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“Façanhas” para esquecer

Entre os ensinamentos básicos na criação de meus filhos constam exigências como respeito, educação e observância à hierarquia – que nada tem a ver com cargo ou poder. Sempre insisti, de maneira especial, na reverência ao prefeito, ao governador e ao presidente da República. Independentemente de partido, são autoridades eleitas pelo voto, símbolo maior da democracia, e cuja escolha majoritária deve ser respeitada.

Sábado, 11, o presidente Bolsonaro visitou a 44ª Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil. Permaneceu por menos de três horas, quando recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha (a maior honraria da Assembleia Legislativa) do deputado Vilmar Lourenço e almoçou com representantes do agronegócio no restaurante da Farsul. Nenhum desses eventos contou com a presença do governador Eduardo Leite e do presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza. Classificou essa atitude, acima de tudo, como um gesto de descortesia. E isso nada tem a ver com os frequentes atropelos verbais do presidente que, goste-se ou não, é a autoridade maior do país.

Ambos os chefes dos poderes “esqueceram” que eles representam o Rio Grande do Sul e não apenas seus eleitores, partidos ou seus projetos pessoais. Ambos reivindicaram os cargos que ocupam durante a campanha eleitoral. Ou seja, eles não foram obrigados a exercer essas funções e, assim, serem lideranças que representam todos os gaúchos. Por isso, deveriam honrar a tradição de hospitalidade e fidalguia de nossos antepassados, como contam os livros de História.

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Tive a honra de trabalhar com o ex-governador Germano Rigotto, um gentleman, um político civilizado e cortês que jamais foi grosseiro. Ele foi educado até mesmo quando foi ludibriado na vergonhosa escolha do candidato à Presidência da República pelo MDB, em 2006. Rigotto somou mais votos que o rival, Anthony Garotinho, que acabou escolhido por manobras de bastidor.

Rigotto visitava frequentemente o então presidente Lula, que esteve inúmeras vezes no Rio Grande do Sul. Era época de radicalização PT-MDB. Isso, porém, não impediu que o petista fosse recepcionado – sempre! – com gentilezas que incluíam um bom churrasco, exibições artísticas e presentes, cortesia estendida a toda comitiva. Antes da visita, o governador checava pessoalmente cada detalhe da visita e exigia dedicação de todos os envolvidos.

O que se viu na Expointer – onde o vice-presidente Hamilton Mourão também foi ignorado – é o retrato da política atual. Disputas pressupõem a observância de um código ético básico das relações de qualquer grupo social. Como gaúcho, fiquei constrangido com os episódios da Expointer e com o comportamento de quem prometeu, ao longo da campanha eleitoral, ser diferente. Essas “façanhas” causam vergonha. Jamais orgulho.

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