Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Cultura

Dom Quixote é a inspiração para a primeira exposição de 2022 na Casa das Artes Regina Simonis

Foto: Alencar da Rosa

A Casa das Artes Regina Simonis, na esquina das ruas Marechal Floriano com Júlio de Castilhos, no centro de Santa Cruz do Sul, inaugura na próxima sexta-feira, dia 28, às 19h30, a sua primeira grande exposição de 2022, por iniciativa da Associação Pró-Cultura, mantenedora do local. E se a inspiração vem de ninguém menos do que o Dom Quixote de la Mancha, o célebre personagem criado pelo espanhol Miguel de Cervantes Saavedra, e que fez a sua primeira aparição em livro no já distante ano de 1605, a ação idealizada por Danúbio Zitzmann, responsável pela agenda de eventos artísticos e culturais da Casa das Artes, não tem nada de… quixotesco, na linha do adjetivo que se cunhou em torno da ingenuidade ou do idealismo arrevesado do cavaleiro das letras.

A primeira mostra do ano será composta de 20 gravuras assinadas pelo artista plástico gaúcho Vasco Prado (1914-1998), justamente inspiradas na criatura de Cervantes. Elas originalmente compunham um álbum-livro que possui mais dez obras, num total, portanto, de 30 gravuras, com a técnica de serigrafia, em dimensões padrão basicamente todas de 46 x 32 cm, verticais. Danúbio comenta que Vasco Prado se dedicou a esse projeto entre 1986 e 1987, quando esse conjunto autoral lhe foi encomendado por uma multinacional do ramo de tabaco. Num formato padrão, elas vinham dentro de uma espécie de caixa, ou álbum, em uma folha de cartão de gramatura maior dobrada ao meio, como forma de proteção. No interior de cada uma dessas dobras de proteção estavam as gravuras, individualmente, soltas, em papel vegetal, já prevendo o interesse das pessoas em emoldurá-las.

LEIA TAMBÉM: Traudi Meurer: a arte é o desafio de criar o novo

Publicidade

No ano passado, o filho de um colecionador de arte que era também professor da Ufrgs, estabelecido em Taquara, ofereceu essa caixa-álbum com as 30 gravuras originais a Zitzmann, que decidiu adquiri-las para a Casa das Artes, de imediato cogitando a possibilidade de emoldurá-las, realizar uma exposição e, a partir dela, colocá-las à venda numa ação para angariar recursos a serem investidos na manutenção do espaço cultural. Em conversa com os demais integrantes da diretoria da Associação Pró-Cultura, sua ideia foi prontamente acolhida.

Assim, na próxima sexta-feira, 20 destas gravuras de Vasco Prado, já devida e caprichosamente emolduradas, com paspatur e moldura padrão, estarão disponíveis à apreciação do público em geral. E colecionadores ou investidores serão convidados a adquirir as de seu gosto ou interesse, a valores que ainda serão definidos. “A proposta é que essas pessoas da comunidade, ao tempo em que poderão adquirir essas gravuras tão bonitas de um de nossos grandes artistas gaúchos e brasileiros, já falecido, assim contribuam também conosco na manutenção da Casa das Artes”, salienta. A exposição ficará aberta ao público a partir do sábado, 29, até o dia 3 de março, nos horários convencionais de atendimento (confira o serviço abaixo).

LEIA TAMBÉM: A herança cultural de Roman Riesch

Publicidade

Zitzmann, que coordenou a operação de emolduração das gravuras, antecipa que 14 das obras apresentarão moldura tamanho e modelo padrão, duas merecerão abordagem mais contemporânea, três contarão com uma proposta bem mais diferenciada (e já contam com interessados em adquiri-las) e uma terá versão mais clássica, a que ficará disposta próximo à entrada. Além disso, painéis trarão textos sobre a proposta da mostra e da obra autoral de Vasco Prado. Um desses textos de apreciação será fixado na porta do cofre da Casa das Artes (o nicho do cofre do antigo Banco Pelotense). Originalmente incorporado ao livro-álbum, é assinado pelo poeta, ensaísta e professor Armindo Trevisan, que contextualiza as peculiaridades do olhar impressivo de Vasco Prado, do qual fora amigo, sobre a obra-prima de Cervantes.

SERVIÇO

  • O quê: exposição de gravuras em serigrafia Dom Quixote de Vasco Prado, com 20 peças do célebre artista gaúcho.
  • Quando: vernissage na próxima sexta-feira, 28, às 19h30, e abertura a partir do sábado, dia 29, e até o dia 3 de março.
  • Onde: na Casa das Artes Regina Simonis, esquina das ruas Marechal Floriano com Júlio de Castilhos.
  • Visitação: das 10 às 17h30, de segundas a sextas; e aos sábados, das 10 às 14 horas.
  • Promoção: Associação Pró-Cultura de Santa Cruz do Sul.
  • Obs.: todas as gravuras estarão à venda, a valor ainda a ser definido.

LEIA TAMBÉM: “Belchior partiu, mas não morreu”, diz curadora de exposição sobre o artista

QUEM FORAM

Vasco Prado

Nascido em Uruguaiana, na fronteira gaúcha com a Argentina, no dia 16 de abril de 1914, e falecido em Porto Alegre, no dia 9 de dezembro de 1998, aos 84 anos, Vasco Prado foi um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros do século 20. Morou com a família em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, para então se fixar em definitivo na capital gaúcha, onde ficou célebre com suas esculturas e gravuras, ao lado de outros mestres de sua geração, como Xico Stockinger, Carlos Scliar, Danúbio Gonçalves e Glauco Rodrigues, entre outros. Suas esculturas em mármore, bronze, madeira e terracotas, nas quais Dom Quixote, de Cervantes, é tema frequente, são disputadas por colecionadores do país e do exterior.

Publicidade

LEIA MAIS: Espaço evidencia o traço de Regina Simonis

Miguel de Cervantes

O espanhol Miguel de Cervantes Saavedra, nascido em Alcalá de Henares, a 29 de setembro de 1547, é literalmente o criador do romance moderno, como o compreendemos. E isso ocorreu justamente com Dom Quixote de la Mancha, seu célebre livro publicado em 1605, no qual apresenta o personagem do título, um cavaleiro fora de época que sai pelo mundo decidido a lutar sempre contra todas as injustiças. Terá por companhia, nessa jornada, um fiel escudeiro, Sancho Pança, este montado em um pangaré, e que a todo momento desdiz o mestre dos desvarios a que é acometido. Desde então, quixotesca é toda a pessoa que, altamente idealista, por vezes se abstrai ou deixa de enxergar a realidade. Além dessa aventura original, de 1605, houve uma continuação, ou segunda parte do romance, em 1615, como uma espécie de resposta a um outro livro e autor, o apócrifo de Alonso Fernandez De Avellaneda, este de 1614. Cervantes morreu em 22 ou 23 de abril de 1616, aos 68 anos.

LEIA TAMBÉM: Um olhar sobre a obra e vida de Regina Simonis

Publicidade

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.