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Rio de Janeiro

Em depoimento, suspeitos negam participação em estupro coletivo

Terminou por volta de 23 horas o depoimento do jogador de futebol Lucas Duarte Santos, de 20 anos, suspeito de ter participado do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, no sábado passado, 21, na zona oeste do Rio. Segundo o advogado de Santos, Eduardo Antunes, o depoimento, no qual seu cliente negou participação no crime, durou cerca de uma hora.

O caso é investigado na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), já que imagens do crime em vídeo circularam pela internet e redes sociais. 

Além do jogador, que integra o elenco do Boavista, time da primeira divisão do Campeonato Carioca, prestaram depoimento na noite desta sexta-feira Ray de Souza, de idade não revelada, e uma jovem que não foi identificada. Os três chegaram juntos à Cidade da Polícia, na zona norte do Rio. Na chegada, Souza parou diante das câmeras, acenou, sorriu e disse estar “mais famoso que a Dilma (Rousseff, presidente afastada)”.

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Segundo Antunes, que afirmou ter lido os depoimentos dos três, embora defenda apenas Santos, as versões convergiram. Na versão do cliente de Antunes, após participar de um baile funk, dois casais (Lucas Santos, Ray de Souza, a jovem que prestou depoimento e a vítima do estupro) se reuniram em uma casa abandonada no Morro da Barão, na Praça Seca, zona oeste. 

A adolescente de 16 anos teria tido relações sexuais com Ray de Souza. No mesmo local e momento, Santos teria tido relações com a outra jovem. O advogado afirmou que os três teriam deixado a adolescente na casa e que não podem dizer se houve estupro em seguida. 

De acordo com o que Antunes admite, Ray de Souza confessou ter filmado a adolescente após as relações sexuais e ter mandado as imagens para um amigo pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. O advogado disse não ter visto os vídeos do crime. Segundo Antunes, conforme o depoimento, seu cliente não aparece nas imagens.

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Morro da Barão é controlado pelo Comando Vermelho
A facção não aceita violência sexual em seus domínios

Em uma região em que as favelas são quase todas controladas por quadrilhas de milicianos, o até agora desconhecido Morro da Barão surge como uma exceção. Parte do Complexo de São José Operário, que se espalha por Jacarepaguá, na zona oeste carioca, a Barão é dominada por traficantes vinculados à facção criminosa Comando Vermelho (CV). O que pode ser muito ruim para os estupradores da adolescente de 16 anos. A facção não aceita violência sexual em seus domínios.

Desde a noite de anteontem, circulam nas redes sociais relatos de que os agressores sexuais da Barão estão sendo caçados pelos traficantes. Alguns deles já teriam sido capturados, torturados e mortos, com detalhes sinistros, como decapitação e mutilação dos órgãos genitais. A polícia não confirma as informações.

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Para um PM ouvido pelo Estado, as lideranças do CV na favela não devem ter ordenado o estupro coletivo, que teria sido praticado por traficantes jovens, sem funções de comando na quadrilha. A repercussão e o assédio de policiais e jornalistas a um morro até então discreto teriam irritado a cúpula da facção.

O Complexo de São José Operário abrange áreas populosas da Baixada de Jacarepaguá, como Campinho, Covanca, Taquara e Praça Seca, por onde passa a Rua da Baronesa, principal acesso à favela. Como outras comunidades da zona oeste, as que integram o complexo foram atacadas, nos primeiros dez anos da década passada, por milicianos.

Formadas por policiais e ex-policiais militares, profissionais que passaram pelo Corpo de Bombeiros e pelas Forças Armadas e por trabalhadores do setor de vigilância particular, as milícias expulsaram as quadrilhas do tráfico de drogas de quase toda a zona oeste.

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Só que os traficantes conseguiram, nos três últimos anos, retomar o domínio da favela. Inicialmente, de acordo com a s investigações policiais, porque compraram da milícia o direito de voltar a vender drogas, especialmente cocaína e maconha, nas “bocas”.

Depois desse retorno, os traficantes do CV entraram em confronto com inimigos da facção Amigos dos Amigos (ADA), também interessados em se estabelecer na favela, já que a milícia havia abandonado a Barão. Nos confrontos, que duraram grande parte dos anos de 2012 e 2013, morreram pelo menos 12 pessoas.

Investigadores da Polícia Civil apontam que o tráfico de drogas na Barão tem como comandante o presidiário Luiz Cláudio Machado, o Marreta. Mesmo na cadeia desde 2014, ele dá ordens e é respeitado pelos traficantes que o representam na Barão e formam o chamado Bonde do Marreta.

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Do sistema penitenciário de Bangu, na mesma zona oeste, Marreta passa as determinações ao seu gerente na Barão, o traficante Sérgio Luiz da Silva Júnior, que responde por vários apelidos, entre os quais Lobo Mau, Pará e Da Russa, o mais utilizado.

Pela captura de Da Russa, o site www.procurados.org.br oferece R$ 1 mil de recompensa a quem indicar seu paradeiro à Secretaria de Segurança do Estado do Rio. A ainda incipiente apuração policial indica que Da Russa desconhecia a realização do estupro coletivo.

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