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SANTA CRUZ

Feira do Livro apresenta painéis sobre o papel do jornalista e a relação entre o rap e a escrita

Rapper e escritor angolano Kanhanga cantou e brincou com os estudantes | Foto: Julian Kober

O jornalista polonês Ryszard Kapuscinski se consagrou por seus relatos como correspondente de guerra. Sua narrativa evidenciava o sofrimento e a brutalidade dos conflitos, sem espaço para romantismo. Diferente de outros colegas de profissão, não achava formidável falar sobre o assunto. Chegou a indagar a um repórter se já cogitou trabalhar pela promoção da paz.

Tal gesto de Kapuscinski foi apresentado pelo jornalista Romar Beling e sintetizou sua participação na 35ª Feira do Livro de Santa Cruz nessa terça-feira, 5, à noite. Em um encontro promovido pela Academia de Letras, o gestor de Conteúdo Multimídia da Gazeta Grupo de Comunicações evidenciou o papel do jornalista como um agente transformador, atuando de forma pró-ativa na comunidade.

Na avaliação de Beling, todo e qualquer profissional, independente da área, precisa ir além para contribuir com a comunidade. “É o mínimo que podemos fazer”, destacou.

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Para exemplificar sua fala, mencionou sua colaboração na Feira do Livro como jornalista. Por meio de seu trabalho, trouxe para Santa Cruz do Sul grandes nomes da literatura nacional e internacional, incluindo João Ubaldo Ribeiro e o chileno Antonio Skármeta. No caso do último, Beling fez a ponte entre o escritor e o ator Selton Mello, uma parceria que resultou na produção cinematográfica O filme da minha vida.

Gestor de Conteúdo Multimídia da Gazeta, Romar Beling evidenciou a importância da atuação do jornalista | Foto: Rodrigo Assmann

A vida contada no rap e na escrita

O rapper e escritor Kanhanga abriu a programação da 1ª Festa Literária Internacional, que integra a 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. O migrante angolano, que vive em Porto Alegre há duas décadas, compartilhou sua história e a jornada pela música e a literatura no palco principal.

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Além de publicar a obra Seja incrível, Kanhanga já havia gravado sete discos e obtido notoriedade no rap gaúcho, apresentando-se no Planeta Atlântida e na Bienal do Livro. Foi criador da Feira do Hip Hop, movimento que representou o renascimento da cultura de rua na capital gaúcha.

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Decidido a escrever um livro, o artista começou pela capa. Foi até uma lotérica e imprimiu uma cópia colorida, que ficava na sua mesa de trabalho. Todo dia, abria o documento para escrever, nem que fosse pelo menos uma frase. Assim, conseguiu expressar tudo o que desejava no papel. “Essa é uma mentalidade que nos faz cumprir metas e nos leva a ter comprometimento com aquilo que queremos fazer”, revelou.

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Entre canções e brincadeiras com os estudantes que o acompanharam, evidenciou que todos podem se tornar escritores se assim desejarem. “Eu nunca fui o mais genial. Longe disso. Apenas era o mais esforçado e disciplinado. Quando colocava algo na cabeça, ia até o fim.” 

Também buscou ensinar a importância da resiliência, especialmente no contexto atual, onde busca-se satisfação imediata. E destacou que os sonhos não se concretizam de um dia para o outro. “Você precisa começar a cultivar para você colher lá na frente.”

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O autor reforçou com as crianças e adolescentes a importância da resiliência para alcançar seus objetivos e não se limitar às dificuldades. “Um ‘não’ não define aquilo que você é. Dá força para correr atrás.”

“Ganhou uma nova fã”

Quem virou fã do rapper e escritor foi a estudante Helena Gomes Azevedo da Silva, de 13 anos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Normélio Egidio Boettcher. A jovem criou admiração pela história do artista e toda a sua dedicação para escrever o livro. No palco, compartilhou o sentimento com Kanhanga. Ele emocionou-se com o depoimento da jovem, que recebeu um exemplar autografado da obra.

Helena, que pretende tornar-se escritora e um dia lançar um livro seu na feira, se inspirou pelo processo do autor. “Se Deus quiser e eu tiver a dedicação certa, vai acontecer”, assegurou.

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Durante a apresentação, ela admitiu que a sua opinião sobre o rap mudou. Considerou as rimas bem pensadas. “Eu não vou mentir: tinha uma visão bem ruim sobre o rap. Mas uma coisa que eu aprendi é que toda música tem significado, tanto para a pessoa que fez quanto para quem está escutando. Acordei e vi o quão bom é o rap, e como as pessoas têm maus olhares. Eu julguei errado. Ele ganhou uma nova fã”, afirmou.

Helena saiu do evento com uma cópia autografada | Foto: Julian Kober

Dia de prestigiar a patrona da feira

A jornalista e escritora Martha Medeiros, patrona da 35ª Feira do Livro e da 1ª Festa Literária Internacional de Santa Cruz do Sul, estará nesta quarta-feira, 6, no evento. Durante o dia, vai interagir com os visitantes na Praça Getúlio Vargas, enquanto à noite, às 19 horas, participará de um bate-papo no auditório central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Os interessados em acompanhar podem fazer a solicitação pelo telefone (51) 3376 6505 ou no WhatsApp (51) 98493 0578.

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