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CINEMA

Diretor e roteirista de “O Último Azul” vive período de celebração do cinema brasileiro

Se o cinema brasileiro vive período de celebração, é por causa de diretores como Gabriel Mascaro. Juntamente com os colegas Walter Salles (Ainda Estou Aqui) e Kleber Mendonça Filho (O Agente Secreto), conquista o público internacional; é uma vitória atrás da outra. Seu O Último Azul tornou-se forte candidato a fazer com que o Brasil repita o feito deste ano e conquiste mais um Oscar no ano que vem.

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Nascido em 24 de setembro de 1983, em Recife (PE), Mascaro já assinou 11 trabalhos como roteirista e diretor, a maioria longas.Acumula 38 prêmios e 58 indicações. Além de ficção, aventurou-se pelo documentário com Doméstica, vencedor de três prêmios nacionais. Agora, o diretor comemora os primeiros números de O Último Azul nos cinemas brasileiros. Em cinco dias, mais de 56 mil pessoas assistiram ao filme nas 155 sessões em 71 cidades, incluindo Santa Cruz do Sul. “Vamos festejar o cinema brasileiro”, diz, em entrevista exclusiva ao Magazine.

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Entrevista – Gabriel Mascaro, diretor e roteirista

  • Gazeta – Até esta terça-feira, 2, mais de 56 mil pessoas já assistiram ao filme desde a estreia, no dia 28 de agosto. Como estás te sentindo com o resultado?
 É uma alegria muito grande. O filme estreou no Festival de Berlim, circulou nos festivais e foi distribuído para 65 países. Mas, na verdade, quando ele entra em cartaz no Brasil, o coração pulsa mais forte. Então, é uma alegria finalmente o povo poder assistir a O Último Azul e a gente ver a repercussão nos cinemas; é uma alegria muito grande. A gente só fica um pouco, às vezes, triste na verdade, porque vê pessoas do interior querendo o filme, e ele não chega ali. Isso ainda é um desafio.  Precisamos encontrar maneiras de fazer o filme chegar no Brasil todo. Só vamos ficar felizes mesmo, completamente, quando houver esse cinema brasileiro disponível para todos, não só nas capitais.
  • Como surgiu a ideia de O Último Azul? 
Veja, foi um desejo inicial de pensar o tema dessa protagonista idosa de maneira como os filmes, em geral, não falam, sabe? São pouquíssimos filmes hoje no mundo que falam sobre o protagonista idoso. Quando falam, às vezes o conflito é sobre a morte, sobre a despedida da vida, algum câncer ou alguma doença terminal. Ou seja, é sobre aquele corpo que está indo embora. Ou, às vezes, é sobre um corpo desconectado do presente, um corpo em luto, saudosista ou sobre aqueles gloriosos tempos que não voltam mais. Aqui eu queria fazer algo diferente, sobre esse corpo idoso que, enfim, tem uma pulsão no presente, que deseja, quer sonhar e redescobrir a vida. Foi nesse lugar que eu desejei fazer esse filme, sabe? Para falar sobre um prisma diferente.
  • Criaste um futuro distópico assustadoramente real e único, sobre um programa do governo que segrega os idosos para garantir a produtividade econômica. Como chegou a essa premissa?
 Quando eu começo a pesquisar as referências de filmes que poderiam dar conta desse desejo de fazer o personagem errante, viajante, em fuga, pulsando, geralmente os gêneros não são com personagens idosos, certo? Em fantasias e filmes distópicos, os protagonistas não são idosos, são jovens rebeldes ou jovens entrando naquele coming of age [chegada da maturidade] , aventurando-se numa jornada de pulsão de vida. É como se nem a sociedade nem os gêneros de cinema estivessem preparados para ver um corpo idoso dissidente, um corpo idoso rebelde. Acho que o primeiro acercamento foi esse, sabe, Julian? É tentar entender de que maneira eu poderia criar o ruído com a própria tradição de gênero. Incluindo aí um corpo idoso num lugar em que ele geralmente não é autorizado a estar, enquanto cinema mesmo, enquanto narratividade. Agora, de maneira muito lúdica, tento articular essa fábula, a fantasia, a distopia e o coming of age nessa jornada de pulsão amazônica aí, que eu espero que vocês tenham gostado. 
  • Em tua avaliação, como está o cenário atual do cinema brasileiro, que tem se destacado no exterior? Acredita que esse reconhecimento externo tem fomentado as produções nacionais?
 É, eu acho que é isso. Foi uma alegria muito grande poder ver o Ainda Estou Aqui gerando e mobilizando essa torcida, como se fosse uma final de futebol, e isso pelo cinema. Acho que foi um momento muito especial, em que o filme de Walter Salles se conecta ao público brasileiro. E eu fico feliz, na verdade, de poder contribuir com mais uma sementinha de um filme que também tem conversado com as pessoas, que têm se conectado com o cinema e têm sentido orgulho do cinema brasileiro.  Eu acho que é um ano muito bonito. Está vindo ainda o filme O Agente Secreto também, que vem com força. É um momento especial para confirmar a força do cinema brasileiro, confirmando também que as pessoas possam ir para o cinema e se orgulhem do que estejam vendo.
  • Estamos vendo uma mobilização dos municípios no interior do Brasil para fomentar o setor audiovisual. E Santa Cruz do Sul tem se destacado, sendo eleita a melhor cidade do Estado para filmagens, com Festival de Cinema, Polo Audiovisual e Film Commission. Na condição de diretor, como vês essa movimentação? É muito especial saber que estão se organizando para conseguir mobilizar e ajudar a cadeia produtiva numa coisa que é tão difícil: fazer filme. Quando tem uma iniciativa organizada para estruturar e ajudar a minimizar as dificuldades, a gente só agradece, porque é tudo tão difícil. Qualquer ajuda é boa, ainda mais quando é uma ajuda sólida, como você está relatando aí. Espero que eu possa filmar aí na terra de vocês. 
  • Daqui a pouco podes fazer O Último Azul 2. Temos o Rio Pardo…  Bota o Rio Pardo, bota a neve, bota tudo aí, faz uma coisa com o frio… Combinado!


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