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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Fragmentado, disperso, apressado

Você tem, às vezes, dificuldade em manter o foco ou a concentração em determinada tarefa? Eventualmente, sente-se aborrecido com o excesso de informações rápidas – e que, com frequência, não acrescentam nada na sua vida – brotando a cada minuto do Facebook, WhatsApp, YouTube e outras mídias? Acha que há notificações demais e pouco tempo para assimilar tudo? E desconfia, vez por outra, de que as duas coisas – falta de concentração e excesso de dados captados de modo superficial – estão relacionadas?

O sociólogo norte-americano Nicholas Carr tem certeza de que sim. Em 2010, ele lançou um livro que causou polêmica na área de estudos sobre tecnologia. Publicado no Brasil com o título A geração superficial – O que a internet está fazendo com os nossos cérebros, a obra soou como resmungo cético em meio ao otimismo que costuma cercar debates sobre as “novas tendências”, sejam elas quais forem.

Interessado nos hábitos de leitura adotados na era das redes sociais, Carr confirma que hoje lemos com mais rapidez do que nunca, sem dúvida. Ao mesmo tempo, a nossa capacidade de compreender, de interpretar significados e conteúdos, parece ter entrado em declínio.

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Toda tecnologia tem prós e contras, e não é diferente com a internet, que facilitou o acesso ao conhecimento de forma sem precedentes. A questão, óbvio, é saber como usá-la. O autor aponta um padrão de leitura na web: fragmentado, disperso e apressado, de constante deslocamento da atenção – um “ler por cima” que vem substituir a prática mais “profunda”.

Carr não menospreza a capacidade de ler por cima; para ele, é igualmente relevante. “O que é diferente, e perturbador, é que ler por alto está se tornando o nosso modo dominante de leitura. Outrora um meio para um fim, um modo de identificar a informação para um estudo mais profundo, a varredura está se tornando um fim em si mesmo – nosso modo preferido de coletar e compreender informações de todos os tipos”. O cérebro humano acaba se ajustando a essa rotina, marcada pela dispersão.

Mas o conhecimento precisa de alguma lentidão e ponderação para ser construído em bases firmes – também é isso o que ele quer dizer. De preferência, sem pop-ups e janelinhas piscantes atrapalhando.

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