Com a retomada das contratações no comércio, serviços e construção civil, Santa Cruz do Sul registrou, entre janeiro e outubro, o melhor saldo de geração de empregos com carteira assinada dos últimos cinco anos. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que a demanda nesses setores, que se recuperam após o baque da pandemia, vem compensando a redução nas admissões de trabalhadores sazonais na indústria, principal motor da economia local.

O saldo nos primeiros dez meses do ano foi de 2.353 vagas, resultado de 23.386 contratações e 21.033 desligamentos. No mesmo período do ano passado, o município registrava, sob restrições bem mais severas em função da Covid-19, 238 desligamentos a mais.

Já neste ano, embora as contratações nas empresas de tabaco tenham, por conta da quebra de safra, caído 9,1% segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação (Stifa), a flexibilização dos protocolos que permitiu a reabertura gradual da economia ao longo do ano reaqueceu os demais segmentos. Isso se deu apesar de fatores como a disparada da inflação, que avança sobre o poder de consumo da população. O IPCA, considerado inflação oficial, acumulou alta de 10% no período.

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No setor de serviços, por exemplo, foram criados 853 postos. Atividades de atendimento hospitalar, educação e serviços de escritório, como teleatendimento e cobrança e informações cadastrais, estão entre as que mais contrataram. Já no comércio, a demanda foi puxada principalmente por supermercados e estabelecimentos atacadistas, enquanto na construção civil a maior procura foi por serviços especializados, como obras de terraplenagem.

Os números indicam que o município deve encerrar o ano com variação positiva na empregabilidade, diferente do ano passado, quando nada menos do que 737 postos foram fechados no município – o número, que em um primeiro momento era de 521 negativo, aumentou com uma recente revisão pelo governo federal nos dados dos Caged.
O saldo deve se reduzir até dezembro, em função da aceleração nas dispensas de safreiros nas fumageiras. Por outro lado, as compras de fim de ano tendem a gerar demanda por trabalhadores temporários no comércio.

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13º salário terá impacto limitado, diz CDL

Embora o 13º salário, cuja primeira parcela foi paga nesta semana, possa injetar até R$ 134,1 milhões na economia de Santa Cruz, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ricardo Bartz, acredita que o impacto sobre o comércio será menor do que em anos anteriores. Um dos motivos é que o governo antecipou o pagamento do benefício aos aposentados como forma de ajudar na recuperação da economia na metade do ano.

Bartz também acredita que boa parte do recurso será canalizada para quitação de dívidas. “É possível que muitas pessoas usem o 13º para isso, em especial a primeira parcela. A segunda já é mais voltada para as compras de fim de ano e as contas extras de início do ano seguinte”, observou. Conforme ele, no entanto, o nível de endividamento no comércio local é inferior ao de outras regiões: em outubro, 23% das consultas ao SPC apontaram inadimplência, ante 35% no Estado, 40% no Sudeste e 45% no Nordeste.

Apesar disso, a expectativa é de crescimento nas vendas nas próximas semanas. “O segmento de festas deve seguir em alta neste final do ano. Isso nós já constatamos em uma conversa interna da CDL, trazendo reflexos para o setor de vestuário, calçados, bares, restaurantes e supermercados”, completou.

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