Em frente ao palco pequeno já se espremiam dezenas de pessoas ansiosas. Em cima dele uma formação pouco usual para apresentação de bandas; a bateria no centro rodeada pelo restante dos instrumentos. Esta disposição é fundamental para o show da Francisco El Hombre: o ritmo das batidas dá o tom da apresentação, não só das músicas, mas dos batimentos cardíacos e dos movimentos dos corpos. Pra mim e para a maioria dos presentes, o show é marcado por dança, suor e lágrimas; a voz começa a sumir antes do fim, já que é impossível não cantar junto.
Em sua apresentação na Rockers, em Santa Maria na noite deste domingo, 20, o grupo formado em Campinas (SP) pelos irmãos mexicanos Sebastián Piracés-Ugarte (bateria e vocais) e Mateo Piracés-Ugarte (violão e vocais), mais Juliana Strassacapa (percussão e vocais), Andrei Kozyreff (guitarra) e Rafael Gomes (baixo) trouxe uma energia que encanta.

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No repertório, as canções do novo disco, e versões inéditas mescladas com músicas dos primeiros EPs. Entre uma canção e outra, fortes mensagens sobre a situação política do país, acerca do empoderamento feminino (como antes da canção Triste, Louca ou Má, que na interpretação emocionante de Juliana me levou à lágrimas convulsivas), mas também falas ternas, sobre transformar a negatividade em amor.
Latinidade explícita
Francisco El Hombre, que ganhou seu nome de um músico andarilho de Gabriel García-Marquez, é formada por um punhado de artistas talentosíssimos e de bom coração. Tive a oportunidade de conversar com a banda após a passagem de som, e me contaram que o próximo ano deve marcar a continuação da turnê de divulgação. Com muita simplicidade, carisma e uma energia ímpar o quinteto oferece um momento onírico quase ritual aos presentes em seu show.
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Após um ano cheio de percalços em 2015, quando foram enganados por uma produtora, e tiveram carro, instrumentos e pertences levados em um assalto na Argentina, a banda renasce em 2016. Com a ajuda de financiamento coletivo, foi possível lançar o álbum que se formou ao longo de muito tempo. Segundo os músicos, eles estavam buscando esse estilo, e algumas músicas já estavam encaminhadas, mas este ano trouxe a concretização da obra. Para completar, uma série de shows e a gravação de um documentário em Cuba foram a realização de um sonho. Para acompanhar a agenda da banda é só curtir a página deles no Facebook.
O disco SOLTASBRUXA é uma experiência sensorial cheia de emoção, as 12 faixas são uma mistura de rock, música brasileira e ritmos latinos, tudo cantado em português e espanhol, cheio de letras formidáveis com uma crítica afiada. Sua música é universal, dá vontade de se movimentar, de espalhar afeto, bate fundo naquela coisinha que chamamos de alma. Soltem las brujas, nós precisamos dessa magia.
Ouça o álbum:
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