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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Escrever para quê?

É uma pergunta que me faço às vezes. Para quê? Para conversar com os outros ou comigo mesmo? Cada pessoa tem uma forma de enxergar o mundo, que é sua e de mais ninguém. Dificilmente vai ser influenciada por algo que, em certa medida, já não estiver dentro dela. E não tenho pretensão de influenciar ninguém, apenas escrevo sobre coisas que me interessam. Alguns irão gostar, outros nem tanto, e outros não vão ler. É assim.

Mas para quê? Não há gente de sobra dando palpites? Seja em um texto de opinião ou postagens em redes sociais, escrever é somar a própria voz ao ruído do mundo. Isso é inútil? Não, porque um mundo ruidoso é mil vezes melhor do que silenciado. E pode até parecer que você fala sozinho, como o náufrago lançando seu pedido de ajuda em uma garrafa ao mar, mas pelo menos está vivo.

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Nem sempre é fácil compreender a razão de alguém se identificar com o que você escreveu. Se o leitor concorda com boa parte dos seus pontos de vista, o motivo é óbvio; mas às vezes discorda e se identifica mesmo assim. Por quê? Ao que parece, nem tudo se reduz a rótulos político-ideológicos ou religiosos, como muitos querem fazer acreditar. Nem tudo pode ser etiquetado, encaixado e separado em fileiras. A realidade é mais nuançada.

Pessoas, culturas, civilizações são diferentes e não veem o mundo da mesma forma. Mas por que eu me impressiono ao ler o texto de um autor asiático, escrito há cinco ou seis séculos? O que há de familiar ali? Por que eu sinto como se fossem meus os pensamentos de um personagem de um romance russo do século 19? Os russos do século 19 são tão estranhos. Ou não?

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Geografia, tempo, tradições e narrativas de pertencimento, nada disso impede que os dramas humanos se repitam. É como se as diferenças gritantes fossem só a parte visível – e menos significativa – do iceberg. Tantas particularidades, “essências” e distinções, mas a palavra “mãe” ainda soa semelhante em quase todos os idiomas.

Escrever para quê? Talvez para somar-se ao ruído do tempo, não com o propósito de silenciar outras vozes, mas justamente evitar o esvaziamento, o sufocamento do grande silêncio.

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