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VIDA NO INTERIOR

FOTOS: paisagens que encantam e muita história para contar em Boa Vista

Foto: Rafaelly Machado

Região alta de Boa Vista

A série Vida no Interior chega ao 2º distrito de Boa Vista. Situado a 16 quilômetros do centro da cidade de Santa Cruz do Sul, o local conta com paisagens encantadoras, entre morros e vales. A região preserva traços importantes da história dos primeiros colonizadores. Além disso, moradores apostam na diversificação rural como principal meio de sustento.

Boa Vista faz divisa com Linha Santa Cruz, onde estão concentradas empresas, casas de comércio e educandários. No entanto, o 2º distrito dispõe de Subprefeitura, Estratégia de Saúde da Família e da Escola Municipal de Ensino Fundamental Guilherme Simonis. A parte econômica tem como destaque o Sítio 7 Águas e a Pousada Camponesa. Bares e pequenas serralherias completam o setor. Já a agricultura tem como ponto forte o tabaco, o milho e pequenas lavouras de soja. Atualmente, a população local é estimada em 2,5 mil habitantes, com cerca de 500 residências.

A região conta com pontos emblemáticos, como o local de realização da primeira missa da comunidade. Devido a diversos prédios que preservam a chegada dos colonizadores, os moradores se reuniram para criar um caminho de visitação: o Roteiro Caminhos da Imigração. Nele estão inseridos empreendimentos familiares, um mirante, igrejas e um cemitério histórico, entre outros.

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A CHEGADA DOS COLONIZADORES NA NOVA TERRA

A história de Boa Vista iniciou-se após a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul ter decidido dar continuidade à chegada de novos imigrantes da Alemanha, em 1848. Com isso, foi fundada a Colônia de Santa Cruz, e algumas famílias foram convidadas para se estabelecer na região. 

Conforme os arquivos da Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Alto Linha Santa Cruz e matérias publicadas na Gazeta do Sul, um ano após a chegada dos pioneiros, em 1849, alguns lotes foram demarcados para mais famílias. Os primeiros foram Friedrich Tietze, August Wuttke, Gottlob Pohl, August Mandler, August Arnold e August Raffler, que se instalaram na então Alte Pikade, atual Linha Santa Cruz. 

Um ano depois, em 1850, famílias com sobrenomes lembrados até os dias atuais se instalaram no distrito, como Bender, Haar, Reis, Schmidt, Sasch, Schneider, Heinkelmann, Jost, Steger, Klabusch, Herberts, Beckenkamp e Thes. Instalaram-se na região mais alta do território, que inicialmente se chamou Geißenberg – Bender e hoje é Alto Linha Santa Cruz e Boa Vista. 

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Com o desenvolvimento dessa região, em 1852, cerca de 93 lotes de terras já haviam sido distribuídos, com aproximadamente 400 habitantes. Anos mais tarde, o povoamento chegou a 148 lotes destinados aos imigrantes. As terras foram estabelecidas ao longo da estrada que ligava Rio Pardo a Soledade, por onde hoje é a principal estrada de Alto Linha Santa Cruz e Boa Vista.

A religiosidade também marcou o período colonial. A maioria dos devotos eram evangélicos, e outra parte era católica. Devido ao anseio da comunidade em ter um lugar para celebrações religiosas, os templos começaram a ser construídos. O primeiro local para os evangélicos ficava na então Querpikade – atual Linha Travessa.

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Cultura preservada no Roteiro Caminhos da Imigração

Para chegar a Boa Vista, é preciso passar pela ERS-418, em Linha Santa Cruz, e ingressar na Avenida Dom Alberto Etges. A partir desse trecho, paisagens e vistas deslumbrantes começam a chamar a atenção, com alto relevo e um belo horizonte para o lado oeste.

Igreja: Comunidade Evangélica de Alto Linha Santa Cruz
Igreja: Comunidade Evangélica de Alto Linha Santa Cruz

Matas, morros e vales que formam a beleza natural do distrito também contam com o Rio Taquari Mirim. Conforme o site da Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), o Roteiro Caminhos da Imigração proporciona aos visitantes opções de descanso, lazer e cultura, o conhecimento de casas centenárias e visitação a um cemitério histórico, entre outros. 

Em Boa Vista, casas construídas em estilo enxaimel na segunda metade do século 19 chamam a atenção do visitante. Além disso, um dos locais com grande procura, em especial no verão, é o Sítio 7 Águas, que proporciona uma imersão na vida do campo e lazer em meio à natureza. Mais adiante, a Pousada Camponesa é uma opção para descansar longe da cidade.

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Pelo roteiro, também é possível conferir construções icônicas que fizeram parte da história do distrito, como salões antigos, um pequeno centro histórico, a Igreja Nossa Senhora Auxiliadora e o cemitério católico. 

