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INTOLERÂNCIA

Escritor Salman Rushdie foi esfaqueado de 10 a 15 vezes antes de iniciar palestra

Foto: Lula Helfer

Rushdie foi alvo de uma condenação pelo Islã

O escritor indiano naturalizado britânico Salman Rushdie, ameaçado de morte desde os anos 1980 por extremistas xiitas, foi atacado e esfaqueado de 10 a 15 vezes na sexta-feira, 12, minutos antes de dar uma palestra em Chautauqua, no Estado de Nova York. Ele foi levado às pressas para um hospital, passou por cirurgia, mas os médicos não deram detalhes.

A polícia de Nova York identificou o responsável pelo ataque como Hadi Matar, um homem de 24 anos de Fairview, no Estado vizinho de New Jersey. Segundo a polícia, a motivação do crime ainda não está clara. Segundo jornais nova-iorquinos, ele tinha simpatia pelo regime iraniano.

Testemunhas viram Hadi correndo no palco e agredindo Rushdie no momento em que ele era apresentado pelo mestre de cerimônias. Um repórter da agência Associated Press testemunhou a invasão do palco da Chautauqua Institution e a agressão contra Rushdie, que caiu no chão.

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Segundo a governadora de Nova York, Kathy Hochul, Rushdie foi salvo por um policial. Segundo ela, “ele está vivo” e “recebendo os cuidados necessários”. “Foi um policial estadual que se levantou e salvou sua vida, protegeu”, disse Hochul.

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ENTENDA
Rushdie se tornou inimigo público do Irã em 1988, quando sua obra Versos Satânicos foi proibida no país. Era o regime de Ruhollah Khomenei e o texto foi considerado uma blasfêmia. Um ano depois, o aiatolá Khomenei emitiu uma fatwa – decreto islâmico – pedindo a morte de Rushdie. O Irã também ofereceu US$ 3 milhões para quem matasse o escritor.

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Teerã assegurou, em 1998, que a fatwa não seria mais aplicada. Mas o sucessor de Khomeini declarou, em 2005, que Rushdie era um apóstata e deveria ser morto. Em 2007, o governo iraniano, chefiado pelo conservador Mahmoud Ahmadinejad, declarou que a fatwa ainda continuava válida.

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OBRA
Versos Satânicos é uma obra de ficção que se passa na Índia e na Inglaterra com dois indianos muçulmanos sobreviventes de um atentado à bomba em um avião. Assim que a aeronave cai, Saladim Chamcha vê nascerem chifres, cascos e um rabo. E Gibreel Farishta ganha um halo.

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Nos países árabes, o livro Versos Satânicos foi considerado uma hecatombe herege – e nem sequer precisava ser lido para ser odiado pelos seguidores das escrituras. O título referia-se aos versos do Alcorão, o livro sagrado do islamismo.

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A PERSEGUIÇÃO
A fatwa ordenava a proibição do livro no Irã e o assassinato de Rushdie, assim como a morte de todos os envolvidos na publicação. Havia, para isso, uma soma em dinheiro paga pelo Estado iraniano, que chegou a dobrar ao longo dos anos.

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Hitoshi Igarashi, o tradutor japonês do livro, foi assassinado, e dois outros tradutores sobreviveram a atentados. Em 1989, Mustafa Mahmoud Mazeh, um libanês, preparava uma bomba em um hotel no centro de Londres, quando ela explodiu prematuramente, destruindo dois andares do prédio – ele morreu na operação. Mais tarde, descobriu-se que a bomba era para Rushdie.

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SÍMBOLO CONTRA O TERRORISMO
Mesmo dizendo ser apenas um autor de ficção, Rushdie passou a ser visto como um símbolo da luta contra o terrorismo. Em 2016, em entrevista ao Estadão, ele afirmou: “Não me sinto um símbolo, mas uma pessoa. Tenho me esforçado para ser real, e não simbólico”, disse. “As pessoas me colocam numa caixa com a marca ‘terrorismo’ e ‘religião’, e não perceberam que esses livros são imaginativos e cômicos.” Se ele tinha medo? “Minha vida tem sido normal nos últimos 15 anos. Só estou seguindo adiante.”

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Rushdie sempre buscou territórios sem histórico de atentados para desfrutar de algo que viu privado de sua vida desde 1989: segurança. E o Brasil foi um desses lugares, onde ele esteve três vezes: em 2003, na Bienal do Livro do Rio, e na Flip, da qual participou duas vezes, em 2005 e 2010.

A partir de 1989, com a fatwa decretada, Rushdie passou a trocar constantemente de endereços na Inglaterra e sempre estava acompanhado de seguranças. No Brasil, ele dispensava guarda-costas e até aceitava convites que, na Europa, seriam impossíveis – como posar para o fotógrafo do Estadão na área externa do Copacabana Palace, no Rio, em 2005.

Ele chegou a ir ao Maracanã assistir a uma partida de futebol, acompanhado do cineasta João Moreira Salles, botafoguense. “Preciso voltar mais vezes a esse país”, dizia. Em Paraty, Rushdie gostava de circular pelo calçamento irregular da histórica cidade fluminense, acompanhado do filho, Milan, que se tornou fanático devorador de doces caseiros vendidos nas ruas – em 2010, ele trouxe o outro filho, Luka. (Com Agências Internacionais)

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