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CONSCIENTIZAÇÃO

Fontes renováveis e uso racional da energia contribuem para reduzir impactos ambientais

Foto: Nathana Redin/Gazeta da Serra

Painéis fotovoltaicos instalados no galpão abastecem propriedade do agricultor Felipe Rech

Apagar as luzes ao sair de um ambiente, aproveitar a incidência do sol entrando pelas janelas e portas, tomar banho mais rápido: algumas das ações tidas como clichês, mas que fazem diferença não apenas no bolso, mas nas pegadas que deixamos no meio ambiente. Pode parecer pouco, mas se cada ser humano repensar hábitos do cotidiano e colocar em prática novas atitudes, estaremos contribuindo com a nossa e com as próximas gerações.

A energia é fundamental para a produção, para o movimento, alimentação e tantos afazeres cotidianos, sobretudo, após as mais recentes inovações tecnológicas, que cada vez mais ocupam espaço em nossas vidas.

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Desenvolvimento sustentável

A Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelece 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). Entre eles, o de número 7 diz respeito a Energia Acessível e Limpa. Até 2030, estão entre as metas da Agenda expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de serviços de energia modernos e sustentáveis; reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso a pesquisa e tecnologias de energia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis fósseis avançadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia limpa; dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética; aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética global e assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de energia.

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Consumo consciente da energia elétrica

Foi pensando em alertar sobre os impactos causados por nossas ações e buscando formar jovens conscientes de sua participação no mundo, que um projeto invadiu as aulas de Ciências do oitavo ano na Escola Estadual de Educação Básica Padre Benjamim Copetti, em Sobradinho. Um projeto pequeno, como menciona a professora Silvana Matte Lisbôa, mas com vistas em um horizonte cada vez mais sustentável.

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A partir de uma aula introdutória sobre tipos de energia, aprofundou-se o assunto na contextualização e usos da energia elétrica, com vistas a sensibilizar os alunos do oitavo ano, instigando-os a refletir sobre o impacto do fornecimento de energia proveniente de usinas hidrelétricas, considerando que no Brasil as principais usinas passam constantemente por desabastecimento de água, gerando a necessidade de ativação das termelétricas, o que eleva o valor da conta de luz. Os alunos foram então convidados pela professora a participar de um projeto que busca desenvolver ações apropriadas para otimização da energia elétrica na escola, diminuindo o uso ddos recursos naturais além do necessário.

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Momento de interação da professora Silvana com os estudantes do oitavo ano, durante aula síncrona

Conforme a educadora, os estudantes fizeram análises do consumo de energia no educandário e realizaram cálculos para verificar a potência dos ar condicionados, das lâmpadas e o valor atual do quilowatt-hora (kWh). Com os resultados, os alunos ficaram impressionados com os valores, que, poupados, poderiam contribuir com outras despesas/investimentos na própria escola e com o auxílio que podem dar para a fonte geradora de energia, diminuindo as agressões ao meio ambiente.

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Foi realizada, inclusive, uma entrevista com o diretor da escola, Alécio Fabiano Marion, a partir de perguntas elaboradas pelos próprios estudantes, a fim de compreender as demandas e objetivos do educandário, no que diz respeito ao consumo de energia, entre eles a possibilidade de, no futuro, implementar o sistema de energia solar.

A etapa que está em andamento no momento é a de produção de pequenos vídeos (para os estudantes que acompanham a aula presencial ou virtualmente), com tema relacionado às ações educativas. Após avaliação, um vídeo será escolhido e encaminhado às demais turmas através de grupos no WhatsApp. Já os estudantes que realizam as atividades de forma física, em casa, através de livros e outros materiais pedagógicos, estão produzindo panfletos sobre como os alunos podem economizar no retorno às aulas.

Capturas de tela de alguns dos vídeos que já foram produzidos. Objetivo é sensibilizar para a conscientização

A iniciativa foi notícia no portal da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), uma grata surpresa para a professora. “Trata-se de uma ‘sementinha’ que acreditamos ver crescer. A sensibilização acerca da economia elétrica na escola, pode estender-se para nossas casas”, enfatiza a docente. Na verdade, o projeto até pode ser pequeno, mas se cada estudante ao visualizar o vídeo carregar a mensagem para seus familiares, existirão novas chances de tornar nossas cidades cada vez mais sustentáveis.

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Para além da energia elétrica, a qual chega na maioria de nossas casas, existem outras fontes de energia, como as que mostramos a seguir. As energias renováveis representam benefícios para a natureza, uma vez que são aquelas produzidas a partir de fontes que não se esgotam ou que podem ser reabastecidas.

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Energia solar fotovoltaica: produção alternativa e eficiente

Ordenhar as vacas, manter o leite refrigerado, secar o fumo na estufa, assistir TV, tomar banho, lavar as roupas: na propriedade do agricultor e técnico agrícola, Felipe Rech, em Arroio Bonito, interior de Sobradinho, estas atividades e tantas outras são feitas utilizando-se da energia solar fotovoltaica, captada através da luz solar. A energia solar é uma fonte de energia renovável, limpa, que contribui para a diminuição dos impactos ambientais e costuma trazer também economia para o bolso.

