toucas-ninja e capuz, entraram em uma residência de Linha Travessa, Rio Pardinho, e renderam os moradores. Seis pessoas moravam no imóvel.

Os bandidos roubaram cerca de R$ 2 mil em dinheiro, cinco celulares, documentos e uma motocicleta Honda Fan, 160 cilindradas, preta, que teria sido a utilizada por ele no homicídio em Cachoeira do Sul. Já na época, a Brigada Militar (BM) levantou a hipótese de Martinazzo estar envolvido nesse delito. Nessa segunda, o proprietário da moto roubada, um jovem de 19 anos, conversou com a Gazeta do Sul.

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Ele agradeceu o empenho das forças de segurança na investigação em Cachoeira do Sul que localizou o veículo roubado. “Tinha perdido as esperanças de recuperar essa moto, e recebi a notícia de que foi encontrada. Essa moto era um sonho pra mim, e só tenho a agradecer pelo ótimo serviço da Polícia Civil”, disse ele. Em 14 de janeiro, bandidos armados roubaram um mercado em Rio Pardinho.

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A conexão nesse caso é que a moto roubada dois dias antes teria sido a usada no assalto. Na oportunidade, os ladrões subtraíram do caixa e de uma bolsa cerca de R$ 1,5 mil em dinheiro e dois cheques de R$ 1 mil e R$ 147,00. Antes de sair do mercado, eles roubaram ainda um celular e a carteira de um cliente com documentos e aproximadamente R$ 200,00 em dinheiro.

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Comparsa entregou o acusado em Vera Cruz

Em 2 de fevereiro, há suspeita da participação de Martinazzo no assalto a um mercado de Linha Faxinal de Dentro, no interior de Vale do Sol. Na ocasião, uma dupla teria rendido os funcionários e clientes. Na sequência, roubaram R$ 2 mil do caixa, quatro telefones celulares e uma carteira com documentos. A moto usada também teria sido roubada um mês antes em Rio Pardinho.

A última movimentação de vulto na região com participação de Martinazzo foi no dia 16 de fevereiro. Na oportunidade, a Brigada Militar prendeu três indivíduos após uma intensa troca de tiros na madrugada, na localidade de Linha Floresta, no interior de Vera Cruz. A ação iniciou-se por volta das 23 horas, após os policiais receberem a informação de que um grupo de criminosos teria ido até Rio Pardo para cometer um assassinato e, na sequência, retornaria passando por Vera Cruz.

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Os indivíduos estariam utilizando coletes balísticos, pistolas calibre 9 milímetros e uma submetralhadora. Houve tentativa de abordagem que se estendeu até a ERS-412. Um homem foi preso e uma arma municiada foi apreendida. Horas mais tarde, entre 3 e 6 horas, donos de uma propriedade da mesma localidade acionaram os policiais relatando barulhos estranhos. Guarnições então prenderam mais dois bandidos, além de apreender uma pistola calibre 380. Um dos envolvidos, porém, fugiu. Os três presos foram conduzidos até a delegacia de Santa Cruz do Sul para registro.

O assassinato que seria cometido em Rio Pardo não foi consumado. Um dos capturados, no entanto, entregou Martinazzo, dizendo que foi ele quem conseguiu escapar dos policiais militares na oportunidade. Foragido e vendo o cerco se fechar na região após ter sido quase capturado, ele saiu do Vale do Rio Pardo. Um novo rastro de seu envolvimento na criminalidade foi identificado somente em março, no caso do duplo homicídio em Cachoeira do Sul.

Condenado por assassinato brutal

Entre os crimes a que Marcus Martinazzo foi condenado está o brutal homicídio de sua ex-companheira, Fernanda Beatriz Rauber (foto abaixo), de 23 anos, com quem tinha dois filhos, em 11 de outubro de 2011, apenas duas semanas após ter sido solto por um crime de roubo. O assassinato aconteceu em Linha Andréas, interior de Vera Cruz. Depois da separação, ele ligou para a mulher pedindo que ela o visitasse para receber uma quantia em dinheiro destinada às crianças.

Fernanda Beatriz Rauber, 23, em Vera Cruz.

No local, Martinazzo a rendeu com uma espingarda e passou a agredi-la com tapas, socos e até com uma chave de fenda no rosto. Conforme a denúncia do Ministério Público, o acusado a teria asfixiado com a alça da bolsa dela, e a amarrado pelo pescoço em uma árvore com um fio de extensão de uma máquina de cortar grama.

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O motivo apurado na investigação foi uma vingança por Fernanda não o ter visitado quando esteve no presídio e negar retomar a relação. Além disso, desconfiava que ela pudesse estar em outro relacionamento. Ele foi preso cerca de quatro meses após o homicídio, na madrugada de 17 de fevereiro de 2012, pela hoje extinta Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Santa Cruz do Sul.

Na oportunidade, a operação foi coordenada pelo delegado Luciano Menezes, em um sítio no distrito de Rincão Del Rey, interior de Rio Pardo, onde Martinazzo se escondia junto de comparsas. Na época, ele, junto de outros dois homens conhecidos pelos apelidos de Nirinho e Nilsinho, eram os chamados “cangaceiros”, apontados como autores de assaltos a residências e estabelecimentos comerciais no Vale do Rio Pardo.

O apelido do bando era porque, já na época, o trio era conhecido por utilizar rotas da região para despistar as autoridades policiais. Na ocasião, a reportagem da Gazeta do Sul acompanhou a operação da Defrec e entrevistou Martinazzo. Ele confessou sua participação na morte da ex-companheira, dizendo que tinha se arrependido.

“Eu sei que nada vai justificar o que eu fiz”, afirmou. “Vendi meus bois, vendi tudo que eu tinha para não deixar faltar nada pra ela enquanto eu estava na cadeia. Todo dinheirinho eu mandava pra ela e ela me traiu”, contou, tentando justificar o crime bárbaro. Pelo assassinato de Fernanda, ele foi condenado a 19 anos de prisão em júri popular realizado em 24 de outubro de 2014, no Fórum de Vera Cruz.

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