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Dia das Mães: quatro gerações de amor materno

Foto: Nathana Redin/Gazeta da Serra

Romilda, Lorena, Jussara e Giovana: amor de mãe atravessa o tempo

“Mãe, ela tem o poder de carregar toneladas de amor e de ternura, uma infinidade de bravura e uma luz que jamais vai se apagar, pois seu brilho é capaz de iluminar o caminho que vamos percorrer, se arrisca só pra nos proteger, não importa por onde a gente for, nas três letras de mãe tem tanto amor, que não há quem consiga descrever…” Nos versos do poeta e cordelista Bráulio Bessa, uma síntese da figura que se desdobra em vários papéis e se equilibra em meio às alegrias e desafios cotidianos para ensinar e encorajar outros seres na jornada que é viver.

Diante de múltiplas versões, jeitos, costumes, formas de expressar amor e compartilhar os dias, em Arroio do Tigre quatro gerações têm a oportunidade de partilhar a jornada da maternidade. No próximo domingo, o segundo de maio, marcado anualmente pela comemoração a elas, será mais uma oportunidade para estarem reunidas, mas como a frase ‘clichê’ menciona, todos os dias são dias das mães, é justamente em meio a rotina que o aprendizado se dá e a partilha das experiências acontece.

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Aos 87 anos, Romilda Bock Konrad é a matriarca da família. Natural de Linha Apolinário, em Sobradinho, mudou-se para Linha São Roque, hoje interior de Arroio do Tigre, aos 18 anos de idade, quando casou-se. Da união com Lorivaldo Konrad (in memoriam), nasceram sete filhos (Alvino – in memoriam; Lorena, Eliza, Carlos, Altemar, Agnês e Iltemar).

A primeira filha mulher do casal, Lorena Konrad Wagner, casada com Pedro Elemar Wagner e em 2025 completando 67 anos, é mãe de Jussara, Neusa, Sandra e Carla. Por sua vez, Jussara Wagner Raminelli, de 47 anos, a primogênita de Lorena, é casada com Adelar Raminelli e mãe de Giovana, Ana Júlia e Matheus Henrique. Completando o quadro de gerações maternais, Giovana Raminelli Speth, de 27 anos, casada com Paulo Ricardo Speth, é mãe de Pedro Henrique.

Reunidas na sala da casa de Lorena, em meio a quadros com fotografias da família, relataram à Gazeta a alegria em compartilhar tantos momentos da vida umas com as outras. Recordaram as surpresas e emoções da descoberta de cada gravidez, o nascimento dos filhos, as preocupações, a vida dedicada à agricultura e à família, as mudanças entre gerações, as diferenças e os avanços proporcionados pelas novas tecnologias, sobretudo falaram sobre aquilo que vivem no cotidiano de ser mãe e, para a maior parte delas, ‘mãe ao quadrado’.

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No caso de dona Romilda, o amor de mãe foi multiplicado como avó, bisavó e trisavó. Em sua jornada materna, aprendeu com sua mãe e assim sucessivamente foi passando para as novas gerações o conhecimento acumulado. Nascida em um período com menos tecnologias e recursos, dos sete filhos, dois nasceram em casa, enquanto os demais vieram ao mundo no hospital. Trabalhando na agricultura, depois do falecimento da sogra, que auxiliava a repará-los em casa, passou a levar os pequenos para a roça, os colocando em cestos de taquara, preparados com um reforço para servir de cama, e ali ficavam sob seu olhar atento.

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Ao serem questionadas sobre características que as assemelham, destacaram a força, o amor à família, a participação na vida comunitária e, claro, as emoções da Olimpíada Rural de Arroio do Tigre, evento que há algum tempo nos levou a conhecê-las. Mesmo que hoje estejam apenas na torcida, Romilda e Lorena passaram às demais o gosto não só pelo esporte, mas especialmente pelo que o evento envolve, reunindo famílias, comunidades e oportunizando momentos de integração e alegria. Jussara e Giovana seguem como atletas, participando das competições, e incentivando os pequenos, Matheus e Pedro, que já se somam à torcida pela Juventude Sorrindo para o Amanhã, de Linha São Roque.

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Romilda, Lorena, Jussara, Giovana e Pedro Henrique: 5 gerações participando da 41ª Olimpíada Rural de Arroio do Tigre | Foto: Martina Roehrs

E, claro, não poderiam faltar aquelas tradições de família que também costumam ser passadas entre gerações. Para Jussara, as receitas das cucas e dos bolos que aprendeu com a avó Romilda são um bom e apetitoso exemplo. Esta por sua vez aprendeu com sua mãe e, assim, outros tantos costumes, muitos dos quais passam quase despercebidos no cotidiano, são replicados de forma similar, porque assim as foi ensinado ou materializado através do exemplo.

Romilda e Lorena não contavam com recursos como os dos dias atuais, em muitos sentidos. O transporte, por exemplo, costumava ser a carroça; a luz, em boa parte da vida da matriarca e na infância de sua filha, ainda era com velas e lampião; as fraldas e as roupas dos filhos lavadas na água corrente da sanga e, diferente de hoje, em que ecografias de última geração permitem visualizar com detalhes o bebê na barriga da mãe, para elas, a cada nascimento uma surpresa.

