As Lojas Neitzke atendem a população de Sinimbu há mais de 130 anos, passando de geração para geração. Muitos desafios foram enfrentados durante a sua existência, inclusive as enchentes de 1919 e 1941, porém, tudo mudou após o dia 30 de abril de 2024, quando as águas começaram a tomar conta de todo o município de Sinimbu.
Atualmente como sócio-proprietário da empresa mais antiga e tradicional do município, Claus Bernhard, relata que tem na memória a lembrança dos comentários feitos pela sua sogra sobre a enchente de 1919. Ainda, que pouco falava a respeito da ocorrida em 1941. Ambas as tragédias afetaram a empresa no passado. “A minha sogra comentava muito sobre 1919, para mim foi até um pouco surpreendente que em 1941 aconteceu uma enchente, pois ela nunca tinha comentado. Na época me lembro que até a empresa estava em outro local.”
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Mesmo com as dificuldades enfrentadas no passado, Claus destaca que a enchente de 2024 foi a pior de todas, por ter vivenciado a situação. “Em 1919 foi difícil o que aconteceu mas, hoje, a gente sofreu na pele, a gente tem uma história que nos deixou muito traumatizados”.

Claus conta que na noite da enchente, às 4h30 da madrugada, quando a água já começava a tomar conta das residências sinimbuenses, ele e sua esposa se deslocaram até a empresa e convidaram, pelo WhatsApp, o restante dos colegas para tentar salvar as mercadorias. “Mesmo com a estrutura bem afetada, muita coisa a gente conseguiu salvar, o que nos deixa bastante otimistas. Ele conta que caso aconteça algo parecido novamente, já foram tomadas medidas para que o prejuízo não seja tão grande.”

Mesmo com alguns produtos salvos, Georgea Bernhard, filha de Claus, conta que os prejuízos na empresa foram grandes. “É muito difícil você ver um trabalho de anos sendo levado pela água”. Mesmo com todas adversidades, ela cita que desistir nunca foi uma opção. “Este foi mais um recomeço que a loja teve que passar”, reflete.
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Ela conta que muitos voluntários, de diferentes cidades e estados, chegaram até o local e ajudaram o que gerou ânimo durante todas as circunstâncias. “Eles marcaram a nossa história, além de nos darem um gás de que era possível recomeçar e que, mesmo na dificuldade, nós precisávamos ser otimistas.” Georgea se emociona ao lembrar de toda a ajuda que recebeu de todos e comenta o quanto todos aprenderam com a situação vivenciada. “A gente nunca quer passar por algo assim, mas é incrível o quanto isso vem para nos ensinar sobre muita coisa”, frisa.
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Isolaine relembra que foi chamada de madrugada para ajudar a tentar salvar os produtos do estabelecimento. “Lembro que colocamos algumas coisas em cima do balcão e fizemos o que podíamos na situação. Mesmo assim, a enchente levou as coisas”.
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Segundo ela, o trabalho de recuperação no primeiro dia pós-enchente, junto com os demais colaboradores, foi exaustivo. Hoje, com a loja já restaurada, ela cita a importância dos clientes. “A gente tem muito a agradecer aos nossos clientes, que não deixaram de estar com a gente desde o primeiro dia, apoiando e comprando para nós continuarmos a nossa caminhada”, destaca Isolaine.
Também funcionária da Neitzke, Vera lembra que ajudou a erguer muitos produtos para que não fossem atingidos pelas águas. Ainda assim, muitos acabaram danificados. “Foi um desafio que a gente nunca pensou em passar na vida. Com o tempo conseguimos nos reerguer”.

De geração para geração
Em dezembro de 1893, a empresa então denominada como “Bender e Neitzke” adquiriu uma máquina a vapor. No início, o equipamento operava para movimentar uma serra de corte de troncos e fornecer um pouco de energia ao povo da época. Além da serraria, a empresa mantinha uma carpintaria que oferecia serviço e material para confecção de carroças e outros acessórios. Depois, começou a confeccionar portas e janelas.
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Claus conta que a loja começou na década de 70 e “tudo foi acontecendo naturalmente. Hoje, existe uma grande organização”, analisa.
Georgea, ao contar sobre a história da empresa, cita que a ideia primária sempre foi ajudar a comunidade. “A história da nossa empresa é muito bonita e nos emociona muito porque ela surgiu justamente para atender as demandas da comunidade. Com o tempo, ela foi trazendo ainda mais serviços para atender toda essa demanda da população”.
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Hoje, gerenciada pela 5ª geração, que conta com uma loja de eletrodomésticos, material de construção, vidraçaria, funerária e serviços de marcenaria, a loja completa 132 anos no fim do ano, sempre com o legado de servir ao povo sinimbuense e sua região. Atualmente, a empresa possui a matriz em Sinimbu e uma filial em Herveiras.
Mesmo com todos os desafios enfrentados durante a grande história da empresa, e o mais difícil em 2024, Georgea afirma que, depois da reconstrução, a visão para o futuro é de otimismo. “Nós estamos aqui, firmes e fortes acreditando no nosso propósito, pois nossa loja já está reconstruída. Estamos com um olhar bem otimista para o futuro”.

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