O aspirante a escritor e alcoólatra em recuperação Jack Torrance (Jack Nicholson) é contratado para ser o zelador do Overlook Hotel durante o inverno. O ambiente Isolado em meio às montanhas do Colorado, nos Estados Unidos, é perfeito para escrever seu livro. Assim, Jack, juntamente com sua esposa Wendy (Shelley Duvall) e o filho Danny (Danny Lloyd) seguem para o imenso hotel, onde ficarão durante cinco meses.

Entretanto, o passado violento do hotel começa a afetar Jack, que, à beira da loucura, torna-se uma ameaça à sua família. Esse é o enredo de O Iluminado, o horror psicológico que está de volta aos cinemas 45 anos após seu lançamento, em 1980. A obra está em cartaz no Cine Santa Cruz e no Cine Max Brasil. Famoso por seus filmes épicos, incluindo Spartacus e Glória Feita de Sangue, o diretor Stanley Kubrick deseja aventurar-se no horror.

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Na época, Kubrick já havia adaptado diversos livros para a telona, incluindo Laranja Mecânica e 2001 – Uma Odisseia no Espaço. E encontrou no romance de Stephen King a história perfeita para fazer um filme assustador que tanto ansiava. Porém, decidiu transformar a narrativa fantasmagórica em um terror psicológico, removendo quase por completo os elementos sobrenaturais. Com sua obsessão pelo perfeccionismo, Kubrick elevou o gênero do horror a um novo patamar.

A maneira como ele filma cada cena, cada detalhe, resulta em uma contínua sensação de incômodo e tensão, elevadas pela apavorante trilha sonora. Sob o olhar de Kubrick os corredores e cômodos abandonados do Overlook transformam-se em um local mais apavorante que o próprio castelo do Conde Drácula. Para quem assim como eu, vivenciou a obra na televisão, assistir O Iluminado no cinema torna-se uma experiência inesquecível, provocando a sensação de que está descobrindo o filme pela primeira vez.

Diante da maestria com que Kubrick conduz a narrativa, é uma obra obrigatória para assistir na maior tela possível.

Tecnicamente perfeito, obra falha no desenvolvimento do protagonista

Tecnicamente, O Iluminado é uma obra perfeita. A direção de Stanley Kubrick é inigualável, compondo cenas perturbadoras e de qualidade indiscutível. Mas apesar de o filme ter muitos fãs, não apenas do horror, há uma pessoa que se manifestou publicamente contra a adaptação: Stephen King.

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O autor demonstrou insatisfação com as escolhas narrativas do diretor que, na sua visão, eliminou a humanidade de sua história. Aqueles que leram a obra e assistiram ao filme podem questionar certas decisões do diretor, que também assinou o roteiro. E o maior problema está centrado justamente no maior destaque do filme: seu protagonista. Não há problema algum na brilhante atuação de Jack Nicholson – se é que podemos chamar de atuação, já que o ator parece “interpretar” um psicopata com mesma naturalidade que respira.

A questão é que o livro constrói Jack Torrance não como um doido, mas como um ser humano repleto de falhas que tenta fazer o melhor pela sua família. Sua luta contra o álcool e a relação com o filho e a esposa são ignoradas por Kubrick. No filme, Jack é distante de sua família desde a primeira cena. Ele não enlouquece aos poucos, e seu tempo em tela é mais para mostrá-lo como um maníaco, frio e egoísta, impossível de gerar empatia alguma. Mas ainda que não se limite ao enredo do romance, Kubrick criou uma obra inesquecível. E demonstra que, para uma adaptação ser perfeita, não precisa ser necessariamente fiel.

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