Conforme Giovana, ter a graça de conviver entre tantas gerações é gratificante. “A gente leva uma bagagem grande de história, de conhecimento. É muito bom quando vamos na ‘mota’ escutar as histórias de como era antigamente, e pensar como é hoje, quanta coisa mudou. Os privilégios das coisas que a gente tem hoje, e pensar toda a dificuldade que eles passaram antigamente. Tudo o que compartilham conosco, para a gente é aprendizagem, para vermos também as facilidades que se tem hoje, apesar de cada época ter os seus desafios. Na atualidade se tem mais ferramentas que auxiliam no dia a dia, e às vezes a gente acha difícil, mas aí você escuta e pensa: a vó passou por muito mais coisas e está aqui, firme e forte, cuidou dos filhos e também ajudou a cuidar dos netos”, salienta.

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Carla (também filha de Lorena), Giovana, Jussara, Lorena e Romilda

E se entre as duas primeiras existem semelhanças, entre Jussara e a filha Giovana também. Mãe aos 20 e aos 24 anos, 19 anos depois do nascimento da segunda filha, Ana Júlia, Jussara recebeu a notícia de que estava gestando mais uma vez, então Matheus Henrique veio para completar o trio de filhos há quatro anos.

Cerca de um ano e meio depois, Jussara se tornou avó. Giovana deu à luz Pedro Henrique, que mesmo sendo pequeno, e com idade próxima, já chama Matheus de tio. Juntas, mãe e filha partilham as descobertas (e redescobertas) da maternidade, em um período também marcado por transformações no cotidiano das famílias e da sociedade de forma geral.

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Em meio ao que se assemelha ou contrasta entre as quatro mamães, também estão as oportunidades relacionadas aos estudos. Romilda estudou até a 3ª série, enquanto Lorena e Jussara até a 5ª. “Hoje já se tem mais facilidade, o ônibus busca em casa”, menciona a matriarca. Já Giovana, incentivada pela família e, em especial por sua mãe, que tinha o sonho de ser professora, cursou Magistério, Licenciatura em Pedagogia e fez pós-graduação, atualmente atuando junto à Educação Infantil. “Para minha mãe, em sua adolescência, era mais difícil para estudar, então ela e o pai incentivaram para que eu e minha irmã seguíssemos os estudos, para não passar as dificuldades que eles passaram. Ela e o pai sempre disseram: ‘vai adiante, busca oportunidades’”, destaca Giovana, que assim como as demais segue morando no interior.

Em comum elas destacam que sempre tiveram o sonho de ser mães, e não é preciso muito tempo para perceber no olhar e no sorriso o quanto se sentem realizadas.

Quatro gerações de mães: amor, união e aprendizados

Para Giovana, ser mãe é uma jornada desafiadora, mas ao mesmo tempo gratificante. “Os desafios da maternidade são inúmeros; a gestação toda, por mais que seja tranquila, tem a privação do sono, dói as costas, as costelas, mas depois, quando nasce, tu olha aquele bebê e pensa ‘tudo valeu a pena’. Quando se escuta chamar a primeira vez pela ‘mama’, ‘mamãe’. Tudo é bem gratificante, aqueles abraços, beijos, cheios de amor. Passam-se os meses, a gente olha as fotos e chora com saudade daqueles momentos. É tão gratificante ver eles crescendo, o tanto que eles trazem luz para a nossa vida. Então tem os desafios, tem dias em que é cansativo, mas a parte gratificante é bem maior, que tu esquece todos os desafios”, enfatiza.

Gestante aos 20 e poucos anos e também aos 43, Jussara vivencia a maternidade em períodos diferentes, mas a emoção é a mesma, agora com mais tempo para as brincadeiras. “Em uma manhã desta semana quase chorei de emoção. O Matheus me disse: ‘Mamãe, tenho uma surpresa para você, fecha os olhos’. Queria me entregar um presente, todo empolgado. Eles fizeram na escola uma florzinha para as mães, coisa mais lindinha. Assim guardamos também os cartões das meninas, com o maior amor e carinho. Sempre emociona”, conta.

Sobre a data celebrativa, Romilda recorda saudosa os encontros reunindo todos os filhos: “Me sentia muito feliz quando era Dia das Mães, vinham todos os filhos em casa, os netos eram pequeninos, então tinha a casa cheia de visita. Quando pequenos correndo, fazendo arte, os filhos são alegria.” Lorena destaca também sobre o Dia das Mães a alegria de ver a família reunida: “Abraços, beijos e aquela comemoração.”

“A data é esse dia, mas o dia das mães é todo dia. E na verdade, a mãe é quem cuida da gente desde pequeno até grande. Quando eu tive o Pedro, a mãe tinha o Matheus pequeno, mas ela não deixou de me cuidar também. Ela se tornou avó, mas não deixou de lado a filha. A mãe está sempre do lado da gente, não importa a situação, não importa o que aconteça. Mãe é mãe, aquele laço que a gente tem para a vida inteira”, enfatiza Giovana.

Em suas trajetórias de vida, como mulheres, esposas, mães, agricultoras, membros participativas da comunidade e em tantas outras versões, podem visualizar entre si um espelho com reflexos de inspiração. Em meio aos acertos e erros, o aprendizado de quem também desempenha um papel no qual faz novas descobertas todos os dias, buscando sempre ser a sua melhor versão.

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