Os atrativos do Sítio 7 Águas

Com o objetivo de fomentar o turismo rural na região, em 5 de dezembro de 1999 foi criado o Sítio 7 Águas. Antes mesmo de ser oficializado como um espaço para visitação, o lugar já recebia visitantes, como padres. “Meu pai era seminarista e convidava o pessoal para vir conhecer e tomar banho de rio”, conta uma das proprietárias, Carla Schmidt, 45 anos. 

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Além de Carla, o empreendimento familiar tem à frente do negócio os irmãos Raquel, 40 anos, e Samuel Schmidt, 33 anos, além da mãe, Claudete Joana Schmidt, 70 anos. Três pessoas são contratadas para ajudar nas atividades e na manutenção do espaço.

Carla, a mãe, Claudete, com a neta Manuela, Samuel e Raquel Schmidt
Carla, a mãe, Claudete, com a neta Manuela, Samuel e Raquel Schmidt

A ideia do sítio foi do pai da família, Dalvo Inácio Schmidt, que faleceu aos 70 anos de idade. “Tudo começou com uma pequena estrutura e o rio. Na inauguração, cerca de 500 pessoas vieram e vendemos 60 caixas de cerveja”, relembra Carla. O nome do lugar, Sítio 7 Águas, surgiu após ser verificado que na propriedade há sete fontes de água: o Rio Taquari Mirim, dois riachos e quatro vertentes de água naturais.

A partir de então, o lugar foi recebendo melhorias. No entanto, enchentes nos anos 2000, 2003, 2010 e 2014 castigaram o sítio, com estruturas danificadas, inclusive a ponte de acesso, que teve de ser reconstruída nas quatro ocasiões. “A desmotivação chegou a bater na gente, mas não desistimos, pois nossa família é muito unida e organizamos tudo novamente”, ressalta Raquel.

Atualmente, o sítio é um dos mais requisitados da região e conta com uma ampla estrutura, com campo de futebol, quadra de vôlei, área de camping, duas piscinas, casas para hospedagem, minimuseu, tirolesa, restaurante e açudes para pesca. O ingresso custa R$ 15,00 por pessoa.

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O 7 Águas atende durante todo o ano. Aos domingos, o local oferece almoço completo, com churrasco, saladas e sobremesa – com reserva antecipada – ao custo de R$ 47,00 por pessoa. As casas encontradas na parte alta do sítio podem ser alugadas em todas as estações. O custo de hospedagem é de R$ 200,00 por casal, e a cada pessoa a mais é cobrado o valor de R$ 50,00. 

Há atrativos diferenciados para os visitantes: o local oferece três açudes para pesca. É preciso levar os instrumentos para tal fim. O valor cobrado pelo peixe é de R$ 10,00 o quilo. Outra opção são as cestas para piquenique. A ideia foi implantada durante a pandemia e segue até hoje. A partir de abril, os visitantes que desejarem uma cesta para degustar produtos coloniais podem fazer reservas. O contato com o local é pelo número (51) 99718 7787.

A tranquilidade faz sua morada na Pousada Camponesa

​​O 2º distrito de Santa Cruz também reserva um lugar acolhedor e com experiências únicas. A Pousada Camponesa, em Boa Vista, surgiu por meio da ideia da diversificação rural, no ano de 2000. No comando do empreendimento está o casal Adroaldo Emílio Etges, 60 anos, e Veronica Etges, 50. Juntos, eles implantaram um modelo de negócio diferente na zona rural do município. O filho mais novo, Pedro Guilherme Etges, 18 anos, acompanha os pais. 

A pousada oferece quatro quartos e uma cabana para hospedagem. O local possui espaço para pequenas festas – previamente agendadas – e oferece linda vista para o vale. A estrutura também abriga os primeiros trabalhos da artista plástica Regina Simonis. Além disso, é possível caminhar por trilhas e usufruir de uma piscina.

Veronica, Pedro e Adroaldo: os Etges apostaram na diversificação
Veronica, Pedro e Adroaldo: os Etges apostaram na diversificação

Segundo Adroaldo, a propriedade já passou por seis gerações da família e tem seus encantos coloniais até os dias atuais. “As pessoas vêm para cá para oportunizar uma vivência diferente aos filhos. Também recebemos hóspedes adeptos do turismo e aqueles que apenas querem conhecer o local.”

Quem se hospeda vai investir R$ 170,00 por diária. O valor é cobrado por pessoa e dá direito a café da manhã,  roupa de cama e uso da piscina. Almoço ou jantar precisam ser solicitados com antecedência. 
Quem não quer se hospedar, mas deseja conhecer a pousada, precisa estar reunido em um grupo com 20 pessoas ou mais. Para visitação, é preciso fazer agendamento prévio, inclusive para refeições. “As pessoas vêm muito aqui por causa da nossa gastronomia. É uma comida caseira, com um aroma e sabor que só se encontra aqui”, ressalta Veronica.

