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Instituto Binemac

Estudo identifica 76 animais atropelados em sete meses na região de Santa Cruz

Foto: Reprodução

ERS-409 está com trecho interrompido

Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, o presidente do Instituto Binemac, Vinícius Machado, detalhou os primeiros resultados do estudo sobre atropelamentos de fauna realizado na RSC-471, no trecho entre o trevo com a RSC-287 e o acesso à ERS-409, seguindo até a ponte do Rio Pardinho, já no município de Vera Cruz. Segundo ele, o trabalho, que reúne 50 amostras coletadas ao longo de sete meses, já apresenta “dados alarmantes” e reforça a necessidade de ações urgentes para reduzir os impactos sobre a fauna silvestre.

Machado explicou que o Instituto Binemac atua em quatro pilares: água, flora, fauna e bem-estar humano aliado à sustentabilidade, e que a iniciativa surgiu da recorrência de animais atropelados no trajeto. “Decidimos catalogar isso e botar em dados para começar a visualizar certos padrões. Eram muitos atropelamentos e precisávamos transformar isso em números para entender melhor o que estava acontecendo”, afirmou. Segundo ele, o grupo percorreu o mesmo trajeto 50 vezes no período para “ter uma média mais fiel”.

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No levantamento, foram registrados 76 atropelamentos de animais. Em 31 dos 50 dias houve visualização de carcaças; em 19 dias nenhum animal foi encontrado. “Deu mais de 50%, deve chegar a uns 60% de amostras positivas. Positivo para o estudo, mas negativo para a sociedade, porque é muita perda de fauna silvestre”, destacou. Entre as espécies mais encontradas estão gambás de orelha branca e preta, animais que, segundo ele, são “controladores de pragas” e consomem carrapatos, escorpiões e serpentes, além de muitos sapos, especialmente na região do Bairro Schulz. Também foram identificados três graxains adultos, um gato-maracajá e um gato-do-mato-grande.

O pesquisador reforçou que o trecho possui intensa circulação de fauna por conta dos cursos d’água que cruzam a rodovia, como o Arroio Lajeado, Arroio Preto, Arroio Jucuri, Sanga Chutes e Rio Pardinho, além da proximidade com o Lago Dourado, área de banhado. “É um corredor da natureza. O curso d’água carrega um curso genético de plantas e atrai a fauna. Onde tem água, vai ter bicho se movimentando”, explicou. Ele acrescentou que a falta de sinalização e de estruturas adequadas contribui para o alto número de atropelamentos. No trecho da ERS-409, destacou que há duas galerias de água que acabam sendo usadas por alguns animais, mas outros pontos do caminho não possuem nenhum tipo de “passador de fauna”.

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Machado também observou que boa parte dos atropelamentos ocorre à noite, na madrugada e em dias de chuva, quando a movimentação das espécies aumenta. “Víamos um padrão: dias de chuva aumentavam bastante os atropelamentos. A maioria dos animais é crepuscular, então sai para procurar alimento no pôr do sol, no nascer do sol, durante a noite”, relatou. Ele explicou, ainda, que o fluxo de veículos dificulta registros completos. “Às vezes, em questão de horas, o animal já vai sendo mais vezes atropelado e acaba daqui a pouco só uma mancha.”

Entre as possíveis medidas de mitigação, Machado citou placas de advertência, que podem reduzir de 3% a 10% dos atropelamentos, e passarelas de fauna, estruturas mais eficientes, porém de maior custo e complexidade. Ele destacou que seria necessário avaliar alternativas específicas para a RSC-471. “Vejo que é muito necessário fazer alguma intervenção naquela região”, afirmou.

O estudo, realizado de forma totalmente independente e com apoio de biólogos e engenheiros ambientais voluntários, seguirá sendo ampliado até atingir 100 amostras. “Ontem [terça-feira] mesmo estávamos coletando mais uma amostra e já encontramos animais novamente. Isso mostra que o problema é constante”, frisou. Ele ressaltou que os dados serão compartilhados com entidades especializadas, como a ONG Cayana, e reforçou que o objetivo principal do trabalho é sensibilizar a comunidade e o poder público.

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Além da pesquisa, Machado mencionou o projeto Sistema Ecológico de Recuperação de Cursos d’Água (SERCA), desenvolvido pelo Instituto, que reúne ações como mini barragens sucessivas construídas com pedras do próprio arroio, uma ecobarreira para retenção de resíduos e um jardim flutuante filtrante inspirado em técnicas indígenas. “Hoje, a ecobarreira não trabalha mais sozinha. O jardim flutuante ajuda a filtrar e melhorar a qualidade da água”, afirmou. Em pouco mais de um ano de atuação, o Instituto já retirou 7,6 toneladas de lixo do meio ambiente no Bairro Várzea.

Ouça entrevista na íntegra:

*Colaborou Lucas Malheiros

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