Se ainda fosse vivo, o ex-prefeito Elemar Gruendling (MDB) estaria completando 100 anos nesta segunda-feira. Nascido em 3 de janeiro de 1922, no então distrito de Vila Teresa (hoje Vera Cruz), ele dirigiu Santa Cruz do Sul de 1973 a 1977.

Maçarico, como era chamado, era muito conhecido na cidade mesmo antes da política. Dono de uma voz potente, foi um dos locutores do Som Azul – A Voz do Poste, sistema de alto-falantes que transmitia músicas, avisos e notícias para o público que transitava pelo Centro. Inclusive, coube a ele, em 1945, anunciar o final da Segunda Guerra Mundial, fato muito comemorado pela população. No ano seguinte, com a inauguração da Rádio Santa Cruz, foi contratado como locutor e ator das radionovelas.

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Mais tarde, abriu loja de eletrodomésticos, fogões, tintas e outros. Como empresário, fundou e foi o primeiro presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Também foi fundador e teve intensa participação na diretoria do Corinthians, onde liderou a construção do complexo de piscinas, um dos primeiros da região.

Um político de oposição

Gruendling entrou na política em 1968, período do bipartidarismo implantado pelo regime militar, e elegeu-se vereador pelo MDB (oposição à Arena). O partido conquistou três vagas na Câmara (Elemar, Flávio Esteves Falleiro e Isaura Molz), enquanto a Arena garantiu dez cadeiras.

Em 1972 concorreu a prefeito, tendo como vice Ruben Kaempf. Na época, os partidos podiam apresentar dois candidatos a prefeito com seus respectivos vices. Para a legenda dois, o MDB apontou Julio de Oliveira Vianna e Karl Budiner de vice. 

Com divergências internas, a Arena concorreu com apenas uma legenda, tendo Jurgen Klemm na cabeça e José Avelino dos Santos como vice. Os candidatos emedebistas somaram 14.733 votos, contra 14.039 da Arena. Com isso, o MDB conquistou a prefeitura e Gruendling, o mais votado da legenda (7.696 votos), tornou-se prefeito. 

Sua vitória, com muitos votos de arenistas descontentes, foi considerada a maior zebra da história das eleições em Santa Cruz, pois a Arena era um partido forte e muito alinhado com o governo militar e com a administração estadual.

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Governo técnico

A passagem de Maçarico pela administração não foi fácil, pois sofreu oposição cerrada da Arena, que tinha 11 vereadores contra seis do MDB. Mesmo assim, empenhou-se em cumprir seus compromissos de campanha, especialmente no sentido de dotar a Prefeitura de uma organização administrativa e de preparar a cidade para o futuro. 

Dentro desses propósitos, criou a Secretaria de Planejamento e instituiu o primeiro plano diretor de Santa Cruz, o qual contemplava também o primeiro plano viário da cidade. Sua intenção de deixar as propostas prontas para seu sucessor acabou barrada pelo Legislativo.

Ensino Superior

Também foi grande apoiador do ensino superior. Para aliviar as contas da antiga Fisc com aluguéis e resolver um dos apontamentos do MEC sobre a inexistência de uma sede capaz de reunir todos os cursos superiores em funcionamento na cidade, ele transformou o então Parque da Fenaf no primeiro campus da futura Unisc.

O pavilhão central abrigou salas de aula e os andares superiores absorveram os demais setores administrativos, laboratório, biblioteca, secretaria e sala de professores. Enquanto garantia uma sede temporária para as Faculdades Integradas, destinou 10% do orçamento da Prefeitura para construir o prédio próprio da entidade, na Rua Coronel Jost, que foi doado à Apesc. Lá, por muitos anos, funcionaram os cursos superiores. Elemar foi casado com Gertha Gruendling (hoje com 92 anos) e deixou os filhos Marilena, Carlos Roberto e Ricardo. Ele faleceu em 25 de março de 1993.

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