Nos próximos meses, um grande sonho dos proprietários estará em pleno funcionamento. Trata-se de um espaço para eventos. Atualmente, além da hospedaria, o lugar conta com uma área para casamentos, formaturas, encontro de famílias e também para grupos específicos, como reiki. Quem deseja fazer contato, é pelo número de WhatsApp (51) 99666 1280.

Cemitério preserva a história

Localizado em Alto Linha Santa Cruz, início do distrito de Boa Vista, o Cemitério Histórico da comunidade evangélica, além do aspecto religioso e de respeito ao antepassados, é fonte de pesquisa para famílias construírem a sua árvore genealógica e descobrirem vínculos de parentesco de que nem desconfiavam. 

Como se trata do primeiro cemitério comunitário, e com lápides muito antigas, o local teve de passar por uma restauração. Conforme Rogério Harz, presidente da Associação Cultural Jealisc, após as melhorias, diversas pessoas passaram a visitar o espaço. “Temos um grande potencial turístico a ser explorado em Santa Cruz e que pode melhorar em muito a qualidade de vida local.”

Cemitério de Alto L. Santa Cruz conta com 105 lápides documentadas

A manutenção do cemitério é feita exclusivamente com doações, apoio da comunidade e, principalmente, com recursos da Associação Cultural Jealisc, que promove atividades para angariar fundos. “Queremos melhorar o acesso ao local, a substituição do painel com o mapa das lápides e, se possível, a instalação de iluminação noturna”, ressalta Harz.

Como forma de divulgar o local e celebrar os 200 anos de imigração alemã no Brasil, um livro com detalhes do Cemitério Histórico será lançado. “A obra, que está em fase de impressão na Editora Sinodal, foi elaborada a partir de pesquisas sobre a origem da comunidade.” A pesquisa foi realizada pelos pastores Élio Scheffler e Regene Lamb, com apoio da associação.

Conforme Harz, o lançamento do livro está agendado para o dia 21 de abril. A recepção dos visitantes e a celebração começam às 9h30, no próprio cemitério. A atividade seguirá no pavilhão evangélico, com a entrega dos primeiros exemplares para alguns dos doadores. “Será um dia emocionante, que está inserido nas comemorações pelos 200 anos da imigração alemã.”

Futebol integra a comunidade

Uma das programações que integram as comunidades é o futebol. O 2º distrito conta com dois importantes clubes: a Associação Recreativa e Cultural Aliança, em Alto Linha Santa Cruz, e o Esporte Clube Boa Vista, em Boa Vista. 

O Aliança atualmente é o representante na Liga de Integração do Futebol Amador de Santa Cruz do Sul (Lifasc). O clube foi fundado em 1992 e é oriundo de outros dois times: Vasco e Juventude. Conforme o presidente Leandro Eloir Muller, na época, os dirigentes adquiriram uma área de quatro hectares para as atividades esportivas.

Estrutura da associação recreativa Aliança

“O Aliança foi crescendo. Primeiro com o campo de futebol 11, uma sede social, vestiários e alambrado. Mais recentemente, com auxílio do poder público, foi feito um campo de futebol 7 que será inaugurado neste domingo”, disse Muller. Uma pista de atletismo deve ser implantada futuramente. 

O clube é atuante nas competições do município. Já participou do campeonato Cinturão Verde e do Boa-vistense. Faz parte da Lifasc, do Regional (atual vice-campeão), do Departamento de Futebol Monte Alverne (vice-campeão) e do Vale do Castelhano, onde também foi vice na última temporada. Conforme Muller, o clube promove um campeonato interno, com a participação de 12 equipes. 

Subprefeitura: um suporte para a comunidade

Os distritos de Santa Cruz contam com subprefeituras. Em Boa Vista, quem está à frente do cargo é Jorge Luis Zimmer, 42 anos. Ele atua no local há um ano. As estruturas servem como um suporte para os moradores. Boa Vista é responsável por atender diversas localidades, como Linha do Moinho, Alto Boa Vista, Travessa Bohnen, Travessa Kurtz, Linha Andrade Neves e São Martinho. “Temos mais de 200 quilômetros de estrada de chão para cuidarmos em nosso distrito”, afirmou Zimmer. 

A Subprefeitura conta com máquinas pesadas, caminhões, motoristas e operários. Conforme Zimmer, a região dispõe de rede hídrica e deve receber novos investimentos, como o asfaltamento de um trecho de aproximadamente um quilômetro, na região onde foi celebrada a primeira missa da comunidade.

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