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CASO MOTOCROSS

Delegado revela técnica usada por matadores para assassinar homem em Santa Cruz

Foto: Alencar da Rosa

Sob os olhos do pai da vítima (à direita), juíza Márcia definiu pena para Gabriel (de cinza)

Foi com atraso devido à falta de energia no Fórum; um dos réus faltantes, em razão de infarto, e um debate ácido entre defesa e acusação que transcorreu outro júri de um dos casos policiais mais emblemáticos ocorridos nos últimos anos em Santa Cruz do Sul. Gabriel Nascimento da Luz, de 55 anos, foi condenado nessa quinta-feira, 18, a 11 anos e oito meses de prisão em regime inicial fechado. Presidida pela juíza Márcia Inês Doebber Wrasse, a sessão começou por volta das 10 horas.

O crime analisado pelo conselho de sentença formado por cinco homens e duas mulheres aconteceu na noite de 23 de setembro de 2019, na Rua Walder Rude Kipper, Loteamento Motocross, Bairro Arroio Grande. Gabriel foi acusado de ter participado do homicídio de Tiago Aliandro Kohlrausch, 30 anos, pois teria emprestado seu carro para dois matadores de aluguel irem até a casa do mecânico concursado da Prefeitura e assassiná-lo.

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O réu, que foi defendido no júri pelos advogados Diego da Silveira Cabral e Eder Renato Martins Siqueira, é tio de Patrícia D’Ávila da Luz, hoje com 24 anos, condenada em 15 de setembro de 2021 a 16 anos de prisão como mandante do crime. Em 6 de maio de 2023, no entanto, essa pena foi revertida para 13 anos e nove meses pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, atendendo a apelo do advogado de defesa da ré, Roberto Weiss Kist.

Corréu, o advogado criminalista Renato Andrade Ferreira, de 36 anos, que era companheiro de Patrícia na época do homicídio e também foi acusado como mandante, seria julgado nessa quinta, mas teve um infarto por volta das 5h50, enquanto se deslocava de Porto Alegre para Santa Cruz. Ele foi internado no Hospital Mãe de Deus, na Capital. Dessa forma, o processo foi cindido e um terceiro julgamento deve ser marcado para analisar a conduta do homem de 36 anos.

Conforme a advogada Tatiana Borsa, que faz a defesa de Renato, seu cliente tem obesidade mórbida. Ela revelou que ele pesa 210 quilos e precisa utilizar marca-passo. Representando o Ministério Público (MP), a promotora substituta Luciane Feiten Wingert, de Porto Alegre, pediu à juíza Márcia para consignar em ata a necessidade de a defesa de Renato apresentar documentos que comprovem e atestem as condições médicas do réu.

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A técnica para cometer o assassinato

Tiago Aliandro Kohlrausch morreu com quatro disparos de pistola calibre 380, efetuados por matadores de aluguel na garagem da casa dele. Patrícia é mãe do único filho de Tiago, que tinha 1 ano e 5 meses na época – hoje a criança está com 6 anos. Conforme as conclusões do delegado Alessander Zucuni Garcia, em um inquérito de 350 páginas, a mulher e o padrasto da criança, Renato, planejaram e coordenaram o assassinato do funcionário público, enquanto Gabriel teria emprestado seu carro para os matadores. O objetivo do crime seria afastar o pai biológico do filho.

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O júri iniciou com os depoimentos do delegado Alessander Garcia e do pai de Tiago, Dirceu Aliandro Kohlrausch. O familiar se emocionou ao lembrar da morte do filho, de quem era muito próximo, e falar do seu neto, com quem convive hoje. Ele estava com uma camiseta com a foto do filho único e do neto, com os dizeres: “Os covardes tiram a vida e os heróis viram estrela”.

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Dirceu revelou que a criança ainda não sabe que foi a mãe quem mandou matar seu pai. “Ele pergunta onde está o pai dele, e a gente diz que o Tiago virou uma estrelinha”, contou Dirceu, muito emocionado. Ainda em sua fala, disse que a relação entre Tiago e Patrícia, que apenas tiveram uma relação casual em uma Oktoberfest, a qual gerou o filho, era amistosa até a chegada de Renato, que passou a ser o novo companheiro da mulher.

Como de habitual nos júris, o delegado Alessander, em depoimento, detalhou toda a ocorrência e os passos da investigação, apontando as provas que incriminaram os três réus. Ainda revelou que os dois executores – que terminaram por não serem identificados na apuração – eram profissionais. “Eles têm uma técnica de execução que quem é da polícia e investiga homicídio entende. Dão vários tiros no tórax para a vítima ficar ferida, e quando ela cai no chão, dão um tiro fatal de misericórdia na cabeça”, comentou.

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Em sua oportunidade de falar, o réu Gabriel Nascimento da Luz admitiu que levou os matadores até a casa de Tiago em seu carro. Contudo, disse não saber que eles iriam matar a vítima, e sim que aceitou apenas conduzi-los até o local para dar “um susto” no funcionário público. Disse ter aceitado levar a dupla até o ponto para dar uma suposta surra em Tiago, em razão de imagens de uma arma de fogo e de uma porca morta que Patrícia e Renato mostraram para ele em uma lancheria do Bairro Esmeralda, um mês antes do homicídio.

Na ocasião, o casal disse a Gabriel que Tiago havia enviado as imagens como forma de ameaça. Ainda no depoimento, o réu afirmou não saber quem eram os executores, apenas que sabia serem ex-clientes de Renato, membros de facção. Inclusive, um deste o réu advogado já teria defendido num processo de homicídio.

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