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Energia solar abastece toda a propriedade do agricultor Felipe Rech

Rech já sente os resultados do investimento. Trabalhando com produção leiteira, em uma média mensal de aproximadamente 7 mil litros de leite vendidos para cooperativa de laticínios, o produtor rural diz ter reduzido pelo menos 50% dos gastos com energia. “Fiz o investimento há uns cinco anos. Peguei um financiamento para pagar em 10 anos. Calculando, ao longo de doze meses gastava mais de R$ 9 mil com a energia comum, que toda vez está aumentando. A parcela do financiamento das placas fotovoltaicas é de aproximadamente R$ 4,6 mil por ano”, revelou.

Para ele, os custos menores contribuem em outros investimentos na propriedade, além do sistema favorecer o meio ambiente. A instalação só ocorreu após analisar e entender os benefícios, além de ter a segurança da eficiência. “Fiz diversas pesquisas até definir por qual empresa optaria pelo serviço. O apoio/assistência técnica depois da instalação é fundamental”, acrescentou.

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Felipe Rech comercializa em média 7 mil litros de leite por mês

As 28 placas fotovoltaicas instaladas geram em torno de 1.000 kW/mês. Mensalmente, além do financiamento, o produtor realiza o pagamento de uma taxa e conta que, quando há uso da energia elétrica da concessionária, é pago um valor extra. Já nos meses que possa vir a ter produção excedente de energia solar, os quilowatts se transformam em créditos que podem ser utilizados no período de um ano. Conscientização e diversificação na geração de energia são aliadas na garantia do abastecimento energético e deixam bons exemplos para as novas gerações.

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Biodigestor há quase 4 décadas

O casal Osvaldo e Marlene Maria Rech, de Linha Paulus, interior de Passa Sete, há quase quatro décadas não desembolsa dinheiro para adquirir um botijão de gás. O biodigestor instalado na propriedade da família nos anos 1980, fornece até hoje o gás necessário para acender os fogões dentro de casa e também um liquinho.

Fogões e liquinho funcionam com biogás gerado através do biodigestor

Conforme conta o agricultor, à época existia uma campanha para geração de novas fontes de energia no país, como a eólica, a do biodigestor e pequenas usinas. “Nós entramos nesta do biodigestor. Naquele período construí uma estrumeira e pedi informação sobre o biodigestor, pois aí ocupava a matéria orgânica não apenas para esterco, mas também como fonte de energia. Persistimos para levar adiante a ideia”, recordou seu Osvaldo.

A construção do biodigestor data de 1983, algum tempo após ouvir um programa de rádio que incentivava novas fontes de energia. Com suporte da Emater, implantaram a ideia, que segue gerando resultados. “Sempre mantivemos de oito a dez cabeças de gado e é o suficiente para o tamanho do biodigestor que temos aqui”, reforçou.

Osvaldo e Marlene Rech ao lado do biodigestor

A matéria orgânica gerada pelos bovinos (esterco) é carregada e direcionada para o espaço do biodigestor (este com 4 metros de profundidade e todas as especificidades necessárias ao funcionamento), onde mistura-se com a água e há atividade de bactérias. A partir desta fermentação, o biogás vai sendo liberado e canalizado. Na propriedade são 92 metros de canos para levar o gás até dentro de casa e poderem usufruir da energia. “Funciona que é uma beleza”, acrescentou dona Marlene. O biodigestor também já serviu para alimentar um motor estacionário, usado para irrigação na propriedade.

A explicação de todo processo, seu Osvaldo diz começar na planta que serve de alimento para os animais. “Ao recolhermos os dejetos e colocarmos no biodigestor, ele vai resultar no biogás e também, com o que sobra, na forma de fertilizante, retorna para a planta, que vai se multiplicar. Aí fecha o ciclo”, explica o agricultor, no alto de seus 76 anos de vida, com poucos anos de estudo, mas que sempre se interessou por assuntos que agregassem na lida do campo, na sustentabilidade e na vida em geral. “O adubo orgânico serve para recompor o solo, para produzir o gás que a gente utiliza e para produzir alimentos através da recuperação do solo, além de tantas outras vantagens. É tudo uma engrenagem”, ressaltou.

Segundo o casal, o biodigestor existente na propriedade é o único do qual possuem conhecimento que esteja em funcionamento na região. Ao longo das décadas, receberam inúmeras visitas de estudantes de escolas, universidades e profissionais, para verem de perto o funcionamento do equipamento. Durante a pandemia suspenderam temporariamente as visitas. “Enquanto estivermos aqui, vamos cuidar”, reforçaram.

Das crianças aos idosos, todos podem contribuir, fazendo valer o uso racional da energia e das demais fontes vitais para nossa existência e manutenção do planeta.

Canalização e distribuição do biogás na propriedade de seu Osvaldo Rech

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