Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

REPRESENTATIVIDADE

Delegada Ana Pippi: entre a investigação e a ação policial

Um trabalho diário de investigação, ação policial e, principalmente, zelo pela segurança da população. Aos 46 anos, a delegada Ana Luísa Aita Pippi realiza o sonho de trabalhar com o direito criminal na prática. Entre tantos homens – cerca de 72% do corpo de policiais civis no Brasil, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada em 2020 –, ela é a prova de que as barreiras sociais que limitavam mulheres a certas funções já não são mais válidas.

Ana nasceu em Cachoeira do Sul, mas morou em boa parte da vida em Santa Maria. Quando tinha entre 19 e 20 anos, retornou à cidade natal para cursar Direito na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). É filha de Ney Pippi e Ana Maria Aita Pippi, mãe e esposa do delegado da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Marcelo Chiara Teixeira.

VEJA MAIS: Caderno Elas: delegada Ana Pippi defende os direitos dos animais e dos menores

Publicidade

Na vida profissional, Ana é titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), órgão policial especializado em crimes e atos infracionais que envolvem menores de idade. Ela também é responsável pelo cartório especializado no combate aos crimes contra os animais, um setor dentro da Delegacia de Polícia Regional para cuidar de casos de maus-tratos e outras denúncias.

Da paixão pelo direito criminal à delegada

Ana atuou em ação policial que recuperou rações furtadas de uma ONG

O amor de Ana pela área da segurança pública começou quando ingressou na faculdade. “Entrei visando uma carreira internacional. Sempre gostei de línguas porque morei por um tempo da minha adolescência nos Estados Unidos. Mas, junto com a faculdade, iniciei um estágio nas promotorias criminais de Cachoeira do Sul, no Ministério Público. A partir dali, descobri a minha paixão pelo direito criminal.”

Depois daquela experiência, destinou cada vez mais seus esforços para atuar como delegada. Em 2008, rumou a Porto Alegre para estudar na Academia de Polícia. Lá conheceu o marido e foi junto com ele a Uruguaiana para ser titular da 2ª Delegacia de Polícia e substituta da DPCA, enquanto ele assumia a Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas, hoje conhecida como Draco.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Celonia Wolschick é eleita Agricultora Destaque 2025 em Venâncio Aires

“Trabalhei muito no combate à prostituição infantil na cidade. Na época, tinha muitos casos. Também os de tráfico internacional em razão da fronteira. Trabalhávamos junto com a Polícia Federal (PF). Na 2ª DP, investiguei muitos homicídios, tanto culposos quanto dolosos. Desde o início da minha carreira, foquei muito nessa questão.”

Logo após esse período, já em Santa Cruz do Sul, assumiu como titular na 1ª DP. Ana seguiu no combate a crimes contra a vida, furtos, roubos e outros delitos por cerca de 14 anos. A mudança para a DPCA ocorreu em abril deste ano, e ela já atua em todos os casos que envolvam menores de idade.

Publicidade

Delegacia Amiga dos Animais

Outra frente em que Ana atua é no cartório especializado em crimes contra animais, que funciona dentro da 1ª DP. O setor foi instalado em 2021, quando o local recebeu o selo de Delegacia Amiga dos Animais. A mudança na Lei nº 9.605, de 1998, também contribuiu para a criação do espaço. O novo regulamento de 2020 aumentou a pena de crimes de maus-tratos para animais quando as vítimas forem cães ou gatos. Os casos passaram a ser investigados por inquéritos policiais e não mais por termos circunstanciados (documento que registra infrações de menor potencial ofensivo).

“A criação do cartório foi um sonho para mim. Sempre quis trabalhar com os animais. Sou filha de médico-veterinário, então, tinha essa vontade desde criança, de combater os crimes contra os animais”, se emociona.

LEIA TAMBÉM: Muita caspa? Veja dicas para “não perder a cabeça”

Publicidade

Entre as demandas de rotina estão a de realizar a verificação de todas as denúncias e ocorrências policiais registradas pela cidade. “Pelo menos duas vezes na semana nós vamos in loco, junto com a Secretaria de Bem-Estar Animal, um médico-veterinário e um fiscal ambiental verificar os casos de crueldade e maus-tratos”, ressalta. 

Segundo a delegada, Santa Cruz é uma cidade que registra muitos casos, em sua maioria cometidos pelos próprios tutores. “Muitos casos são apenas de orientações. Em outros, precisamos dar uma nova advertência. Mas, infelizmente, há aqueles em que se confirmam os maus-tratos.”

Perfil operacional

A ação policial sempre foi algo que inspirou e motivou Ana. Desde criança, revelava-se uma apaixonada pelo suspense e pela investigação. “Isso sempre me instigou muito. Na polícia, a gente tem que produzir provas, tem a parte da escrita. Mas também precisamos estar na rua. O policial completo tem que ir às ruas para ver com os próprios olhos, sentir o local do crime”, analisa.

Publicidade

Além disso, Ana destaca outra principal característica do seu trabalho: o raciocínio rápido. “O crime não espera, acontece 24 horas e precisamos elucidar. Precisamos ir atrás e descobrir o que aconteceu.”

LEIA TAMBÉM: Luisa Pretzel mostra o poder da mulher pelas lentes e olhar

Um caso recente ilustra bem esse aspecto. Ana estava de folga, em um domingo, quando recebeu uma ligação. Uma mãe havia registrado a ocorrência do desaparecimento de uma criança de 7 anos. “Como eu ficaria tranquila? Não é meu perfil, não consigo. Liguei para os policiais e disse para irmos atrás. Saímos a campo e, felizmente, tivemos um desfecho positivo.” A criança foi encontrada viva e entregue para a mãe.

Ana ressalta ainda outros casos marcantes da carreira, como o do assalto a um carro-forte em Candelária. Além disso, ela atuou na investigação de roubos a estabelecimentos comerciais, homicídios e prisões de autores de quadrilhas armadas, com destaque para uma em 2012, que aterrorizava e agredia vítimas no interior do Vale do Rio Pardo. 

Trajetória

Única policial civil mulher

Ana destaca a importância de as mulheres estarem presentes no âmbito da segurança pública. Atualmente, esse número já é maior. No entanto, ela relembra que, em diversas operações, há cerca de dez anos, era a única entre todos os policiais civis. “Esses dias até estava me lembrando de um caso de tráfico de drogas em que eu era a única mulher. Foi necessário fazer uma revista em outra mulher. Fiz a revista. Quando abri o sutiã dela, caiu uma penca de cocaína. Se eu não estivesse lá, dificultaria a revista.”

Santa Cruz virou um lar

Ana passou por diversas cidades, mas escolheu Santa Cruz do Sul para formar uma família e viver. Aqui ela casou e vive com o marido e o filho de 8 anos. “Tentamos sempre estar junto com ele, fazendo atividades e brincadeiras, muitas ao ar livre. Inclusive, ele agora é um esportista do tênis. Então, estou me descobrindo ao lado dele.”

O casal viaja periodicamente para estar junto de familiares que não moram na cidade. Na rotina, ela e o marido se auxiliam para que ambos consigam desempenhar seus papéis na profissão que escolheram, o que, muitas vezes, ultrapassa os horários e turnos regulares de atuação. 

LEIA MAIS SOBRE ELAS

quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no NOSSO NOVO CANAL DO WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.